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16/11/2009 09:59 - País terá operadora virtual de celular

Empresas, como o Pão de Açúcar, poderão contratar capacidade de tráfego de operadoras e oferecer serviço de telefonia

 

No próximo ano, o mercado brasileiro passará a contar com um novo tipo de prestador de telefonia celular, conhecido como operador virtual. Pequenas empresas que atuam em nichos de mercado e grandes redes de lojas que queiram fidelizar seus clientes são os mais cotados para esse novo segmento da telefonia. Na prática, o operador virtual vai contratar, no atacado, das grandes empresas de telefonia, a capacidade de tráfego das ligações telefônicas e vender os serviços de celular no varejo.

 

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está elaborando a proposta de regras para o operador virtual que deverá ser colocada em consulta pública até o fim do ano. O relator da matéria, conselheiro Antônio Bedran, disse à Agência Estado que pretende, no início de dezembro, incluir seu relatório sobre o tema na pauta de votações do conselho diretor da Anatel.

 

"Nossa ideia é estimular a competição e baixar preços. Essa é uma modalidade que já faz sucesso fora do Brasil", afirmou Bedran, lembrando que os serviços já existem nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo. Hoje, há no País 166,1 milhões de celulares, o que significa que, em um grupo de 100 pessoas, 86 têm telefone celular.Nesse setor, as maiores companhias são Vivo, Claro, TIM e Oi.

 

A área técnica da agência trabalha com dois modelos de operador virtual, explica o gerente de Regulamentação de Serviços Móveis da Anatel, Bruno Ramos. Pelo primeiro modelo, o operador virtual seria mais vinculado à empresa de telefonia, podendo usar, além das redes, outras estruturas, como faturamento e call center. Nesse caso, o celular acrescenta valor, mas não é o negócio principal da empresa.

 

Esse segmento, fora do Brasil, é explorado por companhias que têm marcas fortes, como o Carrefour e a megaloja de discos Virgin. Esse tipo de operador coloca sua marca no celular e passa a oferecer benefícios a seus clientes, como a obtenção de bônus para ligações com compras feitas no supermercado. Também há o caminho inverso, no qual o gasto com o celular rende pontos que são revertidos na forma de descontos em produtos vendidos nas lojas.

 

Já no segundo modelo, o operador virtual recebe uma autorização da Anatel e tem funções semelhantes às de uma operadora convencional, tendo de cumprir até mesmo com obrigações definidas pela agência. Esse modelo deverá interessar mais a pequenos investidores, que alugarão as frequências das grandes operadoras para atender a nichos de mercado, como uma empresa ou locais no interior do País.

 

VAREJO

 

A Anatel não cita nomes, mas assegura que há vários varejistas interessados no assunto. O Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, confirmou o interesse, mas informou que ainda não há nenhuma decisão sobre o tema. Em nota, o grupo diz que vem acompanhando a evolução da discussão para avaliar, "no momento certo e em condições adequadas, se irá iniciar algum projeto em relação a esse assunto".

 

A Anatel avalia que o mercado brasileiro está maduro para absorver novos prestadores e as operadoras terão interesse em vender capacidade, porque será vantajoso associar sua marca à de um grande varejista. Na opinião do gerente da Anatel, a venda de capacidade não deverá comprometer a operação das empresas. "Temos um grupo na Anatel que acompanha periodicamente a evolução das redes e os investimentos para atender a demanda."

 

As empresas de telefonia celular, no entanto, entendem que o melhor momento para a entrada de operadores virtuais será quando houver uma maior migração de clientes para a tecnologia de terceira geração (3G), deixando as redes convencionais liberadas para a entrada de novos prestadores. Hoje, os telefones 3G representam menos de 4% do total de celulares do País. "O operador virtual muda o jogo atual e tem de ser avaliado cuidadosamente", afirmou um executivo do setor.

 

As empresas estarão liberadas para pedirem autorização à Anatel quando as regras forem aprovadas em definitivo. Antes, porém, a proposta ficará em consulta pública e as sugestões apresentadas pela sociedade terão de passar pela área técnica da agência para depois a proposta ser votada novamente pelo conselho diretor.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo

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