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12/09/2008 09:30 - Companhias investem em salas virtuais

Esqueça as experiências ruins e limitadas dos atuais equipamentos de áudio e videoconferência, traquitanas usadas diariamente por milhares de empresas em exaustivas reuniões de negócios. Uma nova geração de tecnologias que começa a ganhar espaço nas salas de reuniões de grandes companhias está, definitivamente, reinventando a rotina e a forma de se realizar encontros virtuais, uma tendência que abriu espaço para um novo mercado, o da chamada "telepresença". 

 

O objetivo é oferecer uma experiência o mais realista possível entre dois locais, estejam numa mesma cidade ou em países distantes. Para que isso aconteça, as salas de telepresença são totalmente padronizadas em cada local, desde os recursos tecnológicos, até os aspectos físicos do ambiente, como a cor do carpete e das paredes, o modelo dos móveis e até suas disposições na sala (ver quadro). O resultado desse trabalho quase cinematográfico pode ser observado alguns minutos após o início de uma reunião, quando as pessoas que participam do encontro tendem a simplesmente se esquecer de que estão olhando para uma tela de alta definição e passam a conversar normalmente, como se o colega estivesse realmente do outro lado da mesa. 

 

O potencial da telepresença atraiu as lentes dos maiores fabricantes mundiais de equipamentos de informática. Nos últimos meses, companhias como Cisco Systems e Hewlett-Packard (HP) se adiantaram em apresentar suas propostas para criar salas virtuais. A Polycom, tradicional fornecedora de equipamentos de teleconferência, também passou a oferecer produtos dentro do novo conceito. Apesar do preço salgado, que inibe a popularização das salas de telepresença - os projetos podem variar facilmente da casa dos US$ 15 mil aos US$ 500 mil -, já não faltam interessados. 

 

A Procter & Gamble contratou a Cisco para montar 40 escritórios de telepresença, distribuídos em 23 países. O trabalho, que foi executado pela integradora de sistemas Dimension Data, também englobou salas de reunião no Brasil. Outras multinacionais também estão virtualizando seus escritórios no país. É o caso da Telefônica, da Brasil Telecom e da IBM. 

 

"Trouxemos as primeiras versões do nosso produto há apenas seis meses para o país", diz Pedro Ripper, presidente da Cisco Brasil. "Hoje estamos em negociação com 15 companhias nacionais." 

 

Além do preço dos equipamentos, outro obstáculo que ainda limita o acesso às salas virtuais é a necessidade de links de internet com alta capacidade de tráfego. Na sala de telepresença, todo o conteúdo de imagem e som trafega pela rede da web (IP), o que, em muitas ocasiões, pode exigir um link superior a 10 megabytes para que a experiência aconteça sem atrasos ou paralisações. Os fornecedores têm reagido para resolver o problema. "Já temos sistemas de compressão de dados que permitem trafegar conteúdo de alta definição em redes de menor capacidade", comenta Marcos Del Bianco, diretor geral da Polycom do Brasil. 

 

A Polycom, que está no país desde 2001, detém um base de aproximadamente 1 mil clientes de seus sistemas de teleconferência no país. A idéia agora é oferecer recursos mais sofisticados para essa base. O mesmo movimento será feito pela Seal Telecom, que distribui equipamentos da americana Life Size. "Vendemos 1,6 mil equipamentos de videoconferência no ano passado, 15% envolviam imagem de alta definição", diz Douglas Miranda, diretor comercial da Seal Telecom. "Neste ano venderemos 2 mil produtos, dos quais um terço serão máquinas mais sofisticadas." 

 

Os negócios de telepresença também entraram nas prioridades da HP, que há três meses apresentou uma nova versão do seu "Halo Collaboration Center". A sala virtual já é usada por diversas empresas, entre elas Astrazeneca, ABN Amro, AMD, Novartis, PepsiCo e BHP Billiton, mineradora que também montou a sua sala no Brasil. 

 

Por trás dos projetos virtuais estão os números reais tão cobiçados pelas gigantes de tecnologia. O mercado mundial de telepresença, segundo estudo da consultoria Frost & Sullivan, deverá movimentar US$ 3 bilhões até 2010. Na América Latina, o segmento deve atingir US$ 27,8 milhões de receitas em 2013, resultado de uma expansão anual superior a 70%. 

 


Veículo: Valor Econômico

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