Tecnologia
15/09/2014 11:51 - Sem tirar a carteira do bolso
Lançamento do Apple Pay dita tendência, mas é preciso conquistar consumidores
No supermercado, o consumidor utiliza o smartphone para fotografar o código de barras dos produtos que deseja levar. Ao final, dirige-se a um setor para retirá-los e aproxima o seu celular de um terminal. Em segundos, suas compras estão pagas, sem filas ou a necessidade de tirar a carteira do bolso. Anunciada na semana passada, a plataforma de pagamentos móveis Apple Pay promete transformar situações como essa em hábitos reais, fortalecendo uma tendência que pode revolucionar a forma como realizamos compras — eventualmente, até eliminando o dinheiro físico. Só falta a aceitação dos usuários, dizem especialistas.
Alardeado como um dos principais lançamentos da Apple, a nova plataforma é um ecossistema que transforma o iPhone em uma carteira digital. Para isso, alia tecnologias como a chamada comunicação por campo de proximidade (NFC, na sigla em inglês) e, principalmente, os interesses de operadoras de cartões de créditos, bancos e estabelecimentos comerciais em prol de um serviço único.
MODELO DE NEGÓCIO SEM ATRITOS
De acordo com Luis Filipe Cavalcanti, diretor executivo da APPI, empresa especializada em soluções para transações eletrônicas, a dificuldade em conciliar esse último fator era justamente um dos principais entraves para a popularização da carteira digital móvel.
— O grande trunfo da Apple foi juntar esse serviço em um sistema prático e seguro, e, fazer com que bancos, operadoras de cartão de crédito e varejistas aceitassem trabalhar juntos — afirma. — Até então, nenhuma iniciativa havia conseguido aliá-los em um modelo de negócio sem atritos.
De acordo com a Apple, seu serviço terá o apoio inicial das três principais operadoras de cartões de crédito — Visa, MasterCard e American Express —, dos mais populares bancos americanos e de grandes redes varejistas e de serviços, como Bloomingdale’s, Disney e McDonald’s.
Como consequência do anúncio, Cavalcanti espera que o segmento dos pagamentos móveis se espalhe para outros sistemas, como o Android.
Diretor de produtos mobile da Visa no Brasil, Daniel Andrade também compartilha dessa crença, e diz que, se concretizada, ela trará mais praticidade e segurança para o consumidor:
— Atualmente, pagar com o cartão de crédito é simples. O pagamento móvel só vai vingar se agregar valor a esse processo. E isso pode acontecer acelerando ainda mais a agilidade da compra; com serviços de conveniência, como descontos; ou aumentando a segurança das transações.
No caso do Apple Pay, a segurança dos dados dos usuários é preservada pela combinação de uma série de recursos: os números dos cartões de crédito cadastrados no sistema não serão armazenados no iPhone ou na nuvem. Para isso, será utilizado o que a empresa chama de “elemento seguro”: uma chave eletrônica criptografada (token) que atribui um número aleatório a cada transação e cartão. Além disso, apesar de não exigir senhas, o sistema precisa da autenticação do usuário via Touch ID, o sensor de impressões digitais do iPhone.
— Sem dúvida, é uma plataforma segura. Os dados que vão trafegar nas operações não são os do cartão, mas do token. E ainda há a autenticação com a digital — afirma Andrade.
80 MILHÕES DE USUÁRIOS NO BRASIL ATÉ 2018
O futuro do pagamento móvel parece ter os números a seu favor. De acordo com a consultoria Gartner, o segmento deve alcançar 450 milhões de usuários em todo mundo, e um valor de US$ 721 bilhões, até 2017. Mesmo no Brasil, as previsões são expressivas: um levantamento da consultoria Frost & Sullivan estima 80 milhões de usuários até 2018 — em 2012, esse número era de cerca de 500 mil. Mas a aceitação ainda precisa ser testada junto aos consumidores.
— É preciso observar como o consumidor vai reagir. Já vi soluções dadas como futuros padrões caírem por terra porque não tiveram a reação esperada — afirma Dilson Ribeiro, vice-presidente executivo de produtos e negócios da Cielo.
Gerente da área de tecnologia de segurança da informação e comunicação no CPqD, instituição focada na inovação das TICs, José Reynaldo Forgoni Filho também vê a cultura do hábito como um freio para a carteira digital:
— Por mais que digamos que é seguro, é difícil para muitas pessoas ter essa percepção — afirma.
Se depender de gente como o músico Eduardo Belchior, que já usa o celular para pagar pelo táxi, a queda dessa resistência é questão de tempo.
— Hoje a gente esquece tudo em casa, menos o celular, então me parece uma boa solução que ele englobe mais essa função. Não vejo a hora para que se estenda a outros serviços — afirma.
Veículo: O Globo - RJ
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