Tecnologia
04/08/2008 10:02 - Loja virtual segue tendência da segmentação
SÃO PAULO - Ao possibilitar praticamente o mesmo faturamento de uma loja física, mesmo demandando investimentos bem mais baixos, as lojas virtuais, ou o comércio eletrônico (e-commerce), ganham cada vez mais destaque nas vendas de redes varejistas, como a Hering, que acaba de anunciar aporte de R$ 100 mil em sua loja virtual, com expectativa de alcançar faturamento médio de R$ 1 milhão em cerca de três anos. Além disso, uma nova onda de negócios deve envolver o meio eletrônico de vendas, pois segundo especialistas a tendência é esse mercado passar por um processo de segmentação, o que pode afetar as vendas de gigantes do ramo como Lojas Americanas e Submarino, que podem perder espaço para as lojas virtuais especializadas.
A Sack's, que há sete anos vende perfumes e cosméticos pela Internet, vem superando suas próprias metas de crescimento e vendas, segundo Carlos André Montenegro, um dos sócios da rede. Ele afirma que este ano a loja virtual deve crescer no mínimo 45% em relação ao ano passado, tendo neste primeiro semestre uma alta de 47%. Em 2007, esperavam crescimento de 60% sobre o ano anterior, e acabaram fechando com alta de 70%.
A rede garante ser a maior compradora do Brasil de grandes marcas, como Lancôme e Carolina Herrera. Atualmente com 500 mil clientes na carteira, eles acreditam que ainda há espaço para crescer e prevêem investir 50% a mais do que no ano passado em publicidade. "Num universo de cerca de 40 milhões de brasileiros com acesso à Internet, apenas 9,5 milhões são e-consumidores; ainda é muito pouco, mas o brasileiro já vem adquirindo essa cultura, e esperamos que esse número possa alcançar os 30 milhões", diz Montenegro.
O executivo também explica que o site tem grande penetração no interior do País, onde muitas vezes os consumidores não conseguem encontrar esses produtos em lojas físicas. Para ele, porém, a concorrência vem mesmo crescendo. "Hoje, todo mundo quer fazer e-commerce, todos estão vendo que dá certo."
A rede fechou recentemente contrato com a Clinique e deseja ainda trazer outras marcas para o Brasil, como Estée Lauder e Victoria's Secret. Com os bons resultados da Sack's, Montenegro e mais dois outros sócios decidiram criar no fim do ano passado, a Glamour, loja virtual de roupas e acessórios de marcas sofisticadas. Na fase inicial do negócio, foram aplicados R$ 3,5 milhões.
Nessa área, a empresa está fechando um contrato de exclusividade com uma grande marca internacional, que sozinha irá incrementar em 15% suas vendas. Montenegro diz que ainda não pode revelar o nome do parceiro, mas ressalta que sua marca só é vendida em dois pontos-de-venda no Brasil, e a Sack's será a primeira na América Latina a vender seus produtos pela Internet.
Vestuário
Enquanto isso, a Hering acabou de anunciar a criação de sua loja virtual com aporte de R$ 100 mil. As expectativas são grandes e há intenção de atrair um público jovem. No primeiro ano de operação, é esperado um faturamento mensal de R$ 100 mil também, o que seria o equivalente ao de uma loja Hering. A loja ainda tem previsão de atingir faturamento de R$ 1 milhão até 2010. Entre 2000 e 2002, a empresa já teve uma experiência no e-commerce, da qual acabou desistindo em função de outros objetivos, como a reformulação da marca.
A Camisaria Colombo, varejista de roupas masculinas que tem 140 lojas em todo o País, resolveu investir no e-commerce desde o final do ano passado e afirma que ele cresce cerca de 30% ao mês. Segundo gerente de Marketing da Colombo, Patrícia Amaro, a loja virtual ainda é recente, mas já é uma das lojas mais representativas em vendas da rede. Para ela, se trata de mais um serviço ao cliente, com várias vantagens. "A principal vantagem é atingir as regiões onde não há lojas físicas da rede e tornar possível o conhecimento da marca em todo Brasil. Assim o cliente ainda pode escolher a melhor forma de fazer compras." A Colombo ainda espera crescer de 10% a 15% este ano.
Outra que atua somente na Internet e continua com grandes expectativas de venda é a NetShoes, que vende artigos esportivos. Há 8 anos no mercado, o site passou por uma reformulação no final do ano passado, que agora está com melhor navegação e visualização dos produtos, o que trouxe um crescimento de 20% nas vendas. Segundo Ronaldo da Cunha Bueno Neto, diretor de Marketing da empresa, esse ano a NetShoes ainda projeta crescer 49% frente ao ano passado, quando cresceu 43%.
Para manter as vendas, a loja está aumentando os investimentos em publicidade, cerca de 10% a mais por mês, além de ampliar o mix de produtos e as parcerias. Recentemente passaram a vender a marca Diadora, por exemplo. Outra iniciativa são ações cooperadas com as marcas com que já trabalha, como promoções e descontos. O diretor destaca que é importante ter foco: "Ter foco no seu mercado é o principal, já recebemos propostas de vender de tudo, mas vamos continuar com o que sabemos vender", diz.
Tecnologia
Empresas que trabalham com soluções para e-commerce, como a Uniconsult e a Ikeda, confirmam a tendência de crescimento, pois estão com mais clientes. Fernando Di Giorgi, diretor da Uniconsult, que faz sistemas de informações e atende Americanas.com, Submarino e Wal-Mart, declara que se trata de um mercado dinâmico e concorrido. O faturamento da empresa deve crescer 20% esse ano.
Alessandro Gil, diretor de Marketing da Ikeda, afirma que fechou contratos recentemente com redes como Bayard, Le Postiche e Track&Field, além de esperar um crescimento de 80%. Para ele, ainda há um grande potencial no Brasil nas vendas eletrônicas.
O e-commerce atrai ainda o Wal-Mart, que iniciará os negócios neste semestre, além da Casas Bahia, que há anos não confirma as informações da criação do braço no e-commerce. Procurada pela reportagem, a empresa disse apenas que pretende "entrar na plataforma, no entanto, ainda não há previsão sobre o assunto."
Veículo: DCI
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