A Motorola Solutions, companhia de software, equipamentos e serviços de comunicação para governos e empresas, reforçou seu portfólio voltado ao varejo. Ontem, a companhia lançou uma série de equipamentos - incluindo tablets, celulares, sistemas de comunicação sem fio (Wi-Fi) e mini-impressoras - para redes varejistas. Os equipamentos são fabricados nos Estados Unidos e serão importados.

A estratégia está centrada na oferta de equipamentos com tecnologia capaz de identificar etiquetas com sensores de identificação por radiofrequência (RFID). A tecnologia é uma alternativa ao tradicional código de barras, mas enfrenta resistência das redes varejistas devido ao seu custo: enquanto uma etiqueta custa entre R$ 0,50 e R$ 0,60, uma impressão de código de barras não chega a R$ 0,05.

Frank Riso, diretor global de varejo da Motorola Solutions, afirmou que o RFID está entre as tecnologias que devem predominar no varejo nesta década, juntamente com redes sem fio que permitam a comunicação das lojas com os clientes e a adoção de dispositivos móveis para facilitar o trabalho de vendedores e gerentes.

A Motorola Solutions fez um estudo com executivos de tecnologia de 250 redes varejistas dos EUA e 150 redes brasileiras. Segundo a pesquisa, o RFID é adotado em 3% dos grupos de varejo, mas 21% das companhias que não possuem a tecnologia informaram que pretendem adota-la em um período de 12 meses.

"Em comparação com economias maduras, o Brasil engatinha na área de automação do varejo. Há muito espaço para crescer nesse segmento", afirmou Paulo Cunha, presidente da Motorola Solutions no Brasil. A pesquisa feita no país indicou que 66% dos varejistas adotam sistemas de automação nos centros de distribuição e 93% automatizaram a parte de estoques. Nas lojas, as tecnologias concentram-se no caixa.

Renata Ronco, gerente de marketing da Motorola Solutions, observou que boa parte do trabalho na loja, que depende do deslocamento dos vendedores, poderia ser facilitado com sistemas de automação sem custos muito altos, tendo em vista que 85% das lojas já adotam dispositivos móveis e sistemas de comunicação sem fio.

O varejo é um dos principais mercados para a Motorola Solutions no país, afirmou Cunha, sem citar números. A empresa atua no país há 20 anos. A Motorola Solutions é resultado da divisão da Motorola em duas partes, em janeiro do ano passado. A companhia passa por mudanças que incluem a entrada de Paulo Cunha - que foi diretor de vendas para o governo da Microsoft por oito anos - no lugar de Eduardo Stefano.

A empresa também deixou de produzir equipamentos na fábrica da Motorola Mobility, fabricante de celulares que hoje pertence ao Google. Os leitores de etiquetas são produzidos no Brasil na unidade da Samina-SCI, em Hortolândia (SP). "Houve uma decisão global de manter a produção própria apenas nos EUA", afirmou Cunha.



Veículo: Valor Econômico