Tecnologia
25/07/2012 12:34 - Paradigma aplica conceitos de rede social aos negócios
O avanço da internet a partir da década de 90 influenciou fortemente as estratégias de grande parte do mercado de tecnologia da informação (TI). Repetindo esse movimento, diversas empresas têm buscado, nos últimos anos, inspiração na popularidade de sites como o Facebook para criar novos modelos de negócio, baseados em conceitos das redes sociais.
Fundada em 1999, a Paradigma, de Santa Catarina, ficou conhecida por desenvolver sites de compras e vendas eletrônicas para outras empresas. Por meio desses portais, os clientes podem se relacionar com fornecedores em busca do melhor preço. Agora, a Paradigma decidiu abrir uma nova companhia - a ClickBusiness Software - com o objetivo de aplicar aos negócios os preceitos popularizados pelas redes sociais.
A ClickBusiness é a evolução de um projeto-piloto lançado pela Paradigma no início de 2011 e que concentrou um investimento de R$ 4 milhões até o momento. O serviço consiste em um espaço compartilhado na internet, que conecta diversos portais privados de transações eletrônicas criados pela Paradigma e no qual as companhias podem divulgar suas listas de compras. Ao mesmo tempo, os fornecedores podem candidatar-se para atender a esses pedidos.
Para os compradores, a vantagem é aprimorar a busca por fornecedores, com o acesso a empresas que não estão cadastradas em seus portais privados. No caso dos fornecedores, o portal permite identificar novas oportunidades de negócio, por meio de filtros como região e categorias de produto. Em quinze meses de operação, o ClickBusiness movimentou R$ 2 bilhões em compras eletrônicas e formou uma base de 68 mil fornecedores cadastrados.
Além dos resultados iniciais, considerados animadores, a decisão pela criação da ClickBusiness foi motivada por dois fatores diretamente interligados, disse ao Valor Gerson Schmitt, presidente do conselho de administração da Paradigma. "Em primeiro lugar, as duas propostas têm modelos de negócios distintos. Com o crescimento do ClickBusiness, a necessidade de separar as duas operações ficou mais evidente", afirmou Schmitt, que atuará também como presidente-executivo da nova empresa.
Em oposição ao modelo tradicional de vendas de licenças de software da Paradigma, o ClickBusiness baseia-se no conceito de software como serviço. Nesse formato, os sistemas são acessados via internet, sem que precisem ser instalados no computador do usuário. O cliente paga uma taxa pelo uso da aplicação, em um formato semelhante a uma conta de luz. A proposta permite que a ClickBusiness tenha acesso a receitas recorrentes. O modelo é diferente do tradicional, no qual as aquisições de sistemas geram uma receita inicial de maior valor. Ao mesmo tempo, essa abordagem traz uma grande pressão no momento de renovação dos contratos.
No caso do ClickBusiness, os compradores que já são clientes da Paradigma terão acesso automático e gratuito ao portal. Os fornecedores pagarão uma taxa mensal de R$ 90 para usar todos os recursos da rede. Outra modalidade disponível será uma assinatura gratuita para experimentar o serviço.
Schmitt disse que as perspectivas de crescimento da ClickBusiness são acentuadas. A previsão mais conservadora para a nova operação é atingir uma receita de R$ 50 milhões no prazo de cinco anos. "Temos ótimas projeções para a Paradigma, mas acreditamos que a ClickBusiness tem potencial para supera-la em no máximo três anos", afirmou Schmitt. A Paradigma fechou 2011 com uma receita de R$ 9 milhões. A expectativa é encerrar 2012 com um faturamento de R$ 12 milhões.
Com aportes anuais de R$ 1,5 milhão previstos para os próximos anos, a meta da ClickBusiness é consolidar seu modelo de negócios nos primeiros três anos de atividade. Esse caminho passará principalmente pela ampliação da base de fornecedores cadastrados no serviço, disse Schmitt.
Uma das estratégias para alcançar esse estágio é uma parceria firmada recentemente com a Totvs. Pelo acordo, a ClickBusiness poderá oferecer seu serviço aos fornecedores cadastrados nos sistemas de gestão de 26 mil clientes da Totvs. Pelas contas da empresa, cada uma das companhias que usam os softwares da Totvs possuem pelo menos 100 fornecedores diferentes. "Queremos captar no mínimo 40% dessa base e cadastrar uma lista de 500 mil fornecedores nos próximos cinco anos", disse Schmitt.
A inclusão de novos serviços, como a troca de mensagens, é outra estratégia prevista pela ClickBusiness. Em novembro, a rede passará a contar com um ranking de reputação dos fornecedores. A relação será atualizada pelo menos uma vez por mês e será baseada em avaliações realizadas pelos compradores, considerando quesitos como qualidade do produto, cumprimento do prazo de entrega e serviço pós-venda. Para os fornecedores, por sua vez, a rede passará a oferecer recursos como uma central de gerenciamento de pedidos, prazos e processos de licitação.
Veículo: Valor Econômico
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