Tecnologia
04/07/2012 10:11 - Cartão de loja com bandeira avança no mercado brasileiro
Nos Estados Unidos, apenas 5% dos cartões de lojas, também chamados de private label, estão restritos às compras nos estabelecimentos, sendo que o restante, 95%, já possui bandeira. O mercado brasileiro, segundo fontes entrevistadas pelo DCI, se consolida cada vez mais nesse sentido, no qual um terço dos plásticos da bandeira internacional Mastercard, por exemplo, são distribuídos por meio de redes varejistas. A administradora de cartões Credz também chega ao mercado com foco nestes cartões, conhecidos como híbridos.
De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), a quantidade de plásticos de rede/lojas fechados, isto é, com compras restritas, atingiu 253,979 milhões no primeiro trimestre, com R$ 21,346 bilhões de faturamento. A estimativa da associação é que em julho chegará a 260,577 milhões de unidades e faturamento de R$ 52,947 bilhões, o que corresponderá a um crescimento de 9% e 16%, respectivamente, ante o ano anterior.
Em contrapartida, o segmento de cartão de crédito, que inclui os plásticos híbridos, deverá totalizar em julho 185,178 unidades e faturamento de R$ 252,678 bilhões, acréscimo de 13% e 21%, respectivamente. Até março, o volume de plásticos chegou a 178,750 milhões, e o faturamento, a R$ 102,800 bilhões.
Alexandre Magnani, vice-presidente de Novos Negócios da Mastercard Brasil e Cone Sul, diz que o mercado brasileiro, onde atuam com private label desde 2002, é o mais maduro da América Latina. "Chile, Peru, Argentina e Colômbia estão em um movimento de migração (para o bandeirado), que o Brasil começou há 10 anos. O consumidor brasileiro tem perfil de consumo mais sofisticado, com uso maior da linha de crédito e utilizando mais o cartão, inclusive internacional."
Segundo Magnani, o gasto médio quase triplicou nos últimos anos. "Usava somente em alimentação e material de construção, agora tem perfil de uso mais distribuído." O executivo inclui que o cartão para o varejo foi um dos impulsionadores do crescimento da bandeira.
O diretor de parcerias da Bradesco Cartões, Carlos Giovanni Neves, concorda com o potencial do produto distribuído por redes ou lojas e detalha que o movimento de "embandeiramento" ocorre porque agrega maior rentabilidade tanto para o banco quanto ao varejista. "Ganha com a rentabilidade se utilizar dentro ou fora da rede do parceiro, há maior ativação do produto e aumenta a portabilidade. Já o consumidor tem um cartão dentro e fora do varejo em único extrato."
Hoje, a Bradesco Cartões opera com mais de 35 parceiros dos setores de farmácia, vestuário, supermercado e eletrodoméstico. Segundo balanço, até março de 2012, R$ 1,692 bilhão do saldo estava na Bradesco Cartões.
De olho no potencial de crescimento, chega ao mercado a Credz, que consiste em uma administradora, bandeira e emissora de cartões sem vínculo com bancos. A companhia conta com investimentos de R$ 25 milhões, sendo composta por 81% pela família Zogbi e 19% do presidente da diretoria, José Renato Simão Borges. "Em dois anos, com o fechamento de 20 parcerias [redes/lojas] pretendemos ter 500 mil cartões e uma emissão mensal de 35 mil", revela Borges.
O presidente esclarece que o Brasil segue o momento já consolidado nos EUA, quando, em 1999, 49% dos cartões eram private label "puros" e hoje já caiu para 5%. "Brasil passa por um momento de embandeiramento do private label." A nova bandeira Credz entra em fase de produção em setembro e estará disponível nos estabelecimentos comerciais credenciados pela Cielo.
Apesar da expectativa positiva, Boanerges Ramos Freire, presidente da consultoria em varejo Boanerges & Cia, aponta que o movimento de inserir a bandeira, transformando o cartão em híbrido, não é tão "avassalador". "Existe ainda muito espaço para os puros, porque colocar bandeira fica mais caro e sofisticado. Há maior possibilidade de aceitação, mas não é para todo cliente, porque o risco e o custo são mais altos."
Varejo volta a reclamar de alta concentração na área de cartões
Representantes do varejo brasileiro mostraram ontem descontentamento com a indústria de cartões de crédito e débito no País. Para eles, é preciso ampliar a regulamentação do setor e também a concorrência, na prática, depois que o governo conseguiu extinguir o vínculo de exclusividade existente entre bandeiras e credenciadores, há dois anos.
"A regulamentação ainda é carente. É preciso estabelecer marcos reguladores mais seguros", disse o advogado da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Cácito Esteves. Já para o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior, a concentração de mercado gera pouca concorrência e alto custo, que é repassado para o consumidor. "Em última instância, é o consumidor que paga esta conta."
Os dois representantes do varejo fizeram suas avaliações durante audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados com a participação da Comissão de Finanças e Tributação sobre a atuação do segmento de cartão de crédito no País.
A alta concentração nada mais é do que uma consequência do perfil do mercado bancário brasileiro, na avaliação do consultor do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos do Banco Central, Mardilson Fernandes Queiroz. "A concentração do mercado de emissão é considerada alta, mas temos que entender que representa o sistema bancário brasileiro. É natural. Do lado da emissão, isso nada mais é do que reflexo dos bancos de varejo no Brasil."
Queiroz ainda admitiu que há alta concentração também no segmento de credenciamento de cartões, mas salientou que a transparência das tarifas dos cartões está evoluindo e vai evoluir ainda mais.
Veículo: DCI
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