Tecnologia
16/03/2012 11:32 - Regras claras e logística afetam os sites
A regulamentação do setor de comércio eletrônico no Brasil caminha a passos lentos, e mesmo com alguns impasses empresas do setor se mobilizam para que o questão da entrega de produtos adquiridos pela Internet deixe de ser um problema ao consumidor. O entrave logístico envolve um caso recente, o da B2W Companhia Global de Varejo, que fora obrigada a tirar os sites do ar (Submarino, Americanas e Shoptime) por 72 horas, por determinação do órgão de proteção ao consumidor Procon-SP, além de pagar multa de R$ 1,74 milhão. A briga jurídica deve continuar, pois a empresa conseguiu derrubar a liminar, mas a imagem da empresa acabou sendo arranhada.
Evitar esses nós é a perspectiva das empresas do setor, como o Mercado Livre, player há 13 no Brasil que agrega empresas - hospeda sites e tem demais soluções para operações de vendas on-line. Para a empresa que é uma das líderes no varejo eletrônico (e-commerce), a regulamentação deveria partir das empresas e não de órgãos públicos. "O mais correto seria regulamentação vinda da iniciativa privada", comentou Stelleo Tolda, vice-presidente de operações do Mercado Livre. Questionado sobre a concorrência, ele se limitou a falar sem comentar cases de outras empresas integrantes do setor.
Para o especialista, a melhor estruturação das empresas que estão no mercado e uma logística mais efetiva seria a solução para as operações não sofrerem com a perda de lucratividade. "Criar uma imagem positiva, algo muito difícil para empresas que só atuam no e-commerce, é uma medida que ajuda a fazer com que a empresa permaneça no mercado. Assim como melhorar pós-venda, atendimento e ter uma entrega efetiva das mercadorias compradas pelos consumidores", diz.
Ontem, o Procon-SP divulgou o ranking das empresas com um maior número de reclamações e o e-commerce teve 86% de aumento no número em relação ao igual período de 2010. As queixas referem-se à falta de entrega dos produtos e itens enviados com defeitos pelas revendedoras. Pensando nessa carência logística, o MercadoLivre começa a arquitetar maneiras de ajudar as 46.500 empresas hospedadas em seu site. Para isso, estuda medidas em que um intermediário - entre o vendedor e uma empresa de logística - melhore essa questão.
Outra ideia em análise pelo Mercado Livre é ter uma espécie de Centro de Distribuição (CD), em que acomodaria as mercadorias das lojas virtuais que utilizam o site como seu canal de venda direto. "Nós já negociamos com os Correios para se ter tarifas menores nas entregas. Muito em breve nós teremos um sistema de monitoramento de produtos muito em breve", explica Tolda.
O executivo completa: "Podemos ter um produto igual ao MercadoPago (que provem soluções de pagamento para compras efetuadas pela Internet) para atender essa demanda e trazer para dentro do MercadoLivre essa solução". O especialista explicou também que já é visto no mercado uma movimentação de empresas que prestam serviços de logística especificamente para e-commerce.
O potencial de mercado do MercadoLivre pode ser explicado pelo desempenho da empresa no ano passado. Com operações em 13 países, a empresa teve lucro líquido de US$ 299 milhões, índice 37,1% maior na comparação com 2010 em que o faturamento da empresa ficou em US$ 216,7 milhões.
Dados apurados pela empresa indicam que foram comercializados 52,6 milhões de produtos no ano passado, o que corresponde a um incremento de 34,6% na comercialização de produtos o que resultou em um crescimento de 41,5% a mais em volume negociado. Para este ano, o MercadoLivre pretende crescer em linha com o mercado, que estima incremento de 25% a 30%. Segundo Tolda, isso deve-se ao maior número de usuários de Internet no Brasil. "Não podemos esquecer que o número de internautas no Brasil, ainda é mediano perto da população total", diz.
Pesquisa
O Brasil mostra-se um mercado em potencial para o e-commerce. Com esse gancho, MercadoLivre e a Nielsen Company realizaram uma pesquisa para entender as expectativas das empresas que atuam em conjunto com o MercadoLivre na América Latina.
O estudo apontou que 134 mil pessoas utilizam a empresa como principal canal de venda e fonte de renda.
Dos países analisados -México, Venezuela, Colômbia, Argentina - o Brasil é nação que mais utiliza das ferramentas on-line do MercadoLivre para ganhar dinheiro. Dos 46.500 vendedores que utilizam a plataforma, possuem colaboradores que atualmente, juntos, somam mais de 87 mil colabores diretos e indiretos. Outro ponto de destaque é que boa parte dos participantes da pesquisa informaram que pretendiam contratar outros colaboradores para atender a atual demanda. A estimativa do MercadoLivre é fechar esse ano com 180 mil pessoas envolvidas com a empresa e com operações de e-commerce.
Ainda com dados apurados pela Nielsen, o Brasil foi o país que apontou maior crescimento no número de vendas.
O dado foi explicado por Tolda, devido a conjuntura econômica dos países envolvidos. "Isso leva em conta a preocupação desses países com a situação econômica", diz.
Veículo: DCI
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