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09/02/2012 11:32 - Gerador de senhas brasileiro ganha mercado externo

No mercado de tecnologia bancária, dominado por gigantes americanas, uma pequena companhia brasileira começa a ter êxito internacional. A BRToken, empresa com sede em Santa Rita do Sapucaí (MG), fechou um acordo global com a companhia de segurança americana SafeNet para produzir para o mercado internacional um "token" - termo em inglês para o dispositivo gerador de senhas, usado por bancos para reduzir riscos de fraudes eletrônicas.

A primeira remessa, de 100 mil unidades, já foi enviada para os Estados Unidos. César Lovisaro Neto, sócio e diretor comercial da BRToken, estima exportar para a SafeNet uma média de 100 mil unidades por mês neste ano. "Ainda não há negociação com outro grupo internacional, mas há expectativa de atrair mais contratos com essa parceria", diz.

A BRToken foi fundada em 2009 por Lovisaro, Carlos Eduardo da Fonseca e Fernando Lau. Lovisaro decidiu fundar a empresa quando dirigia a UserID, uma distribuidora de "token" da belgo-americana Vasco Data Security International, e buscou sócios para iniciar a produção. O melhor resultado da BRToken foi obtido em 2010, quando forneceu ao Bradesco 6 milhões de dispositivos. Para atender à demanda, a empresa investiu R$ 600 mil em uma fábrica em Santa Rita do Sapucaí (MG). Naquele ano, a empresa teve receita de R$ 32 milhões.

Em 2011, o faturamento da BRToken caiu para R$ 15 milhões. "Houve um inchaço em 2010, mas depois a empresa voltou à normalidade", afirma Lovisaro. A meta para este ano é repetir a receita de R$ 15 milhões. No mercado interno, a companhia tem encomendas superiores a 1 milhão de "tokens" para instituições como Itaú-Unibanco, Bradesco e Santander. Pela estratégia adotada, a exportação possibilitará à empresa manter uma carteira de pedidos mais regular.

A parceria permitirá à SafeNet incrementar a oferta de "tokens" no mercado internacional, diz Andrew Young, vice-presidente de autenticação da empresa americana. "A parceria teve como base a escolha de uma tecnologia inovadora, capaz de solucionar problemas de segurança para a comunidade bancária", afirma o executivo.

Essa tecnologia consiste em um dispositivo ("token") que dispensa a digitação de senhas em operações realizadas via internet, o que reduz o risco de roubo de dados bancários e de senhas por cibercriminosos.

De modo geral, ao se cadastrar para usar o serviço de internet da instituição financeira, o cliente recebe, além das senhas tradicionais dos cartões de débito e crédito, um sistema de senhas para confirmar as operações on-line. O "token" gera códigos temporários, que mudam aleatoriamente. Ao fazer uma compra em um site, por exemplo, o usuário precisa digitar o código fornecido pelo aparelho.

No caso do novo gerador de senhas da BRToken, a digitação é desnecessária. O "token" é dotado de um sensor óptico e de um software capazes de detectar textos e números em uma imagem. Quando colocado em frente à tela do computador ou do smartphone, o dispositivo "lê" os detalhes da operação financeira, como número da conta corrente e valor da operação, e solicita a confirmação do usuário. Essa confirmação é feita no "token", e não no site, o que elimina o risco de roubo da senha.

Alguns sistemas de geração de senhas têm prazo de validade. Mas o "token" desenvolvido pela companhia não precisa ser substituído. O dispositivo é vendido com garantia de três anos contra defeito de fabricação e bateria que dura de cinco a seis anos.

O mercado global de "tokens" pode ter movimentado US$ 768,4 milhões em 2011, segundo estimativa da consultoria Frost & Sullivan. A estimativa da empresa é de que esta ano haverá crescimento de 6,8%, para US$ 820,3 milhões. Esse mercado evolui à medida que os clientes dos bancos adotam os serviços de internet. A maior competidora global é a americana RSA Data Security, com 51,3% de participação de mercado, seguida pela Vasco Data Security International, com 16,3%, e a SafeNet, com 15,8%.

A América Latina representa 4% do mercado mundial para esse dispositivo, segundo a consultoria, e não há estatísticas precisas relativas ao Brasil. Algumas empresas do setor estimam a demanda brasileira em 150 milhões de unidades por ano, estando os bancos entre os principais clientes. De acordo com dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em 2010 havia no país 141 milhões de correntistas - esse seria o mercado potencial de usuários de "token". Do total, 38 milhões usam os serviços de internet e, em consequência, dispositivos de segurança.

Cada instituição financeira define sua política para distribuição do dispositivo. O Santander, por exemplo, optou por adota-lo apenas para os clientes empresariais. No caso de pessoas físicas, o banco cadastra o computador do cliente. Isso garante que as transações on-line na conta corrente só sejam aprovadas se forem feitas em computadores cadastrados pelo cliente, afirma Marcelo Zerbinatti, diretor de tecnologia do Santander. O banco mantém em sigilo o volume de compras de "token" realizado em 2011 e previsto para este ano.


Veículo: Valor Econômico

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