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05/12/2011 11:12 - Preços caíram 9,6% no e-commerce

O índice de preços ao consumidor do comércio eletrônico registrou deflação de 9,6% de janeiro a novembro deste ano, segundo o indicador Fipe/Buscapé lançado ontem, na Capital. A maior queda ocorreu nos preços dos produtos da categoria fotografia, com deflação de 21,8% no ano, enquanto a maior elevação foi verificada em brinquedos e games, com alta de 6,6%.

Considerando apenas as transações de novembro, houve deflação de 1,51% em relação ao mês anterior. A pesquisa levanta uma média de preços entre 156 itens, divididos em dez categorias principais.

Segundo o professor da Fipe Sérgio Crispim, o universo pesquisado representa cerca de 80% do total de compras feitas pela internet pelos brasileiros. Entre essas transações, o destaque fica para as categorias de eletrodomésticos, telefonia, informática, eletrônicos, e fotografia, que, juntas, representam quase 90% dos negócios. Esses itens representam, segundo ele, 5,2% do consumo das famílias.

A deflação na categoria telefonia (-19,7% entre janeiro e novembro) foi influenciada pela baixa nos preços de smartphones e celulares (20,8%). Entre os eletrônicos (13,4% no ano), a maior queda ficou com os conversores digitais (23,5%). Por outro lado, os DVD players ficaram 6,9% mais caros no período.

Entre os produtos de informática, categoria que teve deflação de 5,4%, as placas de vídeo tiveram a maior queda (31,3%) e os PCs, a maior alta (1%). Entre os eletrodomésticos, que registram redução de preço de 2,8% , os aparelhos de ar condicionado tiveram a maior retração (-9,6%), enquanto os preços de aspiradores de pó aceleraram 6,9%.

De acordo com Romero Rodrigues, presidente do Buscapé Company, o levantamento reflete a percepção de que o e-commerce possibilita uma maior comparação de preços, acirrando a competição entre as empresas e contribuindo para a queda de preço das mercadorias. "Na internet, os preços caem muito mais rapidamente." Segundo ele, mais de 1,3 milhão de preços de produtos do e-commerce serão levantados mensalmente.

O professor da Fipe, por sua vez, afirma que dos 156 itens pesquisados pelo novo índice, apenas 24 estão na composição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – com o qual o governo monitora a meta de inflação – e representam 5,2% do consumo das famílias do País. Ainda segundo Crispim, nominalmente o e-commerce deve crescer 26,4% neste ano e, descontada a inflação medida pelo IPCA, o avanço será de 18,5%.

Analisando o cenário brasileiro de cerca de 44 computadores para cada 100 habitantes, o professor crê que as vendas pela web ainda crescerão muito em importância nos próximos anos. Romero concorda com a ideia. "As classes C e D usam a internet como pesquisa para as compras físicas ." Mas segundo o executivo do Buscapé, o cenário tende a mudar com a iniciação em compras de menor valor.


Compra por celular é só questão de tempo

Em outubro do ano passado, o Brasil ultrapassou a marca de um celular por habitante e, desde então, essa média só cresce. Segundo dados mais recentes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), 227,4 milhões de linhas estão habilitadas no País. Para aproveitar essa gigantesca massa de consumidores, as empresas começam a ensaiar uma investida mais séria no comércio eletrônico feito nos aparelhos celulares, o chamado mobile commerce. Espaço de mercado é o que não falta. De acordo com o Mobile Entertainment Forum realizado em julho, 79% dos brasileiros já utilizaram o celular em alguma fase do processo de compra.

Para o consultor em comércio eletrônico Marco S. Júnior, a modalidade comercial ainda é muito incipiente no Brasil, mas é uma tendência fortíssima e se tornará realidade em alguns anos. Ele aponta, porém, que empresas como Netshoes e Mercado Pago já disponibilizam plataformas para compras por celular no País. "No Japão, mais de 50% das compras online já são feitas pelo celular. No Starbucks, nos Estados Unidos, por exemplo, você pode usar o celular como se fosse um cartão de crédito", conta.

O diretor responsável do site de classificados OLX, Rodrigo Ribeirão Geraldi, acredita que o mercado brasileiro não tem noção do tamanho que esse comércio pode chegar, apesar do crescimento "assustador" das vendas eletrônicas nos últimos anos. Segundo ele, as visitas por celular ao site da OLX cresceram 420% entre janeiro e novembro deste ano. "As pessoas de classes mais baixas estão tendo acesso à internet, que hoje em dia é muito mais rápida. A banda larga trouxe mais comodidade ao usuário."

Na Europa, o varejo online deve crescer 11% em 2011, segundo pesquisa do Centre for Retail Research divulgada na última semana. Nos Estados Unidos, as compras online devem registrar alta de 10% ao ano até 2014, quando o segmento deve faturar

US$ 249 bilhões, ou 8% das vendas do varejo. O estudo aponta ainda que até 2015, os consumidores de todo o mundo devem gastar cerca de US$ 119 bilhões em bens e serviços adquiridos via celular.

Marcelo Theodoro, diretor de produtos e marketing da BuscaPé Financial Services para a América Latina, conta que além das compras diretas, os smart phones já promovem uma convergência entre dois tipos de comércio distintos. "Quando alguém escaneia um livro dentro de uma loja e faz uma busca na internet para ver se é o local com melhor preço, já misturou o comércio real com o virtual."

Varejo atento – Outro serviço já disponível no mercado brasileiro é o de carteira virtual eletrônica. Os usuários cadastrados no site DinheiroMail, por exemplo, podem realizar pagamentos, solicitar cobranças ou checar o saldo pelo celular. O serviço é adaptado para transferência com cartões de crédito e permite transações sem a instalação de qualquer programa ou aplicativo.

Em vista da grande possibilidade de mudança que deve vir, Theodoro acredita o varejo deve se preparar desde já para a expansão do comércio virtual via telefone. "Há uma tendência grande de que o celular seja um centralizador. Por ele você vai pesquisar e comprar. E dentro desse cenário, uma loja que estiver preparada, vai se diferenciar", diz.

Por sua vez, Gerardi não acredita que o mobile commerce tome lugar significativo no universo de vendas tão rapidamente, mas também crê que se antecipar ao movimento virtual dará tranquilidade para lojistas e pode atrair novos negócios. "Nos próximos três ou quatro anos, o varejo ainda terá uma vida tranquila sem a plataforma para celulares. Mas é claro que se ele já se preparar, fica mais fácil para quando a demanda chegar de verdade", avalia.


Veículo: Diário do Comércio - SP

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