Imagine mobiliar sua casa gastando até 90% menos do que desembolsaria se a compra fosse feita direto na loja? Ou adquirir um veículo com preço 40% menor do que o valor de mercado? Essa é a proposta dos sites de leilão virtual, que oferecem produtos que foram usadas na decoração apartamentos em exposição ou que faziam parte da frota de alguma empresa.

No caso de eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis, tapetes, aparelho de jantar ou jogo de copos se tratam de itens novos, que serviram como espécie de mostruário para decorar o apartamento dos sonhos. A vantagem é que geralmente esses itens, escolhidos cuidadosamente para a exposição, custam caro. Então, essa é a chance de obter objetos como esses por preço bastante acessível.

A analista de sistemas de São Bernardo Betina Lourenço já comprou de tudo. Desde que tomou conhecimento da existência de sites de leilão, há três anos, arrematou piso, vaso sanitário, pia, TV, geladeira, sofá, guarda-roupa e até um veículo. "Estou construindo uma casa e praticamente a mobiliei com peças de leilões", conta. "Comprei duas pias, peça de mármore e duas torneiras por R$ 800, enquanto que somente uma pia custaria R$ 900."

A analista também adquiriu uma televisão de LCD, que à época não era vendida por menos de R$ 2.000, por R$ 800. E arriscou mais: comprou um veículo pagando 40% menos que o preço de mercado.

Esse tipo de negócio pode embutir algum tipo de risco caso o interessado não verifique, pessoalmente, as condições do produto. Por isso, os sites costumam deixar expostos os itens a serem leiloados por alguns dias até bater o martelo. Além disso, eles não têm garantia, portanto, a única avaliação que pode ser feita é indo até o local e vistoriando. A responsabilidade de retirar a peça e levá-lo embora fica por conta do arrematador. Outro inconveniente é a forma de pagamento: somente à vista.

COMO PARTICIPAR - A leiloeira Carla Umino, do site Lance Total, explica que para participar basta se cadastrar no portal e pedir a habilitação para determinado leilão. "No período em que os itens ficam disponíveis no site, em média 17 dias, já é possível dar lances prévios", orienta. "Caso prefira fazer lance automático para não ter de ficar acompanhando o processo, basta registrar preço máximo e esperar. Por exemplo, se uma TV custa R$ 200 e você está disposto a pagar até R$ 600 por ela, registre esse valor. Se o maior lance alcançar R$ 500, o produto é seu. E por esse preço. Mas é possível também acessar o site e acompanhar o leilão on-line."

Empresa espera faturar R$ 50 mi em 2011

Somente neste ano, o site Sold Leilões, que possui em seu mailing cerca de 450 mil usuários, espera vender R$ 50 milhões em produtos e, com isso, duplicar sua comissão obtida em 2010, cujo montante não é revelado.

A empresa também oferece mobiliário corporativo usado e produtos novos, como móveis e utensílios domésticos, direto de varejistas. "Grandes redes, como Casas Bahia, Extra e Ponto Frio, por exemplo, vez ou outra fazem leilão de peças provenientes de logística reversa, quando o cliente compra um item, se arrepende e o devolve, e de produtos que riscam ou são danificados durante o transporte do caminhão", explica Henri Zylberstajn, sócio-diretor da Sold Leilões. "A Artefacto também costuma leiloar peças de coleções antigas que não tiveram saída."

A leiloeira Carla Umino, do Lance Total, conta que normalmente entre 95% e 98% dos itens ofertados são vendidos. No ano passado, se alavancou nesse mercado graças à desativação do tradicional Hotel Ca'd'Oro, na Capital, que teve todo o seu mobiliário leiloado. Para este ano, ela espera faturar em torno de R$ 3 milhões, 40% a mais do que em 2010.

Outra boa oportunidade se dá quando fabricantes de eletroeletrônicos, como a IBM, resolvem desovar estoque excedente, como impressoras, por preços bem menores. O site oferece, ainda, peças que compõem restaurantes que, por algum motivo, são desativados. Pode-se encontrar fogões industriais, exaustores, freezers e mobiliário por uma pechincha.

Ao visitar os sites de leilão virtual, é possível conferir a vasta oferta de itens, inclusive imóveis que foram confiscados pela Justiça por falta de pagamento. É válido lembrar que, embora as empresas emitam nota de retirada do item, elas não têm valor fiscal.

Veículo: Diário do Grande ABC - SP