Jurídico
20/05/2019 12:23 - Proteção dos dados já existentes será o maior desafio na adaptação à LGPD
Ao mesmo tempo em que esse processo é complexo para as empresas, os especialistas também chamam atenção para o alto custo e tempo necessário à adequação das informações e sistemas
A adaptação dos dados já existentes e contabilizados para as novas regras propostas pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) será o maior desafio das empresas que lidam com informações pessoais de seus clientes. Além de complexo, o processo também pode ser custoso e demorado.
Apesar de algumas companhias já traçarem novos projetos acompanhando as premissas da LGPD, especialistas apontam para as possíveis complicações tanto na localização desses dados, como na análise do nível de exposição dessas informações dentro do sistema.
De acordo com o gerente de inovação do SAS América Latina, Cristiano Duarte, o grande volume de investimentos necessários para atrelar as iniciativas à nova lei e o tempo necessário para a adaptação tem preocupado o mercado.
“O primeiro desafio é identificar o que está exposto. O segundo é trabalhar a proteção desse dado a partir da estratégia de cada empresa. Algumas podem apagar as informações, enquanto outras podem trazê-las para o anonimato, a depender se o uso que a companhia faz é estatístico. Isso tudo, porém, demanda muito tempo e investimento”, explica ele.
Para o superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, esses desafios devem ser mais evidentes no comércio eletrônico. “Essas companhias são muito boas em acompanhar a evolução tecnológica para enfrentar a concorrência e a tendência é de uma adaptação mais rápida nesses casos. Mas os custos disso se tornam mais perceptível”, avalia.
As pendências em relação ao custo e tempo de adaptação também recaem sobre as micro e pequenas empresas e startups do mercado que lidam com informações sensíveis. Segundo Duarte, esse, inclusive, é um dos pontos recentemente questionado pelas companhias do setor.
“A ideia seria tornar a lei adequada ao porte da empresa e evitar algumas jabuticabas brasileiras. Isso não significa diminuir a responsabilidade, mas o peso da burocracia necessária para comprovar que essa empresa respeita a lei. Esse debate vem na esteira da interpretação de que algumas exigências restringem tanto a operação que podem acabar inviabilizando o negócio ou minando oportunidades.”
Aberto a interpretações
Da mesma forma a medida, prevista para entrar em vigor a partir de agosto de 2020, também deixa dúvidas sobre qual interpretação receberá tanto por parte do próprio Judiciário e da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) – entidade central para implementação da lei criada no final do ano passado – quanto pelos Procons e demais órgãos de defesa do consumidor.
“Alguns players já se preparam e encaminham projetos para a adequação de seus sistemas, mas existem situações subjetivas que carecem de interpretação. Isso torna essa adaptação um pouco mais complexa do que o mercado imaginava a princípio e pode adiar alguns ajustes”, cita o diretor jurídico da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Marcio Cots.
“Sem contar que a LGPD ainda aparece como um terreno incerto para alguns setores”, complementa Duarte, referindo-se, por exemplo, ao caso das instituições financeiras. “Se um cliente pede para ser esquecido e as informações são apagadas, como ficaria a resposta de outras questões legais que exigem a preservação de dados por cinco ou dez anos? São situações que precisam de discussão”, acrescenta.
No que tange instituições financeiras, por outro lado, os especialistas chamam a atenção para as adaptações trazidas ao País pelo Cadastro Positivo, sancionado no início de abril e que torna automática a adesão de consumidores e empresas a um banco de dados centralizado. As informações, nesse sentido, seriam baseadas em históricos financeiros e comerciais e voltadas para análise de risco de crédito.
Segundo o diretor de soluções de inteligência de segurança para bancos do SAS, David Stewart, no entanto, assim como acontece em outros países da Europa, por exemplo, as discussões a respeito da segurança desses dados são cada vez mais evidentes.
“Claramente o acesso a um histórico de comportamento é muito vantajoso para as instituições financeiras e esse é um assunto tratado com bastante seriedade nessas empresas. Os investimentos em tecnologias de segurança são exponenciais e trazem diversos aspectos sobre regulações de privacidade dos clientes. Mas o debate sobre a sensibilidade dessas informações e o quanto o direito do consumidor é preservado precisa ser persistente”, diz.
Isabela Bolzani • São Paulo
Fonte: DCI – 20/05/2019.

Veja mais >>>
05/05/2025 12:55 - STJ valida distribuição de dividendos com base em dias de trabalho05/05/2025 12:54 - Segunda Seção confirma que vendedor pode responder por obrigações do imóvel posteriores à posse do comprador
05/05/2025 12:54 - TRT-15 suspende ação rescisória que considerou tempo de espera parte integrante de jornada de trabalho de motorista
05/05/2025 12:53 - Direito de resolução contratual é extinto se a cobrança prescreve, decide STJ
05/05/2025 12:53 - TJSC nega ação de inconstitucionalidade e valida feriado do aniversário de Tubarão
05/05/2025 12:52 - Golpistas usam nome do Fórum de Criciúma para enviar intimações falsas
05/05/2025 12:52 - Comissão aprova projeto que permite demissão indenizada em caso de sofrimento psicológico
05/05/2025 12:51 - Estão suspensas sessões ordinárias de julgamento de Turmas Ordinárias, Extraordinárias e da Câmara Superior da semana de 5 a 9 de maio de 2025
05/05/2025 12:51 - Portal do TRT-RJ ficará indisponível no dia 6/5 (terça-feira), das 17h às 18h
05/05/2025 12:50 - Presidente do TRT-RS recebe livro sobre impactos das apostas on-line nas relações de trabalho
02/05/2025 13:05 - Anvisa volta a interditar pasta dental da Colgate
02/05/2025 12:57 - Redução da jornada de trabalho será debatida na CDH
02/05/2025 12:56 - Nova tabela do IR entra em vigor; veja o que muda
02/05/2025 12:55 - TJ de São Paulo anula inclusão do ISS em sua própria base de cálculo
02/05/2025 12:55 - STF mantém atualização de correção de condenações definitivas contra a Fazenda