Jurídico
01/10/2018 14:23 - O desemprego e a reforma trabalhista
Se fosse possível resolver o problema da geração de vagas por lei, ele não existiria em nenhum país
Na campanha eleitoral, muitos candidatos argumentam que o desemprego e os poucos empregos gerados nos últimos 12 meses – na maioria, informais, intermitentes ou em tempo parcial – são frutos da reforma trabalhista (Lei n.º 13.467/2017).
Ah! Que bom seria se esses problemas pudessem ser resolvidos por lei. Se isso fosse possível, não existiriam desemprego e trabalho precário em nenhum país do mundo.
É desnecessário teorizar sobre o óbvio. A geração de emprego depende basicamente do crescimento econômico e dos investimentos públicos e privados. É exatamente o contrário do que ocorreu no Brasil no período de 2015-2018. O grave desequilíbrio das contas públicas esterilizou a capacidade do governo de investir em vários setores, em especial em infraestrutura, que, como se sabe, é fonte de muitos empregos diretos e indiretos.
Calcula-se que, para atingir níveis internacionais de qualidade, o Brasil deveria investir no mínimo 5% do PIB em novas obras por várias décadas. Não temos fôlego para isso. Com dificuldade, o investimento nesse setor tem ficado ao redor de 1,5%. Estradas, ferrovias, portos, redes de comunicação, etc., se deterioram a olhos vistos. O atraso é impressionante. Basta citar que em pleno século 21 somente 12% das rodovias brasileiras são pavimentadas. Isso tem graves reflexos. Infraestrutura precária compromete a produtividade do setor privado, reduz o lucro das empresas e inibe brutalmente a geração de empregos.
A crise econômica não se limita à infraestrutura, é claro. Há claros sinais de estagnação nos serviços e no comércio de atacado e varejo – que sempre responderam por uma boa parte dos novos postos de trabalho. Os números são igualmente preocupantes. Exemplo: o volume de serviços em agosto deste ano caiu 11% quando comparado a 2015. Na indústria a produção está na mesma situação e a construção civil se manteve parada nos últimos três anos.
A lucratividade das empresas não financeiras que ainda se mantiveram ativas caiu de forma surpreendente. A margem de lucro líquido das indústrias (exceto Petrobrás e Vale) recuou de 2,9%, no primeiro semestre de 2017, para apenas 1,7% em 2018 (dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e o endividamento aumentou 6% só neste ano.
Fala-se muito na força das firmas pequenas e médias para gerar empregos. Elas contam muito, é verdade. Mas as grandes empresas, com mais de 250 empregados, contam muito mais, pois respondem por 43% do emprego formal e de melhor qualidade. Entre 2015-2016 essas empresas não só deixaram de contratar, como demitiram cerca de 6% dos seus empregados, agravando o quadro do desemprego (dados da Relação Anual de Informações Sociais – Rais).
Em suma, a recessão devastou o Brasil e derrubou todos os indicadores sociais. E não há sinais de retomada no curto prazo. As expectativas para o aumento do PIB em 2018 caíram de 3% em janeiro para 1,3% atualmente. A economia brasileira perdeu sua vitalidade, com exceção do setor agropecuário, que continua dinâmico, mas que gera poucos novos empregos.
Tudo isso se refletiu no mercado de trabalho. A reforma trabalhista não tem nada que ver com o desemprego e a informalidade reinantes. Para os presidenciáveis que atribuem a causa desse desastre à referida reforma e prometem revogá-la, pergunto: feito isso, o desemprego e a informalidade acabarão? Os empregos voltarão?
Os eleitores merecem respeito. O Brasil precisa voltar a crescer e, nessa retomada e ao longo dos anos, a reforma ajudará a melhorar a produtividade e a capacidade de geração de empregos das empresas brasileiras.
José Pastore – PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, É PRESIDENTE DO CONSELHO DE EMPREGO E RELAÇÕES DO TRABALHO DA FECOMERCIO-SP E MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS
Fonte: O Estado de S. Paulo – 27/09/2018.

Veja mais >>>
07/05/2025 12:24 - Supermercado obtém direito a créditos de PIS e Cofins sobre veículos07/05/2025 12:21 - Corretora e empresa de pagamentos não respondem por atraso na entrega de imóvel, decide Terceira Turma
07/05/2025 12:20 - STJ admite correção do valor da causa no cumprimento de sentença
07/05/2025 12:20 - Mantida dispensa de analista que acessou remotamente sistema de banco para burlar ponto
07/05/2025 12:19 - Câmara instala comissão sobre isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil
07/05/2025 12:19 - Câmara aprova projeto que amplia número de deputados federais
07/05/2025 12:18 - CARF divulga novo calendário de sessões de julgamento para 2025
07/05/2025 12:18 - TRT1 - Acesso ao PJe volta a ser feito somente pela PDPJ a partir desta quinta-feira (8/5)
07/05/2025 12:17 - Suspensas as atividades presenciais nas unidades do TRT-RJ no município do Rio de Janeiro no dia 7/7
07/05/2025 12:17 - TRT2 - Sistema PJe passa por manutenção preventiva neste fim de semana (10 e 11/5)
07/05/2025 12:16 - TJ/SP - Servidores das unidades de competência dos JECs da 2ª, 3ª, 5ª, 6ª e 8ª RAJs recebem capacitação do sistema eproc
07/05/2025 12:16 - Receita Federal não envia SMS nem mensagens por WhatsApp para realizar cobrança de débitos de MEIs
06/05/2025 10:36 - Câmara instala comissão do Imposto de Renda nesta terça-feira
06/05/2025 10:36 - STF vai decidir se contrato civil de trabalhador autônomo para prestação de serviços é lícito
06/05/2025 10:35 - Acordo que reconheceu vínculo de emprego em outro processo afasta execução trabalhista contra engenheiro