Um ano após a aquisição da Vitarella, última de uma série, o Grupo M. Dias Branco - líder na fabricação de massas e biscoitos no Brasil - estuda realizar novas compras, inclusive em segmentos em que ainda não atua, como pré-mistura para bolos, barrinhas de cereais e chocolates e bombons, segundo informou o diretor de Relações com Investidores da companhia, Álvaro de Paula. "Somos uma empresa de alimentos e não de biscoitos e massas. Estamos cientes das tendências de consumo por praticidade e produtos saudáveis e queremos nos consolidar como um player desse mercado", disse Álvaro.

O executivo informou que vários ativos estão em análise, mas não revelou o número, nem a localização. "Estamos olhando todo o Brasil, mas é mais provável que ocorra fora do Nordeste", acrescentou o diretor da M. Dias Branco, que nasceu como uma padaria no Ceará. Segundo ele, o grupo pode fechar alguma operação ainda este ano. "Não há como garantir ainda, porque são operações complexas e algumas envolvem valores relevantes", ressalva. Por valores relevantes, Álvaro considera uma operação como a da Vitarella, que foi fechada em 2008 por cerca de R$ 670 milhões. "Também podemos ter operações relevantes com valores menores, porém com alta possibilidade de sinergia nos negócios, o que gera grande impacto nos resultados", completou.

Em termos de margem, segundo o executivo, a melhor oportunidade é no segmento de biscoitos, negócio que representa a maior parte do faturamento do grupo. Em seguida estão massas, com 25,1%; farinha e farelo, com 18,7% e margarinas e gorduras, com 4%. "O fator fundamental na escolha dos alvos é comprar uma boa marca, que permita o lançamento de diversos produtos. Nosso objetivo é sempre maximizar o resultado", disse.

Novas fronteiras. Na escolha dos ativos, além de uma marca forte, o grupo também leva em conta a possibilidade de atuar em regiões onde ainda não tem participação tão relevante, como o Centro-Oeste do País, além de Minas Gerais e Paraná, informou Álvaro. Segundo ele, também é importante na decisão de uma aquisição que a empresa tenha um sistema de distribuição adequado ao modelo da M. Dias Branco, além de tecnologia de produção e boa capacidade instalada. "Esses são os principais fatores. Depois vem a questão do preço e as contingências fiscais, cíveis, trabalhistas e previdenciárias", considerou.

De acordo com o diretor, a M. Dias Branco poderá realizar oferta primária de ações em algum momento. Para Álvaro, o grupo caminha para ser um consolidador do mercado nacional com atuação no mercado internacional. "Vamos avançar na estratégia de internacionalização, transformando as exportações em um quesito mais relevante na nossa pauta de receita", disse. Hoje, a empresa exporta menos de 1% de seu faturamento, com vendas basicamente para a América Latina e África. "Estamos desenvolvendo expertise e relacionamento nas exportações", disse.

Além do apetite por aquisições, o grupo também tem planos para o crescimento orgânico. Serão investidos R$ 63 milhões no aumento da capacidade do moinho localizado na Paraíba, de 380 toneladas/dia para 880 toneladas/dia, e da refinaria de óleos, de 220 toneladas/dia para 520 toneladas/dia. "Também estamos fazendo aquisição de novas linhas de biscoitos para as unidades na Bahia e em Pernambuco e de novas linhas de massas instantânea para unidade da Bahia, além da substituição de linhas antigas em algumas das unidades em São Paulo e no Rio Grande do Sul", disse.

O aumento da capacidade do moinho da Paraíba também permitirá à companhia elevar a produção para consumo próprio de 64% para mais de 90%. O moinho fica a cerca de 90 km da fábrica da Vitarella, onde a empresa construiu silos para armazenar a farinha, e deve entrar em operação em dezembro com a nova capacidade. Segundo Álvaro, o grupo pode ter 100% de produção de farinha para consumo próprio.

Gigante em massas e biscoitos

Segundo Álvaro, a M. Dias Branco tem 22% do segmento de massas no Brasil e 20% do segmento de biscoitos. Entre seus principais concorrentes nesses setores estão J.Macedo, Santa Amália, Celme e Vilma, em massas, e Nestlé, Marilan, Frakt, Bauducco, Piraquê e Mabel, em biscoitos.

No primeiro semestre deste ano, a companhia registrou receita líquida bruta de R$ 1,4 bilhão. Deste total, 66,7% vem de vendas no Nordeste, 19,6% no Sudeste, 7,5% no Sul e 6,2% nas demais regiões. No período, a empresa vendeu 174,5 mil toneladas de biscoitos e 125,8 mil toneladas de massas.

Entre as principais marcas do grupo estão a Isabela, Basilar, Zabet, Richester, Fortaleza, Mais Sabor, Finna e Adria. Esta última, que projetou a M. Dias Branco nacionalmente, foi adquirida em 2003. Neste ano, a Adria renova a marca com o objetivo de se aproximar do consumidor.

A logomarca e as embalagens serão alteradas e modernizadas gradualmente, embora a partir desse mês o novo visual já possa ser encontrado nas principais redes de supermercados, lojas de conveniência e padarias. A Adria representou 8,8% da receita líquida da empresa na primeira metade deste ano.

Veículo: Jornal do Commercio - RJ