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14/11/2018 11:57 - Novo governo deve apertar crédito e abrir mais espaço a bancos privados

O novo governo eleito deve ser mais restritivo na liberação de crédito agrícola e deixar espaço para o mercado atuar na concessão de recursos para a agropecuária.

 

“Não faltará crédito para o setor, mas as fontes vão mudar”, afirmou nesta terça-feira (13) o vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil, Tarcísio Hübner, durante o evento Summit Agronegócio Brasil 2018. “Vamos ter um governo mais restritivo, que vai colocar menos dinheiro e deixar o mercado atuar, isso é fato. Os recursos podem ter preços e condições diferentes, mas haverá novas fontes”, acrescentou o executivo, citando como exemplo a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). Ele defendeu que a cadeia produtiva precisa de juro baixo, seja subsidiado ou não.

 

A liberação de crédito agrícola no ano safra 2018/2019 já chega a R$ 64 bilhões, um incremento de 26% ante o mesmo período do ciclo anterior, segundo o Ministério da Agricultura (Mapa). O valor anunciado pelo governo foi de R$ 194 bilhões para esta temporada. “Os bancos estão com maior demanda de crédito com o plano safra atual do que no anterior e o risco de escassez de recursos já se faz presente”, observou. Todo o recurso do Fundo de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), por exemplo, já foi liberado pela primeira vez neste período.

 

O secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Luís Eduardo Pacifici Rangel, destacou que o tema já está sendo debatido. “O orçamento desse ano foi focado no seguro e no crédito. Se isso vai se consolidar ou não na versão final é uma outra história, mas é uma sinalização de que há intenção de se fortalecer o crédito e o seguro”, esclareceu.

 

Rangel ainda destacou que não há indicação de uma retaliação de países árabes após a recente declaração do presidente eleito Jair Bolsonaro sobre a intenção de mudar a embaixada do Brasil em Tel Aviv para Jerusalém. O Egito suspendeu a visita ao ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, prevista para este mês após a fala.

 

“As questões políticas influenciam as negociações, mas acredito que é muito cedo para ter qualquer tipo de embaraço. O que a gente fica muito alerta é com relação a eventuais excessos que esses mercados possam fazer no processo de inspeção para tentar criar algum caso real para tentar justificar esse discurso político.”

 

Rentabilidade

 

As margens do produtor de soja devem recuar na nova safra para algo em torno de R$ 1,1 mil por hectare ante projeção feita em agosto, de R$ 1.458, estimou o diretor de Agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes. “Temos a safra com um bom volume de chuvas, o que é um bom indicativo de produção total, então a projeção de produção poderá ser revista nas próximas semanas. No entanto, a queda no dólar afeta a receita na safra de verão, então podemos ver uma redução da margem por hectare em relação ao que tínhamos para agosto”, disse.

 

Fernandes ressalta que ainda assim trata-se de uma margem positiva. “Porém, é desigual regionalmente. Como o custo de logística é fixo em reais, percentualmente as regiões mais distantes do porto, notadamente Mato Grosso, sofrem mais que outras na margem”, destaca.

 

Ele avalia que o produtor poderá ter uma geração de caixa boa, na esteira de duas safras muito boas. “O produtor entrou a temporada 2018/2019 bastante capitalizado e na próxima safra fará mais caixa. A gente vê uma grande tranquilidade do ponto de vista financeiro”, esclarece.

 

Guerra comercial

 

De acordo com o sócio diretor da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, as cotações da commodity serão boas para a próxima safra, devido à continuidade da guerra comercial entre China e Estados Unidos.

 

Na avaliação do vice-presidente da ED&F Man Capital Markets, Michael McDougall, essa disputa deve durar por bastante tempo, ainda que os líderes dos dois países tenham sinalizado uma conversa no G20. “Com os democratas assumindo poder, isso não vai reverter a situação mas pode até piorar” afirmou. “Acho que o problema vai se prolongar, mas a China não vai querer depender do Brasil exclusivamente, visto que já fez acordo com a Rússia e reduziu as tarifas de importação de Canadá e de países da África. Produtores de soja devem aproveitar essa janela de oportunidade. ”

 

Fonte: DCI

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