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03/10/2018 11:18 - Demanda por fertilizantes no Brasil deve crescer 3% no próximo ano

A demanda por fertilizantes em 2019 deve crescer entre 2,5% e 3% em um cenário do produtor mais capitalizado. Caso a projeção se confirme, será a repetição do avanço esperado para este ano, quando as entregas devem somar 35,5 milhões de toneladas.

 

“Por ora, as margens das principais culturas estão boas e esse cenário não deve se alterar até o momento de tomada de decisão para a próxima safra”, avalia o analista sênior para a área de insumos do Rabobank, Matheus Almeida. Segundo ele, alguns produtores já estão cotando preços para as aquisições do insumo destinadas ao próximo ano.

 

Para 2018, o banco revisou, no final de setembro, a perspectiva inicial de crescimento de 2,5% para 3%, com base na elevação das entregas de agosto, que somaram 18,9%, e na perspectiva de aumento de área de culturas relevantes como soja e algodão. No ano passado, o volume foi de 34,4 milhões de toneladas.

 

“Houve uma antecipação de parte das entregas que seriam feitas no final do ano, já que muitos produtores ficaram com medo de que faltasse produto para o plantio da safra de verão”, diz Almeida. Essa preocupação se deve à greve dos caminhoneiros, em maio. Naquele mês, as entregas recuaram 27,3%.

 

No acumulado de janeiro a agosto deste ano, foram entregues 21,6 mil toneladas, segundo dados do relatório de setembro da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda). O crescimento é de 5,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

 

A antecipação das compras de fertilizantes ocorre em um cenário de commodities com preços elevados, e beneficiados pela depreciação do real frente ao dólar, especialmente no caso de soja e algodão, em que a perspectiva é de um avanço na área cultivada. Para a oleaginosa, a projeção é de uma área de 36,7 milhões de hectares, alta de 4,5% em relação a 2017/2018 e um novo recorde para a cultura.

 

No caso do algodão, o banco estima um aumento de 18% na área cultivada, para 1,4 milhão de hectares. “Para essas culturas, o aumento da receita foi superior ao crescimento dos custos dos fertilizantes, que registraram alta de até 60% – em reais – para a safra 2018/2019”, afirma Almeida.

 

De acordo com relatório do banco, a tabela do frete, criada após a greve, encarece os custos de transporte de fertilizantes em 2%. Essa questão está em aberto, já que a constitucionalidade do tabelamento ainda não foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Os preços das matérias –primas dos fertilizantes, por outro lado, aumentaram de 14% a 25% no mercado internacional. Entre junho e setembro, o incremento em dólar chegou a 20% para a uréia, 7% para o MAP (fosfato monoamônico) e 4% no KLC (cloreto de potássio). Na comparação anual, essas altas atingiram 26%, 30% e 16%, respectivamente. No entanto, ele explica que nos últimos doze meses tanto a soja quanto o algodão valorizaram menos que os fertilizantes. Porém, a desvalorização cambial tem um impacto maior na receita dos produtores do que no aumento dos custos.

 

Outras culturas, como cana-de-açúcar e café, tiveram queda nos preços, o que deixou as margens dos produtores mais apertadas, uma vez que representam 30% do custo de produção em média. O período de entrega dos produtos para o plantio da safra de verão se estende até dezembro, com maior intensidade até outubro.

 

Estoques

 

Conforme Almeida, os estoques de fertilizantes estão baixos, resultado da incerteza em relação às entregas após a greve dos caminhoneiros. “Os estoques são os mais baixos desde 2010. Naquele ano, o volume de entregas representou dois terços do que se espera para 2018”, afirma. Em agosto, o estoque era de 5,3 milhões de toneladas de fertilizantes ante 7,2 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior.

 

“Isso pode levar a um desabastecimento pontual, mas não deve afetar de forma significativa as entregas”, observa o analista do Rabobank. Desta forma, ele espera que quem não antecipou as compras terá que lidar com preços mais elevados, ainda que o volume de importações registre boa quantidade. “O mercado brasileiro deve se descolar do internacional e os preços devem continuar altos”, prevê.

 

Fonte: DCI

 

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