Dona da fabricante de eletrodomésticos Mallory, a espanhola Taurus nunca usou outra marca além da própria Mallory, comprada em 2002, no Brasil. Nunca até o final do ano passado. Em dezembro, depois de perceber que era hora de amadurecer a presença no País, a Taurus trouxe o MyCook, um processador de alimentos inteligente já consolidado no mercado europeu. Agora traz a linha Coffeemotion, uma cafeteira expressa para o uso doméstico que aguarda apenas o contrato com os primeiros distribuidores para estar nas lojas ainda no Dia das Mães. Na lista, estão supermercados e redes onde a Taurus pode vender em conjunto tanto a cafeteira, como os blends, como são chamados os sachês especiais de pó de café usados nas máquinas expressas.

Estes não só são os primeiros produtos extra-Mallory que a Taurus coloca no Brasil, como também o Brasil é o primeiro no roteiro fora da Europa a receber a linha. O Coffeemotion, que já é comercializado na Espanha, Portugal, França e Itália há 5 meses, chega em maio ao País para seguir depois para México, Índia e África do Sul. Coffeemotion é comercializado como marca própria, sem vínculo direto nem com a Mallory, nem com a Taurus.

"A Europa já é um mercado saturado, enquanto no Brasil muita coisa ainda é nova. Aqui, o nível de pessoas fora do consumo, que estão comprando agora sua primeira geladeira ou seu primeiro liquidificador, ainda é grande, o que amplia o potencial de crescimento", apontou o gerente geral da Mallory e da Taurus no Brasil, Alberto Betrian.

Produtos já difundidos na Europa - onde ter empregada é luxo e o acesso aos eletrodomésticos que têm diferentes funções é comum -, um processador que também cozinhe os alimentos ou uma cafeteira expressa dentro de casa são novidades para o Brasil. Betrian calcula uma proporção em que, enquanto 200 mil cafeteiras expressas domésticas são vendidas em um ano na Espanha, no Brasil são 20 mil. "Não estamos nem disputando participação aqui. Tanto nós, quanto a Nespresso (da Nestlé) ou outras estamos criando um mercado praticamente novo", disse.

A estratégia da empresa é ampliar o alcance dos produtos para além das classes populares, mercado em que a Mallory se consolidou. Produzido por parceiros na Espanha com grãos importados do próprio Brasil, o pó para a máquina expressa poderia ser mais barato se feito localmente, o que é um plano da Taurus. "Estamos procurando parceiros, mas ainda não há nada em vista", disse Betrian.

Já os equipamentos são produzidas pelas fábricas da Taurus na China e trazidos ao Brasil. "Ainda continua sendo mais competitivo."
Empresa criada no Brasil e que já foi grande produtora de componentes para linha branca, a Mallory mudou seu foco após 1992, quando a abertura de mercado reduziu seu negócio original. Passou a fabricar ventiladores e liquidificadores, foi comprada pelo grupo francês Moulinex e se consolidou como marca popular nestes produtos.

Quando finalmente foi comprada pela Taurus, possuía um portfólio de seis produtos. Entre a criação de novas linhas e de modelos dos mesmos produtos para os diferentes bolsos, a Mallory chegou ao catálogo de mais de 150 títulos que possui hoje, que vão desde os tradicionais ventiladores até ferramentas elétricas, microsystems e adegas de vinho.

Veículo: Gazeta Mercantil