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25/10/2017 10:26 - Indústria deve apurar alta de 2% em volume

Após encerrar 2016 estagnado, o setor lácteo de Minas Gerais deve fechar 2017 com crescimento de aproximadamente 2% no processamento de leite, próximo a 9,3 bilhões de litros. O aumento se deve basicamente à redução dos custos de produção, o que favorece o crescimento da captação de leite, pelos produtores. Com preços em queda e a concorrência com os produtos importados, todo o setor lácteo vem amargando prejuízos e trabalhando com margens estreitas, o que desestimula os investimentos na indústria.

 

De acordo com presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), João Lúcio Barreto Carneiro, enquanto no ano passado a produção mineira ficou estagnada, a tendência para 2017 é de pequeno crescimento.

 

“Este ano estamos registrando um incremento na produção do Sudeste, principalmente em Minas Gerais, e no Sul do País. No Estado é esperada alta em torno de 2% na produção, alcançando cerca de 9,3 bilhões de litros de leite. O crescimento vem pela redução dos preços da matéria-prima, principalmente do milho e da soja, que são utilizados na alimentação animal. Além disso, viemos de um 2016 que foi positivo para os pecuaristas e isso também contribui para a maior produção de leite”, explicou.

 

Retração - Em função da maior oferta de leite, tanto nacional como importado, e do alto índice de desemprego, o mercado interno para os produtos lácteos segue retraído. Com demanda enfraquecida, os efeitos negativos são sentidos em toda cadeia e o principal impacto é na redução dos preços dos lácteos.

 

A crise econômica e a redução da renda das famílias também contribuíram para que o consumo per capita de produtos lácteos no País tenha recuado nos três últimos anos. De acordo com o Silemg, enquanto em 2014 a média de consumo estava em torno de 176 litros de lácteos per capita, a tendência é encerrar 2017 com o consumo abaixo de 170 litros per capita ao ano, sendo o recomendado pela OMS o consumo de 180 litros por pessoa ao ano.

 

“A crise econômica e o alto índice de desemprego reduziram o consumo de lácteos e afetaram muito a indústria. O setor industrial de lácteos está vivendo um momento de preços muito baixos e, consequentemente, a redução é repassada ao pecuarista. É um cenário que prejudicou a cadeia como um todo. A queda no consumo é vivida em todo o País e para continuar vendendo o montante que produzimos, a única forma foi reduzir os preços para recuperar o volume de vendas. O resultado são preços muito baixos, com leite

longa vida, por exemplo, sendo comercializado de R$ 1,88 a R$ 1,98 por litro”.

 

Com a redução das margens de lucro, as indústrias, segundo Carneiro, estão evitando novos aportes em expansão e produtos. “O setor foi muito impactado e isso reflete de forma negativa nos planos de investimentos”

 

Expectativas - Ainda segundo Carneiro, a demanda pelos produtos lácteos deve ser favorecida no último trimestre de 2017 e um dos fatores que pode contribuir é o início da recuperação da economia nacional.

 

Outro fator positivo é o aumento da remuneração da população no último bimestre, o que é proporcionado pelo pagamento do 13º salário.

 

“No quarto trimestre, a gente começou a ver um início de recuperação da economia do País e um possível aumento do consumo pode ajudar o setor no final de 2017 e minimizar os prejuízos acumulados”.

 

A suspensão, mesmo que temporária, das importações de leite do Uruguai, também é um fator favorável para toda a cadeia do leite. Carneiro explica que ao longo do ano, mais de 40 mil toneladas de leite em pó provenientes do Uruguai entraram no País, o que prejudicou a cadeia produtiva do leite.

 

Para o representante do Silemg, a estipulação de uma cota de leite para o país vizinho seria ideal para que o setor produtivo nacional tenha uma previsão do ingresso de leite e possa planejar ações.

 

“A suspensão veio em bom momento e ajudou a cadeia a ver uma luz no fim do túnel. Sabemos que é a suspensão é temporária, mas este temporário tem efeito positivo na cadeia. Com isso, talvez, o Brasil consiga fechar um acordo e estipular cota de importação, como já é feito com a Argentina. É importante ter uma cota estabelecida para termos precisão de quanto de leite pode chegar do Uruguai”, disse Carneiro.

 

Fonte: Diário do Comércio de Minas

 

 

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