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04/08/2017 11:34 - Varejo espera efeitos da nova CLT para reviver 'anos de ouro'
São Paulo - Frente às mudanças nas leis trabalhistas, que entrarão em vigor a partir de novembro, o varejo se prepara para receber um impulso na geração de empregos. De acordo com o CEO da varejista de moda Riachuelo, Flávio Rocha, o setor apresenta sinais de retomada, impactado pelos cortes na taxa de juros e a queda da inflação.
"A reforma trabalhista é fundamental, principalmente para essa grande transformação da economia puxada pelo varejo. Nós tínhamos uma lei trabalhista completamente desatualizada, anacrônica, de quando a única esperança de emprego formal era a indústria. Hoje, a indústria representa menos de 9% dos empregos no Brasil; varejo e serviços já representam 75%. A indústria pode conviver com aquele horário mais rígido, mas as lojas de varejo e serviços têm que prestar o serviço na hora em que o cliente deseja", opina o CEO da Riachuelo, Flávio Rocha.
Segundo o executivo, que discursou sobre as tendências do mercado varejista no Brasilshop São Paulo 2017, evento organizado pela Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop), o comércio deve ser impactado positivamente com a reforma trabalhista, sancionada recentemente pelo presidente Michel Temer. Se hoje os funcionários das lojas do setor têm de cumprir uma jornada de trabalho extensiva em dias com pouca movimentação de clientes, a tendência é que uma carga horária mais 'flexível' seja desenhada após novembro, quando a proposta entrará em vigor.
Após a chamada 'década de ouro do varejo', que durou de 2003 a 2013, o setor está sofrendo com o momento conturbado do cenário político brasileiro. "Nós tivemos uma revolução transformadora de 2003 a 2013, onde o varejo saiu de coadjuvante para protagonista. Isso trouxe inclusão e inserção de 40 milhões de novos consumidores. Infelizmente, uma política econômica desastrosa trouxe seus efeitos e depois de uma década de ouro vieram dois anos de pesadelo", afirma Rocha.
Em ascensão, a Guararapes Confecções, controladora da Riachuelo, multiplicou o lucro em dez vezes no primeiro trimestre deste ano: passando de R$ 11,6 milhões nos primeiros três meses de 2016 para R$ 110,6 milhões no mesmo período deste ano.
"Fizemos o nosso melhor primeiro trimestre da história. Todos os sinais são claros de uma forte retomada. No caso da Riachuelo, esse resultado é impactado por efeitos macroeconômicos, mas também pelas transformações internas da Riachuelo, e da virada estrutural do modelo logístico, que proporcionou muito mais variedade no mix de produtos. As coleções estão muito mais atrativas. Estamos plenamente otimistas, retomando os nossos planos de expansão."
Novo conceito
Com 294 operações no País atualmente, a Riachuelo agora destina suas forças à remodelação do conceito das operações existentes e às novas soluções logísticas. Ao todo, a varejista deve investir cerca de R$ 500 milhões neste ano. "A principal conta de capex (investimento) para este ano são as reformas das lojas. São 40 lojas que estão se adaptando ao novo modelo, que proporciona mais variedade aos consumidores. Com o mesmo estoque, você tem muita variedade. Isso é consequência do novo modelo logístico com reposições diárias. As lojas não são mais abastecidas dentro de uma dose ou uma expectativa de venda de cada produto ou cada estação. Normalmente, as lojas são abastecidas em doses mínimas, com reposições diárias", admite Rocha ao DCI.
Através de um investimento mais agressivo em soluções de supply chain, a Riachuelo pretende entregar mais variedade aos consumidores em suas novas unidades. Agora, ao invés de receberem grandes volumes de produtos, as lojas têm o estoque renovado diariamente. "É um trade-off. Realmente é um sistema que exige uma sofisticação logística muito maior. Hoje em dia, é muito mais fácil abastecer a loja para uma estação, levantar as portas, esperar o fim da estação, ver o que sobrou e demarcar. Com esse investimento, a loja se transforma diariamente, não mais sazonalmente. A nova loja traz o que interessa ao cliente: muitos modelos, muitas cores, muitos tamanhos, muitas alternativas de escolha", corrobora o executivo.
Fonte: DCI São Paulo
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