As produções de hortaliças e morangos no Sul de Minas Gerais vêm sendo comprometidas pelos custos elevados, falta de crédito e preços abaixo do necessário para garantir retorno financeiro. No caso do morango a falta de pesquisas voltadas para o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas à região, resistentes às pragas e doenças e com maior produtividade é o principal gargalo. Com a situação desfavorável, muitos produtores têm abandonado as culturas. Neste mês, será realizada uma audiência publica, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), para discutir o assunto e buscar soluções.

O pedido para a realização da audiência foi feito pelo 2º vice-presidente da ALMG, deputado Dalmo Ribeiro. O objetivo é reunir produtores e representantes do governo de Minas Gerais para que os problemas sejam apresentados e atitudes tomadas.

Um dos principais gargalos enfrentados pelos produtores do Sul de Minas é a burocracia na hora de acessar os recursos do crédito, que também são escassos. O endividamento dos produtores e a falta de renegociação dos débitos também são problemas registrados na região.

"A região Sul de Minas Gerais é uma das principais produtoras de hortaliças, como a batata e o brócolis, e morangos do País. Nos últimos anos, devido ao clima, muitos produtores tiveram perdas e estão endividados. Por isso, é necessário que os bancos renegociem as dívidas já que o produtor fica impedido de acessar os recursos. Além disso, o processo para liberação do valor é burocrático. Queremos discutir o assunto e buscar solução para que os produtores continuem no campo, gerando empregos e renda", explicou o deputado Dalmo Ribeiro.

No caso específico do morango, a falta de pesquisas voltadas para a cultura é um importante gargalo. A demanda do setor é que as pesquisas, antes realizadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), sejam retomadas.

"O grande problema que os produtores de morango estão enfrentando é a falta de variedades produtivas, uma vez que a Epamig não está desenvolvendo atividades na área de morango no Sul de Minas. As variedades existentes são antigas, com baixo poder genético", disse o assessor técnico da Cooperativa dos Morangueiros Pantanenses (Coompa), José Silvério.

Importação - O produtor de morangos e tesoureiro da Associação dos Morangueiros de Estiva, Luiz Carlos de Souza, explica que a falta de pesquisas para o morango no Sul de Minas faz com que os produtores fiquem dependentes da importação de cultivares, processo que está concentrado na mão de poucos produtores e, por isso, os preços são altos e inviabilizam os investimentos dos pequenos produtores.

Além disso, os produtores de pequeno porte estão com dificuldades de acessar o crédito, que, além de ser um processo burocrático, está com juros elevados. Nos últimos anos, as condições climáticas desfavoráveis, o aumento significativo dos custos de produção e os preços de venda do morango abaixo do necessário para garantir renda provocaram o endividamento dos produtores. Com isso, muitos estão abandonando a cultura.

"Enfrentamos muita burocracia para acessar o crédito, principalmente os pequenos produtores. Com o aumento dos juros, a situação ficou ainda pior. Outro problema enfrentado é a queda no consumo provocado pela crise econômica. Na associação a demanda era de 1,8 mil caixas de morango por semana e agora vendemos apenas 900 por semana. Essa situação causa desânimo e os jovens já não querem ficar mais no campo", explicou Souza.

Fonte: Diário do Comércio de Minas