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30/03/2017 15:08 - Setor de alimentos terá espaço para recompor a rentabilidade

Nem mesmo a crise instalada no mercado das carnes, com investigação de pagamento de propina a fiscais e a gripe aviária no exterior, diminuiu a percepção do setor de alimentos processados de que em 2017 será possível recuperar a rentabilidade perdida em 2016.


"A estimativa de termos uma safra de grãos muito boa para 2017 deve favorecer a indústria de alimentos, porque isso implica em uma redução dos custos dos principais insumos usados por esse setor", explica o economista chefe da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Guilherme Leão. Ele lembra que a matéria-prima representa cerca da metade dos custos da indústria alimentícia.


"Com essa possibilidade de redução dos custos, teremos elementos favoráveis para que as empresas não sejam tão pressionadas em relação ao preço e possam operar com mais tranquilidade", avalia ele.
No último ano, muitas fabricantes sofreram com a alta no preço do milho, que além de ser usado diretamente na produção de alimentos, também compõe a ração de frango, importante insumo para o setor.


Para o ex-ministro da agricultura e presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, o custo dos grãos ainda pode ter alguma elevação para as granjas de frango.


A oferta de grãos voltou à discussão após a deflagração da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, que identificou fraudes em frigoríficos e desencadeou uma crise no setor. Consequentemente, a estimativa para a demanda no segmento de rações animais também mudou e derrubou as cotações de grãos na última semana, o que pode impactar a produção agrícola nos próximos meses.


O aumento dos custos com grãos no ano passado foi sentido pela Stival, que acabou repassando os gastos com insumo para o produto final, conta o diretor de operações da fabricante, Matheus Stival. Para 2017, ele prevê um cenário melhor para custo ao mesmo tempo em que as vendas devem continuar em alta.
O faturamento da Stival no último ano cresceu 35%, enquanto o volume avançou 10%. Para 2017, a estimativa do executivo é ampliar em 19% o faturamento e o volume de vendas. "Este ano o preço do feijão voltou aos níveis normais e os outros custos de produção, como energia elétrica e o milho, não devem ter grandes altas", comentou ele.


O frango, outro insumo das fabricantes de alimentos prontos, também deve apresentar um preço favorável em 2017, mesmo com o aumento da demanda internacional depois de casos de gripe aviária ao redor do mundo, avalia Leão da FIEMG.


Demanda interna
O economista crê no avanço da demanda por alimentos de maior valor agregado, como os prontos e semi-prontos para consumo, o que deve impulsionar a indústria alimentícia. "Na medida em que a inflação entrou em um processo de rápida queda, junto a redução dos juros, há um efeito positivo sobre a renda das famílias, que pode se traduzir no aumento do consumo de alimentos", avalia ele.


De acordo com a Euromonitor International, mesmo com o mercado interno ainda sentindo os efeitos da crise econômica, as refeições prontas já são consideradas essenciais para diferentes regiões e níveis de renda. No entanto, Operação Carne Fraca pode impactar o segmento de carnes processadas no curto prazo.
"É provável que o consumidor opte pela carne fresca ao invés da processada, quando possível", avalia a analista da Euromonitor, Renata Martins.


Eficiência
A Stival vem ampliando as vendas com a expansão da área de atuação e da linha de produtos semi-prontos, mas também concentra esforços para tornar a produção mais eficiente. "Nossas equipes são treinadas para operar mais de um tipo de máquina, evitando a ociosidade nas linhas", destaca Stival.


Na avaliação da diretora-presidente da consultoria Falconi, Viviane Martins, a escolha correta do mix de produtos a ser fabricado e a manutenção preventiva de máquinas e equipamentos são algumas das ações que otimizam o fluxo de produção e reduzem perdas para as fabricantes de alimentos.


"Na mão de obra também existe espaço para melhorias, por meio da gestão de processos. Mas, de maneira geral, o setor de alimentos tem um bom nível de automação", acrescente a analista.
Jéssica Kruckenfellner

 

 


Fonte DCI


 

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