Mercado que cresce em plena crise econômica e possui demanda reprimida, o vestuário plus size tem chamado a atenção de grandes e pequenas redes varejistas na operação física e na internet. Segundo a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), o segmento deve saltar 10%.

Uma das empresas atentas ao nicho é a Pernambucanas. No último domingo (6), a marca apresentou a nova coleção de peças dedicada exclusivamente ao público plus size, durante desfile de moda com o tema. Os trajes já ocupam espaço em todas as 310 lojas da rede. "Este ano vimos o interesse da Pernambucanas, mas outras lojas como a Marisa e a Renner, por exemplo, também já nos procuraram para mostrar as coleções de roupas para esse público", conta a idealizadora do Fashion Weekend Plus Size - maior evento de moda GG do País -, Renata Poskus.

Segundo ela, o mercado de vestuário plus size (peças com tamanhos acima do número 46) está aquecido pela demanda trazida por clientes exigentes, que buscam sofisticação e qualidade e que querem fugir do tradicional. "Os consumidores que buscam essas peças querem modelos iguais aos que são oferecidos para pessoas mais magras", explica.

Levantamento do site flaminga.com.br, que comercializa peças plus size, mostrou que 52% das mulheres que vestem tamanhos grandes ainda dizem sentir dificuldade no momento de comprar roupas. O estudo revelou também que, para essas consumidoras, os aspectos mais importantes na hora de adquirir as peças para o guarda-roupa são: conforto (99%), ajudar a disfarçar partes do corpo (91%), ajudar a valorizar partes do corpo (93%) e dar segurança (95%).

Ao atender as clientes que pesquisou, a loja prevê faturar até R$ 5 milhões este ano, o que representaria um crescimento acima dos 50%, já que em 2015 a empresa calculou R$ 3,3 milhões em receitas.

De acordo com a Abravest, esse segmento tem crescido cerca de 6% ao ano e movimentado mais de R$ 5 bilhões. No entanto, a associação acredita que este ano, mesmo em face da crise que afeta o varejo de forma contundente, o setor avance 10% em faturamento. Esse percentual corresponde a cerca de 300 lojas físicas e aproximadamente 60 virtuais.

Em agosto do ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que 56,9% dos brasileiros acima de 18 anos estão com excesso de peso, ou seja, têm um índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 25. O número chamou a atenção de empresários do setor.

Oportunidade

Uma das pessoas atentas ao dado do IBGE é a empresária Thábata Guarinello, de Curitiba, capital paranaense. Ela aponta que depois de pesquisar diversos setores e participar de consultorias de negócios, decidiu investir em um e-commerce de roupas premium para o público plus size.

"Inauguramos a Tresur em outubro de 2015 e tivemos vendas muito boas durante o Natal e a Black Friday. Após um janeiro mais fraco, começamos a perceber um aumento do fluxo em fevereiro", relata.

Com um crescimento médio de 20% ao mês, a loja possui um tíquete médio alto por cliente: entre R$ 350 e R$ 370.

As peças mais vendidas, até o momento, foram os biquínis.

"Por estarmos no verão, eles saíram mais, mas comercializamos até bijuterias", diz.

Thábata não mensura quanto deve faturar este ano, mas acredita no fortalecimento do mercado e no fato de haver uma demanda a ser atendida.

"Abrimos a loja justamente porque observamos que não havia nada que atendesse os anseios da classe A que veste esse tamanho", admite.

Veículo: Jornal DCI