A estratégia de oferecer ao consumidor produtos de desejo por preços mais acessíveis e reduzir expressivamente os custos garantindo crescimento apesar da crise deve levar a São Paulo Alpargatas a ampliar os investimentos em 2009. O orçamento prevê desembolso de R$ 89 milhões para as operações brasileiras, ante gastos de aproximadamente R$ 70 milhões em 2008. Além de máquinas e equipamentos mais modernos e produtivos, parte importada com o dólar mais caro e parte nacional, as aplicações consideram o desenvolvimento de novos produtos.

As medidas darão também maior capacidade para as fábricas, entretanto, esse ganho varia de acordo com o produto a ser fabricado e pode significar um aumento entre 10 e 18%, disse o presidente da Alpargatas, Marcio Utsch.

A Alpargatas Argentina - cuja aquisição foi aprovada pela Comisión Nacional de Defensa de la Competência (CNDC) em outubro do ano passado - deverá receber investimento equivalente a R$ 20 milhões para a atualização do parque fabril.

Os esforços de internacionalização da empresa do grupo Camargo Corrêa - dona de marcas como Havaianas, Topper e Rainha - resultou em crescimento de 51% nos volumes de venda no mercado externo e 132% em receita, disse Utsch. Além da aquisição da Alpargatas Argentina, a empresa também montou escritórios próprios nos Estados Unidos e na Europa. Nos EUA já são 2 mil pontos-de-venda. Entre os mercados de destaque no exterior também a Croácia e a Grécia têm despontado.

Apesar da decisão, tomada após o início da crise, de investir em produtos de preço mais acessível, a agressividade de lançamentos da Alpargatas em 2008 e a venda de produtos de maior valor agregado foram considerados fatores de destaque para a companhia registrar alta nas vendas e no lucro. O lucro líquido cresceu 33% no último trimestre de 2008 e alcançou R$ 74,1 milhões. A receita líquida somou R$ 540,78 milhões nos últimos três meses do ano, ante R$ 435,8 milhões de igual período do exercício anterior, alta de 24%.

No acumulado do ano, entretanto, o lucro líquido registrou queda, passando de R$ 211,1 milhões para R$ 173,2 milhões. O desempenho foi atribuído à redução no resultado financeiro e ao aumento das despesas com amortização e com equivalência patrimonial. Os números de 2007 incluem a venda de um imóvel no valor de R$ 46,4 milhões.

O balanço, explicou o diretor de relações com investidores da Alpargatas, Francisco Céspede, já segue as novas normas contábeis que serão obrigatórias a partir de 2010.

Volumes maiores

Do total de 182 milhões de pares de calçados vendidos no ano passado - alta de 10% na comparação com 2007 - 170,4 milhões foram sandálias. A venda de sandálias Havaiana e Dupé aumentou 3,5% no quarto trimestre. A venda de acessórios e vestuário aumentou 83% no ano, para 7 milhões de peças.

As operações externas da companhia garantiram 12,3% da receita bruta consolidada e 15% do volume total vendido.

Veículo: Gazeta Mercantil