Geral
27/01/2016 10:32 - Varejo controla custo de frete para driblar alta de preços de hortifrútis
Para driblar uma alta de 14,21% nos preços de produtos hortifrúti - como frutas, verduras, legumes e pescados -, no acumulado de 2015 ante 2014, empresários do setor varejista têm apostado no controle do frete para tentar diminuir custos e evitar um novo repasse ao consumidor.
A elevação foi apresentada no início do mês pelo indicador de preços da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), que indica que a alta nesses produtos ficou acima da inflação estiada de 10,7%.
Uma das estratégias citadas pelos comerciantes para frear a alta é o controle de custos com fretes, praticada pelo Emporium São Paulo. Para não ter produtos com prazo de validade estourados no setor de frutas, legumes e verduras, a companhia investe no controle sobre o momento da realização da compra. Além disso, a empresa conta com cinco caminhões que transportam os produtos do Ceasa para a loja, o que diminui os custos com frete.
"Eles não chegam a estragar, pois quando aumentamos o preço nas gôndolas, diminuímos os pedidos. Temos um comprador com preço tabelado que fica atento a qualquer mudança no valor do produto", destaca o diretor do Emporium São Paulo, Marcos Maluf.
O Índice de Preços no Varejo (IPV), que ajuda a avaliar os custos de vida na região metropolitana de São Paulo, encerrou 2015 com alta de 10,26%. A contribuição mais relevante para o aumento do indicador, vale destacar, veio do segmento de Transporte, já que, no período, o subgrupo Combustíveis (veículos) registrou avanço de 22,29%, sendo 13,58% a alta do óleo diesel.
O acréscimo obrigou os empresários a reajustar a logística de entrega de frutas e verduras aos pontos de venda. No caso do Grupo NK, que administra a rede Sacolão Saúde e que possui seis lojas na grande São Paulo, a saída foi aumentar o número de fretes diários para que os caminhoneiros pudessem ter uma rentabilidade e um número de viagens maior.
"Para aumentar o poder de carga e o número de viagens, instalamos plataformas para o transporte dos produtos nos caminhões dos funcionários", explica Paulo Brás, gerente de logística do Grupo NK. Segundo ele, com pedidos maiores, a empresa consegue reduzir o preço do frete, mesmo após o aumento do diesel.
Efeito sazonal
A sazonalidade e os efeitos do clima foram descritos pelos empresários como o fator fundamental na política dos preços dos hortifrútis.
Um exemplo de item que pode sofrer de acordo com o cultivo é o tomate. No início deste ano, por exemplo, a hortaliça, ao lado da cenoura, chegou a estar 50% mais cara devido à variações climáticas. É o que aponta o Boletim Prohort de Comercialização de Hortigranjeiros nas Ceasas em 2016, divulgado ontem (26) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
"Na loja, temos mais de um tipo de tomate. Enquanto um sobe [o preço], o outro tem queda, pois há uma migração dentro da categoria por produtos mais baratos", explica Maluf, do Emporium São Paulo.
Mesmo com o aumento de 14,31% nos preços dos produtos, a rede garante não ter alterado o mix de itens. "Continuamos trabalhando com produtos orgânicos, mas procuramos não ultrapassar o valor justo que o cliente está disposto a pagar", diz o diretor.
Segundo Maluf, o controle sobre a sazonalidade se faz necessária no setor de perecíveis, já que eles são mais sensíveis à variação de preço devido ao clima. "Se o preço aumenta, a compra cai. É automático", diz.
Estimativas
Consultada, a rede Peg Pese Hortifruti crê em bons resultados este ano, mesmo com uma possível inflação dos produtos. "Devido ao resultado de 2015, estamos mais otimistas, esperemos ter um crescimento de 31% com a abertura da nova unidade da rede", explica o gerente comercial da Peg Pese Hortifrutti, Marielson dos Santos Oliveira. Em 2015, a empresa cresceu 24% em comparação com o ano anterior.
De acordo com Oliveira, a rede procura manter negociações de preços com fornecedores para oferecer preços abaixo da concorrência
Já o Grupo NK faz uma previsão mais cautelosa. No entanto, há também a estimativa de um novo crescimento com a finalização das reformas de modernização das lojas até dezembro deste ano. "Acredito que isso atraia o consumidor, mesmo em períodos economicamente difíceis como este", comenta Brás, do Sacolão Saúde. Mesmo sem divulgar números, a empresa garante que registrou alta na receita com a estratégia de fretes, em 2015.
No Emporium São Paulo, a expectativa é de um crescimento real de 5%, e assim superar o resultado de 2015, que ficou 1% acima do verificado em 2014.
Veículo: Jornal DCI
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