Geral
20/10/2015 10:21 - Importadoras repensam negócios
Reajuste dos fornecedores chega a alcançar 30%, no entanto, lojas temem repassar aumento e afastar clientela.
Os estabelecimentos que trabalham, principalmente, com produtos importados, se esforçam para não repassar aos clientes o aumento dos custos provocado, sobretudo, pela elevação expressiva da moeda norte-americana frente ao real. Segundo as empresas ouvidas pela reportagem, o reajuste dos fornecedores chega a alcançar 30%. No entanto, elas temem que o aumento dos preços afaste, definitivamente, o consumidor, que já sofre com o incremento de várias outras despesas básicas.
A Enoteca Decanter, na região da Savassi, realiza antecipadamente, entre junho e agosto, a maior parte das compras que abastecem os estoques até o fim do ano. Conforme o diretor, Flávio Morais, 60% dos pagamentos foram efetuados antes da alta significativa da moeda norte-americana, que em setembro ultrapassou R$ 4. "Mas, é realmente difícil encontrar um importador que não esteja sofrendo com essa oscilação, principalmente ao longo dos últimos 45 dias", afirma.
O dólar valorizado e a inflação, que encurta cada vez mais o poder de consumo do brasileiro, obriga a empresa a traçar estratégias para motivar a clientela a ir às compras. "Estamos negociando o máximo possível e buscando novos fornecedores que ofereçam qualidade e preço mais acessível", revela ele. Para Morais, outra tendência é que o consumo de rótulos nacionais aumente.
Apesar dos desafios, a Decanter projeta para 2015 crescimento de 10% do faturamento frente ao ano passado, índice bastante inferior aos 20% registrados em 2014 sobre o exercício anterior. Morais acredita que estabelecer previsões para 2016 ainda seja precipitado. Ele apenas diz que "o próximo ano deverá demandar cautela".
Cautela - A Casa do Vinho, com duas lojas na região Centro-Sul da Capital, posterga ao máximo o reajuste dos preços. "A maneira que encontramos de segurar o cliente neste período de crise é praticar valores atrativos", declara a sócia-proprietária, Luiza Martini. A empresa também aposta mais em rótulos brasileiros. Por meio de uma parceria estabelecida com uma vinícola da região Sul, ela começou a comercializar no início do ano um espumante exclusivo a um preço mais em conta - R$ 49. "Penso que ele será um bom gancho para o Natal", aposta.
Luiza Martini não demonstra otimismo, quando o assunto são as vendas de fim de ano, tradicionalmente a melhor época para o varejo. Na visão dela, o consumidor está cauteloso e, por isso, evita quaisquer gastos supérfluos. "O último bimestre é um período muito importante para o nosso faturamento, mas prefiro não criar muitas expectativas. Se for mantido o mesmo resultado de 2014, será considerada uma vitória", avalia.
A Importadora Mistral, na região da Savassi, oferece cerca de 4 mil rótulos. O representante, José Maria de Carvalho, declara que a empresa mantém o compromisso de não deixar faltar nenhum produto para o cliente, independentemente das variações cambiais. Para não sobrecarregar o consumidor, a solução encontrada, conforme ele, é subsidiar a venda de alguns produtos e negociar preços melhores.
Ele acredita que os rótulos nacionais não devem ganhar espaço, mesmo com os importados mais caros. "Os espumantes brasileiros fazem sucesso até fora do País, mas o mesmo não acontece com os vinhos tintos e brancos, pois o brasileiro tem a falsa sensação que a qualidade deles é inferior. Assim, o cliente habituado a vinhos argentinos, chilenos e europeus não deve fazer essa substituição", opina.
Em contrapartida, ele observa que a alta do dólar traz algum benefício para o negócio. Isso porque, com a moeda norte-americana desvalorizada, o brasileiro viajava com mais freqüência para o exterior, onde encontrava o mesmo vinho a um preço mais barato. Agora, com o dólar em alta, antigos clientes retornaram ao estabelecimento. Esse é um dos motivos que levam a importadora a estimar variação positiva de 5% do faturamento sobre 2014. "Até setembro, conseguimos manter essa alta e espero que ela se permaneça até o Natal", projeta.
Padarias e empórios - As importadoras que têm o vinho como carro-chefe não são as únicas que sofrem com a valorização do dólar. A padaria Vianney, no bairro Funcionários, região Centro-Sul, tem um mix de 300 itens de produtos importados, entre vinhos, queijos, geleias, chocolates, batatas e petiscos, e também tenta minimizar os impactos da oscilação do câmbio.
De acordo com a sócia-proprietária, Isabella Carneiro Santiago, o repasse dos fornecedores chega a 30%, o que faz com que a empresa seja obrigada a reajustar, pelo menos parcialmente, os preços. Para ela, embora o consumidor demonstre mais receio antes de comprar, a Vianney pretende manter os importados nas prateleiras.
O Empório Ananda, no Mercado Central, investe em importações ao longo de todo o ano e não escapa dos efeitos do dólar alto. Segundo o gerente, Eduardo Carlos de Campos, os preços estão de 8% a 10% mais caros em relação ao ano passado. Os carros-chefes do local são as frutas secas e as oleaginosas. "Percebemos que o consumidor está pesquisando mais antes de comprar e que o poder de compra não é o mesmo. Então, se as vendas neste ano empatarem com 2014, o que eu acho difícil, já vamos estar muito satisfeitos", argumenta.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG
Veja mais >>>
25/10/2024 15:51 - Presente em 98,8% dos lares, macarrão é categoria potencial para varejo alimentar21/08/2024 17:56 - Consumidores brasileiros focam em alimentação saudável
28/06/2024 10:21 - Como será o consumidor de amanhã?
27/06/2024 09:15 - Show de Paul McCartney em Floripa tem apoio do Angeloni Supermercados
25/06/2024 08:58 - Supermercados “étnicos” ganham força no varejo americano
24/06/2024 11:22 - Grupo Pereira reforça inclusão no mês dos Refugiados e Imigrantes
24/06/2024 11:22 - Roldão beneficia 200 crianças com Arraiá Solidário
24/06/2024 11:10 - Mais uma inauguração: Rede Bom Lugar chega a São Miguel Arcanjo (SP)
24/06/2024 11:07 - Sam’s Club e Atacadão chegam juntos em João Pessoa (PB)
21/06/2024 09:04 - Sadia celebra os seus 80 anos em grande estilo
20/06/2024 09:07 - Supermercados Pague Menos participa de ações de empregos
19/06/2024 09:15 - Supermercadistas criam vídeos virais e atraem clientes
18/06/2024 08:54 - Grupo Savegnago abre 500 vagas de emprego para pessoas com mais de 50 anos de idade
18/06/2024 08:53 - Natural da Terra anuncia Paulo Drago como novo CEO
18/06/2024 08:50 - Coop anuncia novos executivos em sua diretoria