Geral
13/10/2015 10:09 - Uruguaios lotam comércio na fronteira com o Rio Grande do Sul
Desvalorização do real inverte fluxo de sacoleiros nas cidades que fazem limite com o Uruguai, enquanto lojas do país vizinho registram queda de até 85% nas vendas.
Por força da desvalorização do real, o comércio fronteiriço se inverteu. Em vez de caravanas de brasileiros em busca de bens importados, como ocorria há anos, o que se vê agora é uruguaios ingressando no Brasil, à procura de produtos muito mais baratos do que os encontrados no seu país.
Rivera, a maior cidade uruguaia fronteiriça com o RS, costumava receber 150 ônibus de brasileiros nos finais de semana e até 15 mil turistas – cenário que virou passado. Os ônibus sumiram, estacionamentos estão vazios, quartos de hotéis custam a encher.
A maioria dos lojistas uruguaios conta nos dedos os clientes. Sofrem não apenas com a falta da habitual clientela estrangeira, como assistem à debandada dos compatriotas. Nos finais de semana, até 500 veículos uruguaios adentram no Brasil, em busca de alimentos, combustível e roupas.
Quem considera caro o combustível no Brasil leva choque ainda maior quando
passeia no Uruguai e reabastece por lá. Em pesos, o litro da gasolina equivale a R$ 6,21. Já na cidade de Jaguarão, na fronteira do sul do Estado, custa R$ 3,90 – caríssimo para brasileiros, mas quase metade do preço para uruguaios. Isso explica por que todos os dias uma romaria de carros do Uruguai atravessa a ponte Mauá ao Rio Grande do Sul apenas para encher o tanque.
Lojas e supermercados brasileiros também estão lotados de uruguaios. A cota de compras permitida pela alfândega é de apenas US$ 150 (cerca de R$ 570). Mas, nos dois supermercados Niederauer de Santana do Livramento, carrinhos com as compras do mês feitas pelos hermanos superam em muito essa cota. Para escapar da Aduana, usam ruas menos movimentadas. Gerente do Niederauer, Eli Kaiser calcula que o movimento de uruguaios dobrou: — Eles pelam as prateleiras. O custo está na metade do que pagam em Montevidéu.
Raul (que fornece só o primeiro nome, com medo de fiscalização) é um dos que saiu da capital uruguaia para comprar na fronteira gaúcha. Ele ressalta que uma blusa feminina de algodão de qualidade média sai por R$ 18 no Brasil e o equivalente a R$ 72 na maior parte de seu país.
Uma lata de café custa aos uruguaios R$ 13 no Brasil e o equivalente a R$ 26 em Rivera. Um tubo de pasta de dentes sai por R$ 4 em Jaguarão e cerca de R$ 8 na vizinha cidade uruguaia de Rio Branco.
Freeshops vazios amargam prejuízo
O fenômeno faz pulsar o comércio brasileiro na fronteira, enquanto os freeshops uruguaios estão semivazios. Lojistas calculam que a queda é de 85% nas vendas.
– A gangorra do câmbio agora favorece os “hermanos”. Tem muito shopping uruguaio fechando. Sei de investimento de US$ 70 milhões, em centro comercial em Rivera, que sequer foi aberto, por absoluta falta de clientes – conta Sérgio Renato de Oliveira, presidente da Associação Comercial e Industrial de Santana do Livramento.
Zero Hora ficou 15 minutos em um conhecido shopping de Rio Branco e viu só um casal de clientes. Pudera: um litro de uísque Chivas Regal 12 anos, por exemplo, é vendido a US$ 99 – ou R$ 380 no câmbio oficial. Caro para brasileiros. Um dos poucos preços mantido é do vinho – um chileno Casilero del Diablo sai por R$ 30, pouco mais barato no Uruguai do que no Brasil.
Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Jaguarão, Maria Ema Lippolis classifica a inversão comercial como “um pequeno respiro para os brasileiros”: – Especialmente para roupas e combustível. Nos demais setores, os uruguaios permanecem competitivos.
Comerciantes de Rivera, no Uruguai, calculam que até 70 pequenas lojas tenham fechado recentemente em decorrência da desvalorização do real e da consequente fuga dos turistas brasileiros. Como enfrentar o problema? Alguns experientes negociantes acreditam ter encontrado uma fórmula: liquidações.
Os lojistas de Rivera inventaram, por exemplo, o “Dólar Maluco”: convertem US$ 1 por R$ 2,70, enquanto no Brasil o dólar está cotado a R$ 3,80. Como conseguem isso? Trabalham com produtos comprados no tempo em que a cotação da moeda americana estava mais baixa. Os estabelecimentos que não têm estoque correm sério risco de falir.
Dono de duas lojas de calçados em Rivera e duas na cidade de Santana do Livramento, o comerciante Raiman Baja – vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Livramento (Acil) – tem driblado a crise com queimas de estoque: oferece tênis de corrida por até R$ 125, quando poderiam custar R$ 500. Prefere vender, mesmo quase sem obter lucro: – Consegui, com isso, garantir trabalho aos meus 10 empregados. Se souber diminuir a margem de lucro, o comerciante uruguaio vai driblar essa crise em meses.
Veículo: Jornal Zero Hora - RS
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