Produtores do óleo de palma pedem incentivo ao governo


Abalada pela queda no valor das commodities, a indústria do dendê e do óleo de palma enfrentou crise no ano passado, deverá fechar este ano novamente em prejuízo e, sem perspectiva de melhoria, a previsão é que em 2016 o saldo do setor continue no negativo. Nos últimos dois anos, o valor da tonelada do óleo caiu de US$ 900 para US$ 400. Para tentar reduzir os impactos da crise, representantes desse segmento estiveram reunidos esta semana com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Armando Monteiro Neto, na expectativa de trazer incentivos à cadeia produtiva.

A Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma) entregou ao ministro projeto para a inclusão do óleo refinado de palma na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec). O pleito do setor elevaria de 10% para 35% o imposto de importação ao óleo refinado que entrasse no Brasil, protegendo assim a indústria local.

“O projeto da Letec não é algo do tipo ‘quero salvar a minha ineficiência a troco de um imposto’. Pelo contrário. O que a gente quer é um negócio de curto prazo, que tem incidência somente em cima de um produto específico. Essa medida nos dará fôlego para preparar as ações de ganho de competitividade. Nós só queremos competir de igual para igual”, justificou o presidente da Abrapalma, Marcelo Brito.

A intenção do setor, que ainda não é autossuficiente, precisando importar o produto de outros mercados, é estimular a importação do óleo bruto. Dessa forma, o refino seria feito pelas indústrias brasileiras, agregando valor a economia local. Atualmente, o Brasil produz cerca de 300 mil toneladas/ano de óleo de palma e apresenta um consumo anual de 490 mil toneladas. Além de ser utilizado na indústria alimentícia, o produto é matéria prima da indústria química, de cosmético e biocombustível.

De acordo com Marcelo, a expectativa é que nos próximos dois anos o País se torne autossuficiente na produção do óleo, atingindo patamar que lhe assegure atender toda a demanda interna. “A nossa previsão para o ano que vem é produzir acima de 500 mil toneladas por ano. O setor está construindo refinaria nova no estado de São Paulo e vai investir para iniciar o processo de cabotagem no Brasil. Existe todo um plano de investimentos sendo feito por essa indústria, investimento pesado para que a gente transforme o Brasil em um país autossuficiente do óleo, mas não vamos dar conta de passar três anos seguidos no prejuízo”, comentou.

Dados do setor apontam que dos 20 mil empregos diretos na indústria de transformação do dendê, cinco mil foram fechados e mais dois mil deverão ser extintos até o final deste ano.



Veículo: Jornal O Liberal - PA