Comportamento mais "prudente" do consumidor é atribuído ao quadro recessivo do País

Cautela é a palavra da vez em meio ao cenário de crises econômica e política no País. Não é à toa que o belo-horizontino não pensa em comprometer o orçamento e fazer dívidas para celebrar o Dia das Crianças, em 12 de outubro.  o que revela o levantamento Opinião do Consumidor da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG). Do universo de entrevistados, 55% pretendem dar presentes aos pequenos na data, sendo que 78,4% vão desembolsar quantia menor ou semelhante à do ano passado.

O comportamento "prudente" do consumidor é atribuído ao próprio quadro recessivo e às incertezas sobre o futuro da economia, de acordo com o economista da entidade Guilherme Almeida. "A inflação alta, aumento de tarifas e medo do desemprego levam as pessoas a serem cautelosas em relação às compras". Ele acrescenta que as pessoas não querem ficar inadimplentes e terem os nomes negativados (sujos).

Na contramão do hábito cultural do brasileiro de deixar tudo para a última hora, a pesquisa revelou que os adultos da capital mineira vão antecipar as compras do Dia das Crianças.  o caso de 54,3% dos entrevistados que na maioria dos casos querem aproveitar as promoções (26,7%) e preços baixos (21,5%). "Forçadamente, o consumidor está mais consciente em relação às compras por causa da situação que o País enfrenta. Por isso, estão pesquisando mais os preços", explica Almeida.

O estudo aponta que o tíquete médio previsto para a compra de presentes da criançada será de até R$ 50 para quase metade (49,5%) dos entrevistados, e de até R$ 100 para 27,5%. Para o economista, os valores são "razoáveis". "Trata-se, na verdade, de lembrancinhas, isso porque a variação dos preços dos brinquedos mais vendidos na data é alta, sendo que o preço médio de algumas marcas chega a R$ 150".

Brinquedos - Após os campeões de vendas na data, os brinquedos (38,1%), as roupas (24,7%) e os calçados (14,8%) aparecem no ranking de preferência para quem vai presentear crianças. "Mesmo com a crise econômica, a data tem apelo emocional forte. Os pais não deixam de comprar, pelo menos, uma lembrancinha", ressalta o economista.

Em relação à forma de pagamento, 69,4% dos entrevistados disseram que vão comprar presentes à vista, em dinheiro ou com cartão de débito, haja vista que 98,5% dos consumidores consultados não querem se endividar com os gastos da data. "Cautelosa, a população tem priorizado o pagamento à vista como forma de evitar a inadimplência e garantir a manutenção do crédito", avalia Almeida.

Atentos ao comportamento do consumidor, os lojistas se preparam para o Dia das Crianças. Prova disso é que 72,5% disseram que vão desenvolver estratégias para atrair o consumidor. Dos entrevistados, 47,3% vão apostar em preços promocionais e 64,6% vão abrir as lojas aos sábados e domingos, no período que antecede a data.

Já em relação aos negócios, 36% dos empresários acreditam que o desempenho de vendas com a data deve ser pior ao registrado no ano passado. Já 55,3% dos entrevistados acham que o tíquete médio dos presentes deve girar em torno dos R$ 100. Sobre a forma de pagamento, 71,9% dos consultados responderam que a prioridade ficará por conta do cartão de crédito, cujas compras serão divididas em uma ou mais parcelas.

Natal - Pela primeira vez, a Fecomércio-MG realizou levantamento sobre as perspectivas dos empresários, que comercializam produtos para público infantil, para o Natal. A maior parte dos entrevistados, 69,1%, disse que não antecipará as ações natalinas a partir de outubro. "Isso também demonstra cautela por parte dos lojistas, diz Almeida.

O economista explica que houve queda das vendas nas últimas datas comemorativas, como o Dia dos Pais. "Eles vão aguardar os resultados das vendas de 12 de outubro para tomar decisões".

Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG