Geral
22/09/2015 10:01 - Natal sem fôlego para contratação de temporários
Indústria não reforça produção para o fim de ano. Comércio prevê menor abertura de vagas
O ano de 2015 deve terminar sem que a indústria contrate temporários para reforçar a produção e atender a demanda de consumo do Natal. Na Zona Franca de Manaus, diferentemente do que acontece todos os anos, não há expectativa de qualquer abertura de vagas para reforçar a produção. Ao contrário. Segundo dados do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas ( CIEAM), 23 mil dos 105 mil trabalhadores das empresas da região estão em férias coletivas ou licença remunerada. No Polo Industrial de Manaus, 20 mil pessoas já perderam o emprego este ano.
— Não haverá contratação. As empresas vão usar os funcionários que estão em licença remunerada para atender as encomendas do comércio para o Natal. Este é o primeiro ano que isso acontece. Historicamente, são contratados cerca de 10 mil temporários para o fim do ano — diz o presidente do CIEAM, Wilson Périco.
A razão é a retração de 29% no faturamento das empresas da região no primeiro semestre do ano. Segundo dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus ( Suframa), de janeiro a junho a receita apurada na região foi de US$ 11 bilhões, cerca de US$ 3,1 bilhões a menos que no primeiro semestre de 2014.
— Isso reflete muito no nível de emprego. Não acredito que nos próximos dois anos a situação melhore: 2016 e 2017 ainda serão difíceis — ressalta.
Na indústria paulista, a situação não é diferente. Dados divulgados na semana passada pela Federação das Indústrias de São Paulo ( Fiesp) mostram que, de janeiro a agosto, o setor cortou 119 mil vagas. A estimativa é que, até o fim do ano, o total de postos fechados pela indústria chegue a 250 mil no estado. O único segmento que está contratando é a indústria de alimentos, com a contratação líquida, já descontadas as dispensas, de 338 vagas até agosto, graças aos produtos típicos de fim de ano, como os panetones.
Guilherme Moreira, gerente do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos ( Depecon), da Fiesp, diz que historicamente a indústria paulista contratava cerca de 21 mil pessoas em agosto para fazer frente às encomendas do comércio. Este ano não há perspectiva de abertura de vagas temporárias.
— O Natal para a indústria era em agosto. Mas, este ano, vamos fechar com o saldo negativo no número de vagas. É o pior ano para o setor industrial — afirma Moreira, lembrando que a produção industrial paulista já acumula queda de 9% em 2015.
Presentes caros saem da lista
Este ano, com o encolhimento da renda, presentes caros que fizeram sucesso nos últimos Natais, como celulares e tablets, já não estarão no topo da lista dos mais esperados pelos brasileiros. E isso fez com que as empresas do setor se adequassem à nova realidade de mercado. No setor eletroeletrônicos, 21 mil pessoas foram demitidas entre janeiro e julho.
De acordo com a Abinee, a associação das empresas do setor, a expectativa é que até dezembro outros 9 mil postos de trabalho sejam cortados. Quando se compara com o final de 2013, a queda é ainda maior. São 45 mil vagas perdidas no segmento. Em dezembro de 2013, eram 310 mil os trabalhadores empregados no setor. No final deste ano, serão 275 mil.
— Não há perspectiva de contratação. Não há necessidade de aumento de produção. O estoque da indústria está alto. Na última sondagem que fizemos em julho, 60% das associadas informaram que estão com estoque acima do previsto, ou seja, as vendas de eletroeletrônicos vêm caindo sistematicamente. A tendência da indústria é de queda no nível de empregos — disse o presidente da Abinee, Humberto Barbato, acrescentando que até julho a retração nas vendas de computadores e tabletes foi de 28% e na de celulares, de 15%.
No segmento de linha branca, também não há previsão de contratação de temporários. Um alto executivo de uma empresa do setor confirmou que, ao invés de abertura de novas vagas, a previsão é de cortes.
— Não há expectativa de contratações este ano. A indústria já se adequou ao seu novo tamanho. As vendas de eletrodomésticos e eletroeletrônico estão em queda desde o início de 2015 — disse o executivo.
Comércio prevê queda nas vendas
O Rio de Janeiro não tem uma indústria com forte tradição de contratar temporários para o Natal, e no comércio, onde esse movimento acontece, o ritmo é de desaceleração. A Confederação Nacional do Comércio ( CNC) não fechou uma estimativa de empregos temporários, mas Fabio Bentes, economista da CNC, explica que se as vendas crescem pouco, o comércio tende a contratar temporários na mesma medida. Ele acredita que o comércio não escapa do vermelho, já que as vendas devem encolher 2,9%, a primeira queda desde 2003, segundo projeção oficial da entidade.
— Estou convencido de que este ano teremos uma queda nas vendas e a contratação de temporários pela primeira vez também vai registrar recuo. Vai se contratar, sim, mesmo com um Natal terrível — avalia o especialista. — A quantidade de trabalhadores será menor, sem dúvida
Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio, a contratação de temporários vinha com saldo positivo desde 2009. Em 2010, o número de empregados temporários cresceu 9,1% frente ao ano anterior. Já em 2014, o aumento foi de 1,8% com relação a 2013. A desaceleração acompanhou as vendas de Natal que em 2010 tiveram aumento de 9,4% frente a 2009 e, em 2014, cresceram bem menos, 1,8%.
A previsão do Sindicato das Empresas de Terceirização e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo ( Sindeprestem) é que este ano a contratação de temporários fique próximo de zero, o que nunca aconteceu desde quando a entidade começou a acompanhar a geração de vagas, em 2011. No ano passado, por exemplo, a indústria e o comércio contrataram juntos 163,5 mil pessoas por causa do consumo do Natal.
O cenário negativo para o emprego é geral no país e explica as projeções pessimistas para as funções temporárias. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados ( Caged), do Ministério do Trabalho, somente no primeiro semestre de 2015 cerca de 162,3 mil postos formais foram fechados na indústria. O comércio eliminou 181,8 mil vagas.
Veículo: Jornal O Globo - RJ
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