Notícias do setor
Economia
Jurídico
Tecnologia
Carnes / Peixes
Bebidas
Notícias ABRAS
Geral
Redes de Supermercados
Sustentabilidade
Estaduais
 



Você está em:
  • Notícias do setor »
  • Geral

Notícias do setor - Clipping dos principais jornais e revistas do Brasil

RSS Geral

17/07/2015 10:38 - A criatividade chinesa avaliada

                             Os detratores da indústria do país costumam exagerar: em algumas indústrias, a China consegue ser inovadora




"Pois é, os chineses vão bem nas provas, mas não são lá muito criativos. Não têm empreendedorismo. Não inovam - é por isso que violam nossa propriedade intelectual." Assim falou a ex-presidente da HP Carly Fiorina, pouco antes de anunciar sua pré-candidatura à presidência dos EUA, em maio. A provocação pôs fogo num debate sobre uma das grandes questões empresariais da atualidade: os chineses são capazes de inovar?

Os argumentos dos céticos são dois. Para eles, a China se distingue tanto pela proteção negligente à propriedade intelectual quanto pela proliferação de modelos de negócio baseados na pirataria, o que provaria que as empresas chinesas são incapazes de criar produtos. Artigo publicado no ano passado na MIT Sloan Management Review sustenta que as violações de propriedade intelectual na China custam US$ 300 bilhões ao ano às empresas americanas. Além disso, os que duvidam da inventividade do país argumentam que as políticas de fomento à inovação do governo chinês acabam tendo efeito contrário ao desejado.

Duas novas publicações questionam essas noções. Em The China Effect on Global Innovation, do McKinsey Global Institute (MGI), centro de estudos da consultoria McKinsey, argumenta-se que, a inovação nas empresas chinesas é bastante promissora. O MGI não cai no equívoco de confundir inovação com invenção: "A prova de que uma empresa está sendo bem-sucedida em sua inovação é o aumento do faturamento e a elevação dos lucros", e não a obtenção de patentes que nunca chegam a ser usadas ou o lançamento de produtos que não dão retorno. Por sua vez, no livro China's Disruptors, o consultor Edward Tse argumenta que o setor privado da economia chinesa se tornou dinâmico graças a políticas estatais.

A equipe do MGI analisou dados financeiros de 20 mil empresas da China e de outros países, a fim de verificar se elas criam valor para seus consumidores e acionistas. A ideia era avaliar em que medida isso é feito investindo em pesquisa básica, alocando grande número de engenheiros para a solução de determinados problemas (como fazem, de maneira exemplar, empresas como a fabricante de equipamentos de telecomunicações Huawei) e aprimorando processos industriais. A China dedicou vários anos à tentativa de se tornar uma "esponja de inovação", capaz de absorver tecnologia estrangeira. Apesar disso, observam os autores do estudo do MGI, o país ainda está atrasado em relação ao Ocidente no desenvolvimento de medicamentos de primeira linha, aviões comerciais e automóveis.

Por outro lado, os analistas do MGI também mostram que a China está assumindo a liderança mundial em duas áreas de inovação: no aprimoramento de bens de consumo e de modelos utilizados para comercializá-los; e no desenvolvimento de processos industriais baratos, rápidos e eficientes. Por isso, as empresas chinesas conquistaram maior participação de mercado que suas concorrentes em segmentos como os de eletrodomésticos, softwares para internet e eletrônicos. É bem verdade que ter um mercado interno tão grande ajuda bastante. Mas os chineses também não são de marcar passo. Os consumidores do país são entusiastas de smartphones, mídias sociais e comércio eletrônico, além de, ao comprar um produto, prestarem muita atenção no seu preço e não darem a mínima para a sua marca. O fabricante de bens de consumo que consegue ser bem-sucedido na China é capaz de se dar bem em qualquer lugar.

As empresas chinesas estão inventando novos modelos de negócio. No Ocidente, as companhias online geram a maior parte de suas receitas com publicidade. Mas o mercado publicitário chinês tem, aproximadamente, um oitavo do tamanho do americano. Por isso, as empresas digitais chinesas precisam encontrar novas maneiras de ganhar dinheiro. A Tencent obtém 90% de seu faturamento com games online, vendas de itens virtuais e comércio eletrônico. Em 2014, o faturamento médio, por usuário, foi de US$ 16, ou US$ 6 acima do obtido pelo Facebook. A plataforma de vídeos online YY.com permite que seus usuários comprem "rosas" eletrônicas para presentear os artistas. A YY diz que os artistas mais populares, que recebem um porcentual do faturamento, conseguem ganhar mais de US$ 3,2 mil por mês.

E quanto ao outro argumento, sobre o papel do Estado? Os pessimistas dizem que os burocratas chineses fazem mal à inovação do setor privado. O livro de Tse, ex-consultor para o mercado chinês da Boston Consulting Group e da Booz & Company, conta como surgiu na China um setor privado vibrante. E, no entanto, ele afirma que, "em várias áreas, as empresas não têm como arcar sozinhas com os investimentos vultosos para estimular a inovação". Assim como as verbas destinadas pelo governo americano às universidades impulsionaram das primeiras estrelas do Vale do Silício, como a HP, a China também acredita que "o Estado precisa tomar a frente e mostrar o caminho". Tse se anima com o fato de que atualmente a China gasta mais de US$ 200 bilhões por ano em pesquisa e desenvolvimento - em proporção do PIB, o montante é superior ao da União Europeia.

Tse também menciona elementos que, segundo ele, mostram como a estrutura regulatória e jurídica da China está se tornando favorável à inovação. O Baidu, maior mecanismo de buscas do país, era famoso por abrigar músicas e vídeos pirateados. Graças a medidas repressivas, a empresa se tornou uma grande, e legítima, distribuidora de programas de TV estrangeiros.

Preparando o terreno. Carly Fiorina, ex-HP, tem razão quando diz que a maioria das empresas chinesas está longe de pertencer à vanguarda tecnológica, mas erra ao dizer que elas são incapazes de criar valor. A própria HP perdeu o posto de maior fabricante mundial de PCs para a chinesa Lenovo.

E Tse está certo ao dizer que o governo tem papel a desempenhar na preparação do terreno para a inovação. A maior fabricante chinesa de aviões comerciais, a AVIC, é estatal; para atuar no país, montadoras de automóveis estrangeiras têm de formar parcerias com estatais. As empresas chinesas têm condições de inovar. Mas o governo ainda não aprendeu a separar auxílio benéfico de intromissão contraproducente.



Veículo: Jornal O Estado de S.Paulo

Enviar para um amigo
Envie para um amigo
[x]
Seu nome:
E-mail:
Nome do amigo:
E-mail do amigo:
Comentário
 

 

Veja mais >>>

25/10/2024 15:51 - Presente em 98,8% dos lares, macarrão é categoria potencial para varejo alimentar
21/08/2024 17:56 - Consumidores brasileiros focam em alimentação saudável
28/06/2024 10:21 - Como será o consumidor de amanhã?
27/06/2024 09:15 - Show de Paul McCartney em Floripa tem apoio do Angeloni Supermercados
25/06/2024 08:58 - Supermercados “étnicos” ganham força no varejo americano
24/06/2024 11:22 - Grupo Pereira reforça inclusão no mês dos Refugiados e Imigrantes
24/06/2024 11:22 - Roldão beneficia 200 crianças com Arraiá Solidário
24/06/2024 11:10 - Mais uma inauguração: Rede Bom Lugar chega a São Miguel Arcanjo (SP)
24/06/2024 11:07 - Sam’s Club e Atacadão chegam juntos em João Pessoa (PB)
21/06/2024 09:04 - Sadia celebra os seus 80 anos em grande estilo
20/06/2024 09:07 - Supermercados Pague Menos participa de ações de empregos
19/06/2024 09:15 - Supermercadistas criam vídeos virais e atraem clientes
18/06/2024 08:54 - Grupo Savegnago abre 500 vagas de emprego para pessoas com mais de 50 anos de idade
18/06/2024 08:53 - Natural da Terra anuncia Paulo Drago como novo CEO
18/06/2024 08:50 - Coop anuncia novos executivos em sua diretoria

Veja mais >>>