Geral
14/07/2015 12:18 - Mercearias viram aliadas em momentos de crise
Quando tinha 7 anos, o comerciante Manoel Pinheiro foi iniciado na tradição familiar mantida até hoje. No cenário já bastante modificado com o passar dos anos, é na mesma esquina do bairro da Pedreira que Manoel, aos 47, gerencia a mercearia considerada a salvação de muita gente em tempos de economia em crise. “O caderninho não acaba. Não tem jeito”.
No caderno escolar devidamente guardado em uma prateleira do balcão, os nomes anotados seguem uma ordem compreendida apenas por Manoel. Calculando o prazo de pagamento das compras “penduradas”, de acordo com o recebimento de cada cliente, Manoel não costuma negar uma venda “fiada” a quem paga bem. “Tem gente que paga por mês, outros por quinzena, outros por semana. Depende muito de quando a pessoa recebe”, diz o comerciante. “O limite também depende do crédito que cada um tem comigo. Pra uns, o limite é R$20. Pra outros, é R$100. A quem paga direitinho, faço uma venda maior”.
Mesmo tendo o máximo de cuidado na escolha dos clientes do fiado, ele não deixa de enfrentar atrasos de vez em quando. “Não dá muito pra forçar a barra. A gente vai tentando negociar e vai levando a vida. Às vezes, até perco uma amizade, mas vendo”. Para evitar que problemas ocorram, Manoel mantém a tradição de só vender fiado para quem já conhece e mora nas redondezas. “Aqui, eu também tenho costume de vender ‘retalho’, como a gente chama. Vende um grama, meio quilo...”, comenta, reconhecendo que a venda fracionada acaba sendo uma ajuda nos períodos de maior aperto. “Com R$10, já dá pra comprar o almoço”, diz.
Segundo ele, o tradicioal fiado salva muita gente. “Principalmente, nessa época de crise, de hoje em dia”. Seu maior problema não é a falta de pagamento da clientela. Para ele, a violência é algo muito mais preocupante. Dentre as mudanças necessárias para manter em funcionamento sua mercearia, Manoel teve de instalar grades em todas as portas. “A violência é demais. Fico mais tranquilo aqui dentro, por trás das grades”, comenta. “Na época do meu pai, a mercearia ficava aberta, o dinheiro era guardado numa bacia. Hoje, não dá mais pra ficar assim. Já fui assaltado uma vez e sempre fica um trauma. Por isso, hoje eu fico trancado o tempo todo”, conta.
"A gente vai negociando. Mas não dá pra forçar muito a barra. Às vezes, até perco a amizade, mas vendo o produto assim mesmo", Manoel Pinheiro, comerciante
PROCURA
O comerciante Benedito Moraes, 63 anos, também percebe uma grande procura pelos produtos vendidos em sua mercearia, localizada na Rua Nova, também no bairro da Pedreira. Com apenas R$1,25, é possível comprar meio quilo de arroz no comércio de Benedito. “No supermercado, geralmente as pessoas têm de ter mais dinheiro ou cartão. Aqui, o cliente compra só o que está precisando naquele momento, naquele dia”, diz, afirmando que os itens mais procurados são também os mais básicos. “Os produtos mais procurados são farinha, arroz, ovo, sardinha e café. O básico, o ‘quebra galho’”.
Estimando que cerca de 15 pessoas façam parte do caderno mantido na mercearia, ele também escolhe a dedo os que podem ter o privilégio de comprar fiado. “Mantemos o caderno para as pessoas mais próximas, aquelas em quem confiamos”, declara. “Mas não dá para vender muito no fiado, porque sempre tem um ou outro que acaba não pagando”.
Apesar de as vendas fiadas já terem sido extinguidas na mercearia em que o comerciante Elielson Neves, 22, trabalha, o preço mais acessível ainda é o grande atrativo para os consumidores do bairro. “Muitas vezes, nossos preços são mais baratos. Por isso, as pessoas preferem vir aqui do que ir ao supermercado, que é mais longe”, aponta, diante da movimentação intensa no mercadinho, localizado no bairro do Telégrafo.
Sem negar que recorre aos pequenos comércios sempre que necessário, a terapeuta ocupacional Yasmim Lima, 22, acredita que eles ainda são a melhor saída quando se pensa em economizar. “Às vezes, esses pequenos comércios são tão próximos de casa, que é melhor vir aqui mesmo. Isso facilita muito a minha vida”, afirma. “Tem coisas aqui que são mais em conta do que nos grandes mercados. Então, ainda é uma boa opção comprar nas mercearias de bairro, destaca Yasmim”.
Veículo: Diário do Pará

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