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26/05/2015 09:53 - Calçadistas buscam estratégias contra a crise

Novas marcas e faixas de preço mantêm otimismo do segmento durante o Salão Internacional do Couro e do Calçado

 



Pelo que foi possível notar no primeiro dia do Salão Internacional do Couro e do Calçado (Sicc), em Gramado, o complicado momento pelo qual passa a indústria não é o suficiente para desbancar o tradicional otimismo do setor calçadista. Apesar de quedas nas exportações e nas vagas de emprego, as empresas estão apostando em estratégias como o lançamento de novas linhas e marcas para, em um ano sem previsão de expansão no consumo, tentar ganhar terreno em faixas de preço ou segmentos diferentes.

Os dados do ano, pelo menos até aqui, não parecem causadores de muita animação para o setor como um todo. Até fevereiro, por exemplo, último mês consolidado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o estoque de vagas no setor, estatística em que o Rio Grande do Sul responde por um terço do total nacional, já havia encolhido 6,4% em relação a 2014. Já a produção, até março, acumula uma redução de 4,1% em 12 meses.

Nesse cenário, que já se arrasta desde o ano passado com o desaquecimento da economia como um todo, as empresas estão tendo que se virar. Para manter a produção em torno dos 23 mil pares ao dia, como em 2014, por exemplo, a Usaflex, com sede em Igrejinha, tem apostado no lançamento constante de linhas - são oito apenas no Sicc - que atinjam diferentes públicos.

"Temos que criar alternativas, produtos mais em conta e pagamento mais flexível", comenta o gerente comercial da empresa, Rafael Lauck. Entre os produtos, por exemplo, há calçados com preço de vitrine de ?R$ 69,00. "Antes, o mais barato que tínhamos eram sapatilhas na casa dos R$ 120,00", complementa o gerente, que, dessa forma, segue otimista em relação à meta de crescimento da empresa de 10% no ano.

"Não há duvidas de que o mercado mudou completamente nos últimos dois anos", agrega Jakson Wirth, diretor administrativo do Grupo Ramarim, com sede em Nova Hartz, cuja estratégia também consiste em expandir as faixas de preço dos produtos, buscando atender ao novo perfil de consumo do brasileiro, com menor poder aquisitivo e menos disponibilidade de crédito.

"Estamos buscando informações no mercado cada vez mais rápidas, porque quem compra um calçado hoje não se dá o direito de errar, já que não terá dinheiro para comprar um segundo logo depois. A gente, dessa forma, também não tem margem de erro", prossegue Wirth, para quem o ápice da retração no consumo deve acontecer nos próximos dois meses. "Estamos em um cenário de incerteza, que ainda precisará de um tempo para que se consiga clarear as perspectivas", complementa Wirth, para quem o desafio primeiro é manter o público sem perder os valores da marca, que acaba sendo um diferencial em um momento de retração.

Há, porém, quem aproveita o cenário para tentar galgar patamares, como a Aniger, com sede em Campo Bom, que, além de fabricar pares para marcas internacionais como a Nike, aposta em uma marca própria, a Petit Jolie. A expectativa de crescimento, de 20% no ano, é balizada também por uma nova fábrica, inaugurada recentemente em Tauá (CE). "Estamos crescendo menos do que nos últimos anos, mas também porque a base de comparação está maior, já que é uma marca relativamente nova. É na crise que precisamos investir para estarmos preparados quando ela passar", argumenta a diretora do grupo Ariane Ermel.

Já Frederico Pletch, diretor da Merkator, organizadora do Sicc, acredita que o bom movimento da feira, que conta com 370 expositores e expectativa de 15 mil lojistas visitantes, é um sinal de que a crise não é do tamanho que se imagina. "O pessoal segue comprando, aliás, nunca parou. Há índices de que a produção caiu 2% no ano, mas temos dados que mostram uma melhora já acontecendo, argumentou. O dado, no caso, é o de aumento de 10,1% na venda de calçados no Dia das Mães, divulgado ontem pela SetaDigital, empresa que fornece softwares para mais de mil lojas no País. O Sicc, que acontece no Serra Park, em Gramado, se estende até amanhã, e pretende encaminhar 70% das vendas de calçados no País.



Veículo: Jornal do Comércio - RS

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