O mercado brasileiro de algodão mostra boa alta no início da segunda quinzena de março, reflexo da oferta escassa de pluma de melhor qualidade. "O mercado está agitado, mostrando maior volume de negócios. Entretanto, quem está ditando as regras é o cotonicultor", destaca o analista de Safras & Mercado, Cezar Marques da Rocha Neto

No frete CIF de São Paulo, a fibra de alto padrão valia R$ 1,89 a libra-peso no dia 18 de março. Quando comparada ao mesmo momento do mês passado, quando custava R$ 1,67, a alta é de 13,17%. Na comparação com igual período de 2014, a queda ainda é de 14,48%, pois custava R$ 2,21.

O Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola divulgou seu relatório de estimativa de safra, que projetou 552.768 hectares com algodão no Estado, 14,4% a menos do que os 645.916 hectares semeados na safra 2013/14. Embora a estimativa apresente produtividade de 264,8 arrobas por hectare, um leve aumento de 0,5% ante a safra passada, a redução na área resultaria em queda na produção da fibra mato-grossense.

Os tipos de safra merecem atenção especial, pois demonstram claramente o movimento que a cultura do algodão tem realizado no Estado, a fim de se consolidar como uma cultura de segunda safra. Como prova disso, caso a expectativa atual de 425.589 hectares se concretize, a segunda safra de algodão em Mato Grosso seria responsável por 77% da área total, enquanto os 127.197 hectares semeados em primeira safra, seriam responsáveis pelos 23% restantes.

Com isso, a safra 2014/15 se consolidaria como a safra com a maior participação do algodão segunda safra da história, já que na safra 2013/14 a sua participação foi de 72,4%, até então, a maior da história. A tendência na safra atual era de que tal participação fosse ainda maior, entretanto, o veranico registrado durante a semeadura da soja fez com que em alguns casos, produtores desistissem de semear soja em áreas que receberiam algodão posteriormente, e semearam a fibra em primeira safra.

Portanto, após o beneficiamento de todas as 2.195.344 toneladas estimadas de algodão em caroço, a produção de pluma pode atingir 856.184 toneladas, 14% inferior à produção da safra 2013/14. Com isso, o Estado colocaria 138.829 toneladas de pluma a menos no mercado em 2015 do que colocou em 2014.



Veículo: Diário do Comércio - MG