Geral
19/03/2015 11:34 - Lojas de Belo Horizonte estendem as liquidações
Medida é uma tentativa quase desesperada de se desfazer do estoque
O comércio de Belo Horizonte vive um dos piores momentos dos últimos anos, com vendas em baixa e custos em alta. Reflexos do aumento da conta de luz, do custo da mão de obra, da inflação e dos juros. Por essa razão, as promoções, antes findadas em janeiro, foram estendidas em todas as regiões da cidade. O retorno financeiro tem sido tão baixo que aumentou o número de estabelecimentos comerciais chegando ao extremo de fechar as portas na Capital.
Nos shoppings, a tentativa de desovar os estoques é por meio de promoções. "O normal é que essas liquidações ocorram em épocas de campanhas unificadas em todo o centro de compras, ou em janeiro, para vender o que não saiu no fim do ano. Mas agora o que estamos vendo é um movimento dos lojistas que querem abrir espaço nas prateleiras para comprarem os produtos das novas coleções", afirma o superintendente da Associação de Lojistas de Shoppings Centers de Minas Gerais (Aloshopping-MG), Alexandre Dolabella França.
Ele explica que a dificuldade de zerar os estoques de Natal é agravada com a baixa nas vendas de janeiro e fevereiro, que foram piores do que no ano passado. A explicação econômica para o mau momento vivido pelo comércio seria o baixo crescimento econômico do país, a alta na inflação e nas taxas de juros, o aumento da inadimplência e a falta de confiança do consumidor. As expectativas são de um segundo semestre um pouco melhor, já com os estoques renovados após as promoções.
No Minas Shopping, tantas lojas optaram por liquidar que se tornou uma campanha promocional mais ampla. Chamada de Semana do Consumidor, esses dias serão marcados por descontos em cerca de cem lojas no centro de compras. Uma delas é a "Ideiaz", que está oferecendo descontos em uma série de produtos. A proprietária da loja, Juliana Baeta, explica que entrou na promoção uma série de itens que não foram vendidos no Natal ou no período de volta as aulas como bichinhos infantis e mochilas. Essa foi a forma encontrada para que o mau momento não afetasse o faturamento da loja.
Comércio de rua - As promoções não se limitam apenas aos shoppings. Em todas as regiões da cidade é possível encontrar alguma loja com preços atrativos. A Lealtex, por exemplo, grupo composto por onze lojas sendo dez delas na Capital e uma em Sete Lagoas, começou uma liquidação com descontos de até 50%. Segundo o diretor comercial do grupo, André Silva de Oliveira Netto, o que motivou a ação promocional foi a queda de 20% nas vendas apurada nos meses de janeiro e fevereiro frente ao mesmo período de 2014. A empresa sofre também com a alta dos custos e do dólar, uma vez que vários produtos são importados.
Na Savassi, as promoções também permanecem desde o período pós-natalino. "Ninguém vende nada, então temos que fazer promoções. E os lojistas não estão fazendo pedidos de novas mercadorias, somente repondo os poucos produtos que têm mais saída", afirma a presidente da Associação dos Lojistas da Savassi, Maria Auxiliadora Teixeira de Souza.
Na Savassi a situação é um pouco mais grave do que nos shoppings porque vários lojistas estão chegando à falência. "Os custos de manter um negócio na Savassi sempre foram altos, mas agora não estamos tendo o retorno para pagarmos as contas como antes", afirma.
Centro - Essa é a situação também dos lojistas do centro da cidade. Segundo o presidente da Associação de Lojistas do Hipercentro, Flávio Froes Assunção, apesar de não ser comum haver promoções na região central, neste ano não houve outra saída. "O centro não tem muita tradição de liquidação porque já se vende barato com margens bastante apertadas. Mas muitas lojas estão liquidando neste ano por pura falta de opção", afirma.
Porém, com a alta dos custos, também no centro nem todos os comerciantes estão conseguindo se manter no mercado. Segundo Assunção, vários pontos estão sendo repassados. "Várias lojas já estão vazias, disponíveis para locação. O preço dos aluguéis subiu como todos os outros custos, e ninguém está conseguindo pagar. E o pior é que ainda estamos convivendo com a invasão dos chineses que é uma concorrência desleal aqui no centro", afirma.
Veículo: Diário do Comércio - MG
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