Geral
03/03/2015 10:28 - Aumento da gasolina já reflete nos fretes
Empresas mineiras que fazem entregas não conseguem absorver impacto e reajustam valores aos consumidores
Que o aumento do preço da gasolina afeta o comércio não é novidade: o frete dos produtos fica mais caro e isso reflete imediatamente nos preços nas gôndolas e vitrines. Mas as contas ficam ainda mais complicadas para os empresários dos segmentos que fazem o serviço de entrega ou delivery. Como precisam lidar com o reajuste do combustível de forma direta, são obrigados a fazer o complicado balanço entre absorção de custos e repasse para o consumidor.
Na Pizzaria do Porto, no bairro Barro Preto, região Centro-Sul de Belo Horizonte, a taxa de entrega ainda não sofreu reajuste. Mas o aumento pode acontecer a qualquer momento, conforme explica a diretora Valéria Duarte. Ela afirma que o estabelecimento já sentiu o aumento dos preços dos produtos e agora sofre pressão por parte da empresa que faz o serviço de entrega. "Minha entrega é terceirizada e a empresa já cobrou um reajuste, afirmando que os preços do combustível e da manutenção das motos aumentaram", diz.
A diretora afirma que ainda não aumentou a taxa porque tem receio de que isso espante os consumidores, mas ela já adianta que não conseguirá se manter dessa forma. "Minha margem de lucro já está muito defasada, mas, por outro lado, tenho medo de repassar para o consumidor, pois todos estão muito sensíveis aos preços", diz. Para tentar minimizar o repasse, a pizzaria está cortando custos internos, como o gasto de água.
A pizzaria faz 200 entregas por semana em toda Belo Horizonte, serviço que representa 30% do faturamento da empresa. Segundo Valéria Duarte, atualmente a casa cobra uma taxa para entrega que varia de R$ 5 a R$ 20, dependendo da localização. Com o reajuste do combustível é possível que esse serviço tenha uma alteração positiva de 10%.
O reajuste do preço da gasolina também obrigou o proprietário do Supermercado 2B, Gilson de Deus Lopes, a cobrar, pela primeira vez em dez anos, uma taxa de entrega. O estabelecimento fica no bairro Prado, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, e faz cerca de 270 entregas por mês em um raio de até 2 quilômetros de sua sede. A partir do dia 15 de março, o supermercado cobrará uma taxa de R$ 1,20 pelo serviço. "A despesa com combustível aumentou 8%, o que é muito significativo para o negócio. Se eu quisesse manter a entrega gratuita teria que passar os custos para meu produto, mas aí perderia competitividade", analisa.
O proprietário acredita que o reajuste deve gerar certa resistência nos clientes no primeiro momento, mas ele acredita que isso será vencido com o tempo. Lopes destaca que o aumento do combustível é só mais um dos muitos desafios que o supermercado terá que driblar neste ano. Para equilibrar as contas e não penalizar o consumidor o jeito que o empresário encontrou foi a redução de custos internos. "Vamos ficar mais atentos à quebra de produtos dentro da loja, datas de vencimento, além de melhorar o desempenho no setor de hortifrúti e açougue para evitar perdas", diz.
Entrega - E não foi apenas o setor de alimentação que precisou rever as taxas de entrega. Localizado no bairro Planalto, na região Norte de Belo Horizonte, a Clínica veterinária e Pet Shop Unipet também está cobrando mais caro pelo serviço. De acordo com o proprietário André Andrade Teixeira, a taxa de busca e entrega dos animais que custava a partir de R$ 7 foi para R$ 9. "Essa taxa é cobrada basicamente para pagar o salário do motorista e cobrir as despesas com o carro. Como o gasto com esse serviço aumentou tive que fazer um reajuste", explica.
Teixeira afirma que o aumento foi avisado com antecedência aos clientes. No mês anterior ao ajuste, a empresa distribuiu folhetos informando que a taxa seria alterada. "Sempre há clientes que reclamam, mas a maioria entendeu", diz. O Pet Shop atende cerca de 1.300 cachorros para banho e tosa, sendo que 70% deles chegam pelo transporte da empresa. Já os animais que vão à clínica para consulta normalmente são levados pelos donos e apenas 20% usam o serviço de transporte.
Veículo: Diário do Comércio - MG
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