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12/02/2015 10:32 - Estados apostam nos EUA para elevar as exportações em 2015

Com a retomada da economia norte-americana, entidades empresariais avaliam que podem aumentar as vendas externas, de produtos industrializados e de básicos

 



Após um ano difícil para as exportações, os estados brasileiros estão apostando na retomada da economia dos Estados Unidos para conseguir alavancar as suas vendas externas em 2015.

A valorização do dólar frente ao real e o baixo crescimento econômico do Brasil são outros fatores que podem contribuir para o aumento das exportações nesse ano, conforme avaliam entidades empresariais ouvidas pelo DCI.

Os números oficiais do comércio exterior mostram que, em 2014, as vendas externas caíram em praticamente todos os estados do País. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações baianas, por exemplo, tiveram queda de 7,75%, entre 2013 e 2014.

Nesse período, a receita exportadora do estado passou de US$ 10,091 bilhões para US$ 9,309 bilhões. A balança comercial da região teve uma retração grande, de cerca de 98,7%, passando de passando de US$ 1,202 bilhões, para US$ 14 milhões, no mesmo período. Já a receita das compras externas do estado se elevou em 4,57% e foi de US$ 8,888 bilhões, para um patamar de US$ 9,295 bilhões.

No Paraná, a queda nas exportações também foi expressiva. As vendas externas da região retraíram em 10,46% e foram de US$ 18,239 em 2013 para US$ 16,332 no ano passado.

No principal estado exportador, São Paulo, as vendas externas caíram em 8,39%, passando de uma receita de US$ 56,172 bilhões em 2013 para US$ 51,458 bilhões em 2014.

O superintendente de desenvolvimento industrial da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Marcus Verhine, afirma que o desempenho ruim do estado se explica pela não exportação de plataformas de petróleo e redução das vendas de óleos combustíveis, de automóveis, celulose, pneus e cacau em pó. A receita da exportação de automóveis, por exemplo, caiu pela metade entre 2013 e 2014, passando de um valor de US$ 693 milhões para US$ 396 milhões, no período.

As vendas externas da Ford, principal indústria instalada no estado, chegaram a cair 40%. A receita exportadora da empresa foi de US$ 445 milhões, em 2013, para US$ 747, em 2014.

"A retração das exportações de automóveis estão relacionadas com a produção da Ford. A empresa entrou em férias coletivas no primeiro semestre para se preparar para a produção de um novo produto. Além disso, tem a queda na venda para a Argentina, nossa principal compradora do setor", afirma Verhine. "Em relação ao ano passado, a tendência é que o setor automotivo produza mais nesse ano. No entanto, não sabemos se isso vai se traduzir em uma melhora das exportações do setor. Vendemos também para países como a Colômbia e Chile, mas esses tem um peso menor que a Argentina", complementa o especialista.

Redirecionamento

Segundo o representante da Fieb, as vendas externas de óleos combustíveis da Bahia também devem diminuir nesse ano por conta de um redirecionamento do produto ao mercado interno. "A exportação de óleos combustíveis não vão crescer nesse ano. Com os problemas de energia, eles têm sido direcionados para as termoelétricas do País e esse movimento vai continuar em 2015", explica.

O economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher, diz que a indústria automotiva do estado também está sofrendo e puxou a queda da exportação de industrializados na região. As vendas externas de manufaturados reduziram em 14,6% no estado. No setor automotivo, essa retração foi de 35%. Já o principal produto exportado pelo estado, a soja, teve queda de 11% nas vendas.

No entanto, Zurcher afirma que o Paraná tem conseguido exportar alguns produtos com competitividade no mercado externo, como açúcar, alimentos processados e carnes.

Estados Unidos

O economista da Fiep conta que os Estados Unidos voltaram a ocupar o terceiro lugar nas principais parcerias comerciais do estado em 2014. Com a crise econômica de 2008, o país chegou a se posicionar no sexto lugar entre as parcerias do estado. "No ano de 2006, metade da produção de madeira do Paraná era direcionada para os Estados Unidos. Com a crise, essa participação caiu para 15%. Agora, isso vem se recuperando, e cerca de 22% da produção de madeira do estado está sendo exportada aos Estados Unidos", conta Zurcher. "A madeira paranaense é muito utilizada na construção civil americana".

A Bahia também está postando no crescimento da economia dos Estados Unidos para elevar as suas exportações de celulose. "A indústria petroquímica também tende a aumentar as suas vendas para os Estados Unidos neste ano, aproveitando a recuperação do país e tendo em vista a baixa atividade do mercado interno brasileiro", afirma o representante da Fieb. "Avaliamos que os Estados Unidos serão o grande mercado que vai impulsionar as exportações dos países", acrescenta.

O Rio de Janeiro já tem os EUA como o seu principal parceiro nas exportações e os produtos industrializados tem tido participação importante nessa pauta de exportação. O país participa em 18% da pauta do Rio de Janeiro, com um valor de US$ 4,1 bilhões. Logo em seguida está a China, com participação de 15%, em US$ 3,4 bilhões.

A especialista em comércio exterior do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro Firjan , Claudia Teixeira dos Santos, conta que as exportações da indústria de transformação tem o mercado americano como um importante destino. "Além disso, outros produtos relevantes na pauta de exportação fluminense aos EUA são a celulose, vestuário, calçados, moda, artigos de couro e para viagens", informa.

"A nossa expectativa é que as exportações do estado para os Estados Unidos cresçam nesse ano, com a recuperação econômica do país", completa.

Apesar da expectativa positiva, as vendas externas do Rio aos americanos recuaram 22%, sobretudo pela retração nos embarques de petróleo para o país, ocasionada tanto pela queda do preço no mercado internacional como pelo deslocamento de parte das exportações para Santa Lúcia.

Exceção

Na contramão dos demais estados brasileiros, o Rio de Janeiro elevou as suas exportações em 2014. "O aumento nas vendas externas do Rio se deu, sobretudo, em quantidade do que em preços", explica Cláudia.

O Rio de Janeiro ultrapassou a exportação de Minas Gerais, e voltou a ser o segundo principal estado no comércio exterior do País, com 9,7% de participação atrás de São Paulo.

Entre os cinco principais estados exportadores - São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná - responsáveis por 61% do total embarcado pelo país, o Rio foi o único que cresceu nas exportações totais e de industrializados. Entre as indústrias, destacam-se as exportações de petróleo e gás natural, em US$ 12,9 bilhões e da metalúrgica, em US$ 2,8 bilhões. Já nas importações, os veículos automotores, reboques e carrocerias apresentou a maior queda nominal no ano.

A especialista da Firjan está positiva quanto ao novo ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro. Ela conta que a entidade tem se reunido com o secretário executivo da pasta, Ivan Ramalho, para contribuir com o plano nacional de exportação, que será lançado em março. Para ela, é importante que o Brasil fortaleça a sua agenda de negociações comerciais com outros países.




Veículo: DCI

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