Ministério da Agricultura mapeia possíveis problemas de abastecimento

Seca em São Paulo afetará também outras regiões dependentes dos produtos vendidos na capital paulista

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou que há preocupação com a produção de verduras e legumes em São Paulo, devido à seca no Sudeste, que pode prejudicar o abastecimento desses alimentos no país. O Ministério da Agricultura está finalizando um estudo para avaliar os impactos da seca na produção agrícola e tentar criar alternativas para evitar o desabastecimento. Segundo a ministra, não deve haver impactos na produção de grãos.

"Estamos levantando todo o estoque de alimentos da Conab, a previsão de chuva dos próximos três meses e vamos entregar para a presidente [Dilma], até o fim desta semana, um mapa geral antecipado do que poderá faltar nos próximos meses, inclusive pensando no abastecimento e na inflação", afirmou. Para ela, uma das alternativas seria suprir as perdas em São Paulo por outras regiões que poderiam ser estimuladas, como os perímetros de irrigação no Nordeste.

CEAGESP

A seca em São Paulo afetará não só os paulistanos, mas também outras regiões dependentes dos produtos negociados na capital paulista. Pelo menos 50% dos produtos comercializados na Ceagesp são de produtores paulistas. Já 100% das verduras vendidas no entreposto são produzidas em regiões próximas a São Paulo.

A seca, mais uma eventual restrição na utilização, vai reduzir a oferta desses produtos não só para os paulistanos como para os consumidores de outras regiões. Quanto aos estoques de grãos, o volume atual de arroz e feijão é suficiente para um mês de consumo.


Restrição pode afetar superavit

Um eventual racionamento de energia deve fazer com que o governo adie o cumprimento das metas fiscais, segundo o Credit Suisse, que diz que a probabilidade de haver racionamento é agora de 53,6% --a previsão anterior era de 40%. Se a restrição tiver de ser imposta neste ano, haverá contração maior que a prevista na economia, reduzindo as receitas tributárias do governo, diz o banco, que prevê superavit primário de 0,2% do PIB.


Ministério estuda reforço na transmissão

Após ter anunciado que uma falha na transmissão de energia para o Sudeste contribuiu para o apagão de 11 Estados e do Distrito Federal, em janeiro, o governo quer "fortalecer" as linhas no país.

A Folha teve acesso a um novo plano para ampliar a capacidade de geração de energia nas proximidades de grandes centros de consumo.

Entre as principais metas está o aumento da capacidade de transmissão do Norte e Nordeste para as regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Esse intercâmbio de energia ocorre sempre que há um descompasso entre a quantidade de água nos reservatórios das diferentes regiões.

A Folha apurou que técnicos do governo já trabalham com um conjunto de medidas. A primeira é antecipar o cronograma de obras de transmissão de projetos já outorgados, com foco na ligação entre Norte e Nordeste e o Sudeste/Centro-Oeste. Relatório da Aneel mostra que 59% dos 388 projetos em andamento estão atrasados.

PRIORIDADE

Agora, grandes projetos de transmissão carimbados como "prioritários" pelo governo devem ser antecipados para 2015, 2016 e 2017.

Outra meta do governo é ampliar a capacidade de geração perto dos centros de maior consumo. Será necessário rever os modelos de leilão para compra de energia, que, baseados no critério do menor preço, inviabilizam projetos de energia alternativa perto de grandes cidades.

Além disso, constatou-se a viabilidade de instalar máquinas para aumentar a geração em usinas hidrelétricas já existentes.

O prazo para conclusão está estimado em 24 a 36 meses. Juntas, essas ampliações resultariam em 2.600 MW, uma folga que hoje faria diferença para evitar interrupções no fornecimento de energia diante da falta de chuvas no Sudeste.



Veículo: Folha de S. Paulo