Bairros passar a deter maior número de atividades comerciais, em vista do aumento das demandas locais

Iguatu. Na última década, é crescente a abertura de lojas em bairros da periferia desta cidade, na região Centro-Sul do Ceará. Dezenas de estabelecimentos foram abertos, aquecendo o comércio varejista nos setores de confecções, calçados, brinquedos, perfumaria, material de construção, além dos tradicionais mercadinhos.

A abertura de novos negócios acirra a concorrência na área central. As lojinhas dos bairros oferecem facilidade de pagamento, proximidade, mas tem variedade limitada e pratica preço, geralmente mais elevado em comparação com estabelecimentos maiores nos principais corredores comerciais.

De olho na ampliação da renda dos moradores, a microempresária, Solange Soares, decidiu investir na instalação da loja Sol, de variedades, no bairro Nossa Senhora das Graças (Cohab), na periferia de Iguatu. Durante algum tempo, Solange trabalhou em casa vendendo confecções para amigas. Ela atendia à clientela em um pequeno espaço. As vendas foram crescendo e surgiu, como consequência, o desafio de se tornar uma lojista estabelecida e legalizada.

Garagem

Solange transformou o espaço da garagem, ao lado da casa, na loja e recentemente o estabelecimento foi ampliado. Através do programa de regularização de microempreendedores individuais oferecido pelo escritório regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), nesta cidade, Solange Soares, participou de capacitações e vem gerindo melhor seu empreendimento.

"Aprendi que não é só ofertar os produtos, tem que ter qualidade e principalmente um atendimento diferenciado", observou Solange Soares. "Essa é uma das estratégias que faço para manter sempre o fluxo de clientes aqui na loja. Quem vem aqui sempre volta e leva algum produto".

No interior do Estado, o número de microempreendedores individuais registrados, que buscam proteção previdenciária ao sair da informalidade, vem crescendo. No Ceará, o Sebrae atua diretamente junto aos profissionais, dando orientação, capaci-tação e encaminhando documentação. Esta cidade ocupa a nona posição no ranking estadual, com 1572 microempreendedores individuais.

De janeiro a outubro deste ano, foram 150 registros. Na região Centro-Sul, incluindo 18 municípios, há um pouco mais de quatro mil profissionais. No Ceará são 137 mil. O trabalhador autônomo que tenha receita bruta anual de até R$ 36 mil, que possua no máximo um funcionário e não participa de outra empresa pode ser um empreendedor individual.

A legislação que favoreceu o empreendedor individual passou a vigorar em dezembro de 2008 e no ano seguinte começaram os registros para cerca de 500 ocupações, dentre elas: comerciante, cabeleireiro, carpinteiro, doceiro, borracheiro, sapateiro, pedreiro, eletricista, fabricantes de bolsas, bijuterias, congelados, salgados, manicure, costureira. Segundo o articulador regional do Sebrae, Alcides Marques, os microempreendedrores vêm registrando aumento crescente de participação no nascimento de empresas. "A região reflete essa tendência", disse. Os dados revelam que o setor de serviços atraiu a maior quantidade de novas empresas no primeiro semestre de 2014, com 557 mil de um total de 380 mil estabelecimentos.

Um bom exemplo da área de serviços vem de um salão de beleza, localizado no bairro Veneza. Marcina Matias se especializou no ramo, e trabalha como cabeleireira, montou um salão moderno. Exibe com orgulho o troféu que recebeu como empreendedora individual pelo Sebrae, em 2012, na categoria "Mulheres de Negócios".

"No começo não foi fácil, já trabalhei como doméstica e manicure. Indicaram para mim os cursos do Senac. Fiz e venho me profissionalizando ao longo desse tempo", observou Marcina. A atividade requer cursos permanentes, atualização das tendências e inovação. Ela lembrou que começou a atividade com apenas uma cadeira, um espelho e uma tesoura. Agora ao lado de sua casa, os clientes podem desfrutar de um salão moderno e bem equipado.



Veículo: Diário do Nordeste