Lojistas acreditam que brinquedo está perdendo espaço para eletrônicos

A venda de bicicletas no último Dia das Crianças confirmou as expectativas estabelecidas pelas principais entidades ligadas ao varejo, que previam que os pais gastariam menos para presentear os filhos neste ano. Em algumas lojas na capital mineira e região metropolitana a retração frente ao ano anterior chegou a alcançar 40%.

A Mop Bicicletas, na região da Savassi, esperava um desempenho semelhante ao de 2013. Porém, o cliente que normalmente lota os corredores do estabelecimento às vésperas da data comemorativa não apareceu. Com isso, o resultado foi queda de 40% sobre idêntico período do exercício passado. Para a gerente, Júlia Silva, o elevado custo do produto e a concorrência com os eletrônicos, sobretudo tablets e smartphones, foram os principais responsáveis pela diminuição das vendas.

Entretanto, a gerente mantém o otimismo e espera concluir 2014 com alta de 30% na comparação com o último ano. "As vendas em 2014 oscilaram bastante. Em alguns meses, os resultados superaram as expectativas e, em outros, ficaram muito abaixo do previsto. Eu ainda estou confiante e espero que o Natal consiga aquecer as vendas", afirma. Para atrair o consumidor, ela pretende oferecer brindes e condições mais flexíveis de pagamento.

Na Bike Zero, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o decréscimo foi de 30%. O gerente, Alexander de Souza, atribui a variação negativa ao elevado índice de endividamento do consumidor e a mudanças no comportamento das famílias. "Hoje, os pais já não têm mais tanto tempo para ensinar as crianças a usar a bicicleta e, por isso, preferem dar outros presentes", argumenta.

Estabilidade - A BH Bike, no bairro Santa Mônica (região da Pampulha), conseguiu repetir os índices de 2013. "A bicicleta é um presente caro e as pessoas, em geral, não estão com muito dinheiro para gastar", lamenta o proprietário, Joaquim Alves. Contudo, ele acredita que o crescimento do e-commerce, aliado ao pagamento do 13º salário e à proximidade do Natal, deve ajudar a intensificar o movimento na loja ao longo dos próximos meses.

Atualmente, cerca de 60% do faturamento da loja correspondem a vendas feitas pela internet, o que motiva a BH Bike a investir em mídias on-line, além de outros meios mais tradicionais de divulgação.

Quem também aposta em tecnologia para alavancar os negócios é a Ciclogiro, no bairro São Pedro (região Centro-Sul). Recentemente, investiu R$ 45 mil na reestruturação do seu portal de vendas, com o objetivo de ampliar a participação do e-commerce na receita e alcançar no Natal um desempenho superior ao do Dia das Crianças, quando foi registrada estabilidade sobre o ano passado.

O proprietário, Gustavo Trindade, recorda-se que, quando a loja começou a vender pela internet, há seis anos, 30% do faturamento correspondiam às vendas on-line. Hoje, este valor não ultrapassa os 10%, principalmente em função do avanço da concorrência, grande parte dela desleal, na visão de Trindade. A expectativa é que, com o novo portal, o percentual chegue a 20%.

Neste ano, a Ciclogiro projeta avanço modesto ante 2013, de 10%. "O nosso segmento está bastante aquecido em termos de mídia, o que tem ampliado o número deusuários de bicicleta. Mas esse novo comportamento ainda não se reflete substancialmente nas vendas da loja", analisa Trindade. Ele ainda salienta que o segmento também é diretamente afetado pela alta do dólar e pelo fraco desempenho da economia.



Veículo: Diário do Comércio - MG