Precipitações no Sul de Minas danificam lavouras e podem anular a fase da florada



A situação de alguns produtores de café do Sul de Minas, que já não era positiva devido aos impactos provocados pela seca atípica no primeiro trimestre deste ano, ficou ainda mais complicada com a chuva de granizo ocorrida na última semana de agosto nos municípios de Varginha, Três Corações, Elói Mendes, Carmo da Cachoeira e Boa Esperança. Além de provocar o desfolhamento do cafezal, a chuva de granizo interferiu na florada, fase que pode não acontecer nos cafezais atingidos, provocando prejuízos no volume do grão a ser colhido na safra 2015. Além disso, serão necessárias pulverizações para evitar a propagação de doenças, o que elevará os custos do produtor.

Segundo o engenheiro agrônomo Marcel Reis Naves, que é extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), escritório de Carmo da Cachoeira, os produtores atingidos pela chuva de granizo estão registrando perdas significativas. "Não é possível calcular o prejuízo total, que só será mensurado na colheita da safra em 2015, mas a área atingida dificilmente produzirá grandes volumes, já que a maioria dos cafezais também estava prejudicada pela seca. Além disso, com o desfolhamento, a planta concentra a energia para se recuperar, deixando de produzir uma alta florada", informa Naves.

Em Carmo da Cachoeira, a área destinada ao café é de 15 mil hectares, a estimativa inicial é de que entre 20% e 30% desta área tenha sido atingida pela chuva de granizo de forma moderada e 10% de forma grave. "Os cafeicultores mais atingidos terão um prejuízo considerável na safra 2014/15, com redução de pelo menos 20% na produtividade. Para este ano-safra, era esperada uma pequena recuperação com rendimento médio de 22 a 23 sacas de 60 quilos por hectare, ante as dez sacas colhidas em 2014. Mas com a chuva, as áreas mais atingidas devem colher em torno de 18 a 19 sacas por hectare".

Em Elói Mendes, a área atingida pela chuva de granizo foi de 80 hectares, de um total de 10 mil hectares cultivados no município. De acordo com o extensionista agropecuário da Emater-MG local, Cláudio Salim, o principal impacto da chuva será na florada, esperada para setembro. "O prejuízo no município foi mediano devido à área atingida ser pequena. Mas para os produtores envolvidos será significativo. O granizo retalhou as folhas e, com isso, a florada fica comprometida. O agravante para esta região é que, além da seca registrada no início de 2014, as chuvas ainda estão muito irregulares, prejudicando ainda mais o desenvolvimento dos cafezais", diz.

Pulverização - Em Varginha, os prejuízos causados pela chuva ainda serão calculados, mas, assim como nos demais municípios, a florada foi comprometida. Além disso, como as pedras de gelo machucam o cafeeiro, é necessário que os produtores pulverizem as lavouras para ajudar na recuperação.

"Estamos fazendo o levantamento para mensurar qual foi a área atingida. O que já sabemos é que muito produtores terão as perdas na produção em 2015 ampliadas. Além dos prejuízos causados pela seca, que foi rigorosa, a chuva de granizo desfolhou boa parte dos cafezais e será necessário pulverizar estas áreas, o que eleva ainda mais os custos de produção", ressalta o engenheiro agrônomo da Emater-MG local, Luiz Geraldo Marciano Rezende Reis.

Ainda segundo Reis, a região sempre é atingida por chuvas de granizo, o que vem aumentando os prejuízos dos produtores ano a ano.  comum ter este tipo de chuva na região de Varginha, o que enfraquece o cafezal e promove a perda da florada.

"A recomendação da Emater é que o produtor faça o tratamento fitossanitário necessário com acompanhamento de um agrônomo. A intervenção é fundamental, já que as pedras de gelo cortam os galhos e através dessas "feridas abertas" proliferam fungos e bactérias, podendo causar prejuízos ainda maiores", orienta Reis.




Veículo: Diário do Comércio - MG