Geral
01/09/2014 11:52 - Efeitos da deflação já atingem países da zona do euro
Por Brian Blackstone | The Wall Street Journal, de Frankfurt
A batalha da Europa para impedir que a inflação baixíssima desencoraje os investimentos das empresas, minando a frágil economia do continente, ficou mais dura com a queda dos preços ao consumidor em agosto para uma mínima de cinco anos.
Os dados divulgados na sexta-feira mantêm a pressão sobre o Banco Central Europeu para que adote medidas de estímulo mais fortes para impulsionar a demanda e a inflação, apenas alguns dias depois de o presidente do BCE, Mario Draghi, ter alertado sobre os riscos da redução das expectativas dos investidores sobre a alta dos preços ao consumidor.
Sua declaração foi considerada um indicativo de que o BCE está caminhando para uma compra em grande escala de dívida pública e privada, conhecida como afrouxamento quantitativo, em um momento em que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, está prestes a encerrar seu programa de estímulo.
A maioria dos analistas espera que o BCE evite tomar essa decisão na reunião de quinta-feira, mas alguns economistas preveem medidas menores de afrouxamento, como cortes de juros, para ressaltar a determinação do BCE em agir.
Os preços ao consumidor da zona do euro aumentaram 0,3% em agosto em relação a um ano antes, informou a agência de estatísticas da União Europeia. Em comparação a julho, houve queda de 0,4%. A taxa está muito abaixo da meta do BCE, de cerca de 2%.
Grande parte da queda deve-se aos preços de energia. Os preços subiram 0,9% ante julho quando excluídos alimentos, energia e outros itens voláteis. Isso reduz parte da urgência do BCE em agir ainda nesta semana.
Mesmo assim, a zona do euro está perto da deflação, de acordo com Stephen Cecchetti, professor da Universidade Brandeis, de Massachusetts.
Os efeitos da deflação já começaram a atingir vários membros da zona do euro, particularmente no sul da Europa. A queda da inflação na Espanha avançou para 0,5%. Na sexta-feira, a Itália divulgou seu primeiro recuo anual nos preços ao consumidor desde 1959, de 0,1%, baseado no índice nacional. Cinco dos 18 países da zona do euro registraram queda nos preços, segundo o BNP Paribas.
"O custo de produção está constantemente em alta", diz Giovanni Ferrero, diretor-presidente da italiana Ferrero International, fabricante do Nutella, Tic Tac e outros doces e chocolates. "É impensável esperar que os preços não possam cobrir os custos sem reduzir a geração de caixa, investimentos e empregos."
A ameaça de deflação é mais forte na Espanha, que possui uma dívida pública e privada equivalente a três vezes o seu Produto Interno Bruto.
"O ambiente está muito desafiador em termos de formação de preço", afirmou Alexandre Ricard, vice-diretor-presidente da fabricante de bebidas francesa Pernod Ricard.
Na quinta-feira, a Pernod informou que, apesar da pressão dos preços em meio à baixa inflação na Europa, a empresa conseguiu aumentar os preços de suas bebidas em uma média de 2% no ano fiscal encerrado em 30 de junho. Ricard prevê que em 2014-2015 a empresa não conseguirá mais elevar os preços nesse mesmo patamar.
A queda nos preços também é uma dor de cabeça para os presidentes dos bancos centrais. Combater a inflação elevada normalmente exige aumentos nas taxas de juros que acabam reduzindo o crescimento, mas é mais fácil para os bancos centrais explicarem o que estão fazendo. As pessoas sentem quando os preços sobem.
É mais difícil explicar a adoção de ferramentas incomuns como juros negativos ou compras de ativos para lutar contra o problema oposto: inflação muito baixa. Afinal, os bancos centrais buscam a inflação baixa - mas positiva. E as donas de casa se beneficiam dos preços baixos, principalmente dos itens que compõem grande parte de seu orçamento como alimentos e energia. As empresas são beneficiadas quando os preços de suprimentos e matérias-primas caem.
Mas, no longo prazo, preços muito baixos tendem a reduzir os investimentos das empresas e as contratações. A principal questão que a Europa enfrenta, dizem analistas, é sobre quanto tempo a inflação vai permanecer perto de zero. O desenrolar recente mais preocupante foi a estagnação da economia na zona do euro no último trimestre.
As autoridades do Fed mostraram preocupação sobre as ameaças de deflação no início da recuperação econômica, levando o banco central americano a comprar trilhões de dólares em títulos em um esforço para impulsionar a economia e protegê-la contra a deflação. Agora, as autoridades enfrentam a inflação que se mantém baixa, mas em níveis mais confortáveis.
Um indicador fundamental da inflação americana divulgado na sexta-feira pelo Departamento de Comércio mostrou que os preços cresceram apenas 1,6% em julho ante um ano antes. O resultado ficou bem abaixo da meta de inflação do Fed, de 2%, pelo 27º mês consecutivo, o que faz com que o Fed tenha muita cautela para elevar os juros, hoje próximos a zero.
O BCE tem afirmado que o afrouxamento quantitativo é uma opção, mas tem resistido a ele na expectativa de que a inflação suba gradualmente.
As expectativas de inflação são essenciais para saber se as quedas de preços temporárias e às vezes benéficas se transformarão em deflação, mais prejudicial.
Com o BCE tendo esperado tanto para adotar medidas mais ousadas, como a compra de títulos, a questão que pode surgir é "se já não é tarde demais", alertaram analistas do BNP Paribas. (Contribuíram Manuela Mesco, Ruth Bender e Neetha Mahadevan.)
Veículo: Valor Econômico
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