A procura por uma boa noite de sono elevou em 5% a produção de colchões no Brasil em 2013. Este ano, porém, o desaquecimento da economia pode diminuir em 2,7% o volume da indústria. Essa pode ser a primeira queda nos últimos três anos. Para driblar esse cenário, a Anjos Colchões e a Berflex apostam na expansão regional, com a abertura de fábrica, franquias e a ampliação dos canais de distribuição.

"O mercado vinha crescendo muito, um ponto fora da curva", afirma o diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), Marcelo Prado. "Porém, nos últimos dois anos o quadro começou a mudar em função do cenário econômico do Brasil, marcado por fatores como a alta dos juros e a dificuldade de acesso ao crédito", explica o analista.

A conjuntura desfavorável fez a consultoria projetar queda de 2,7% na produção em 2014 sobre um ano antes, para 34,3 milhões de unidades. Apesar da retração no volume, o faturamento pode crescer 5,2%, somando R$ 7,302 bilhões ante 2013.

"Os novos modelos de colchão estão saindo das fábricas com um valor agregado maior", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Colchões (Abicol), Luiz Fernando Ferraz. A entidade, ao contrário do Iemi, aposta em bons resultados este ano. "Houve uma pequena diminuição no consumo devido ao efeito Copa do Mundo. Entretanto, o segundo semestre será excelente", afirma.

A Abicol prevê alta de até 15% no faturamento em 2014, mas ressalta que os resultados de junho e julho podem mudar essa estimativa. "As grandes empresas do setor estão crescendo acima do mercado. Elas estão chegando em novas regiões e levando suas fábricas para os locais", afirma o diretor do Iemi, Marcelo Prado.

A paranaense Anjos Colchões, do Grupo Anjos do Brasil, integra esse grupo. A empresa investirá R$ 10 milhões para instalar uma fábrica no Nordeste. Atualmente, a companhia conta com duas unidades de produção, uma no Paraná e outra em São Paulo.

"O endereço da nova unidade será definido até o início de 2015, mas é quase certa sua instalação no estado da Paraíba", explica o proprietário da Anjos do Brasil, Claudinei dos Santos, ao DCI.

Segundo o executivo, o estado da Paraíba foi escolhido pela sua boa localização. "Fica no meio de Salvador [BA] e Fortaleza [CE], o que ajuda na logística", completa.

Daqui a cinco anos, a unidade responderá por 15 mil das 70 mil unidades de colchões que serão fabricadas por mês pela empresa. "Produzimos 30 mil unidades por mês em 2013, e acreditamos em alta de 15% este ano, na produção e nas vendas", afirma Santos.

A companhia também deseja terminar 2014 próximo a 70 lojas, entre próprias e franqueadas. São 51 até este momento. A empresa também vende para varejistas, como a Casas Bahia e Marabraz. Em 2013, o faturamento da Anjos alcançou R$ 130 milhões.

Outra empresa com planos de expansão é a catarinense Berflex, do Grupo Berlanda - uma das maiores redes de varejo de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos de Santa Catarina. A companhia pretende expandir a presença no Rio Grande do Sul e entrar no mercado do Paraná.

"Essa expansão pode duplicar nossa produção e faturamento", explica o diretor industrial do Grupo Berlanda, Jorge Sauer. Em 2013, a Berflex produziu 50 mil unidades de colchões, enquanto o faturamento atingiu R$ 15 milhões. "Apostamos em alta de 30% na produção em 2014. Por outro lado, o faturamento deve ser um pouco superior por conta de um item novo com valor agregado maior", acrescenta o executivo.

Veículo: DCI