Saca, vendida a R$ 281 em 2 janeiro, foi cotada em R$ 422 em 22 de agosto




O avanço da colheita da safra 2014 de café vem confirmando as perdas em produtividade, provocada pela estiagem atípica registrada nos primeiros meses do ano. A estimativa do segmento é de que a oferta fique em torno de 20% inferior na safra atual em Minas Gerais, o que tem alavancado os preços do café no mercado e contribuído para minimizar o prejuízo dos cafeicultores. De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a cotação do café acumula alta de 50,17%, entre 2 de janeiro e 22 de agosto, e a tendência é de manutenção dos preços em patamares elevados, já que as conseqüências da seca se estendem para 2015.

Segundo a Fundação Procafé, Minas Gerais, principal Estado produtor de café do Brasil, deverá ter uma redução de pelo menos 22% na safra, com a produção variando entre 19,77 milhões e 20,97 milhões de sacas. Antes da interferência negativa do clima, a expectativa era colher entre 25,8 milhões e 27,4 milhões de sacas de 60 quilos.

Em relação aos preços, os dados do Cepea mostram que a saca de 60 quilos de café que em 2 de janeiro de 2014 estava avaliada a R$ 281,72 foi negociada em 22 de agosto a R$ 422, uma elevação de 50,17%, o que foi suficiente para cobrir os custos de produção. Em agosto de 2013, a média de preços era de R$ 286,17, o que representa um ganho de 47,55% em igual mês de 2014.

No Sul de Minas, no dia 22 de agosto, a saca de 60 quilos foi negociada a R$ 443, valor 54,35% maior que os R$ 287 observados no início de janeiro. Alta também foi observada no Alto Paranaíba, região produtora do café do Cerrado, com a saca avaliada a R$ 400, em 22 de agosto, frente aos R$ 285 pagos em janeiro, incremento de 39,37%.

De acordo com o assessor especial de café da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Niwton Moraes, com a confirmação das perdas os preços do café apresentaram um melhora expressiva.

"Com a colheita do café em Minas Gerais caminhando para o encerramento, tivemos a confirmação das perdas expressivas no volume a ser destinado ao mercado em decorrência da seca que atingiu as áreas nos primeiros três meses do ano. Agora, os dados são uma comprovação segura de que a produção realmente será menor que a prevista no início da safra, e antes trabalhávamos somente com estimativas, o que provocava muita especulação e variações de preços. Com os dados mais seguros, os preços do café estão em alta", conclui.

Tecnologia - Em relação ao valor pago pelo grão, Moraes acredita que o preço é lucrativo para os produtores que investem em tecnologias que permitem a ampliação da produtividade e minimizam os efeitos do clima.

"O preço praticado atualmente é bom para alguns que, por condições tecnológicas, como o uso da irrigação, ou por localização privilegiada, como o Cerrado, conseguiram minimizar os efeitos da seca e estão recebendo valores acima dos custos. Para os demais cafeicultores, o preço atual é suficiente para neutralizar as perdas, já que estes não têm volume expressivo para comercializar e lucrar com a atividade", explicou Morais.

A expectativa é que os preços se mantenham nos patamares atuais ao longo dos próximos meses. "Após a seca, as plantas levam um período maior para se recuperar. Por isso, já contamos com prejuízos para a safra de 2015, o que acaba impactando no preço. Prever o que acontecerá no futuro é temeroso, porém, a tendência é que não sejam registradas grandes variações nos preços do café", afirmou Moraes.



Veículo: Diário do Comércio - MG