A indústria de pneumáticos está preocupada com o desempenho da categoria de pneus de passeio em 2015. Na avaliação de profissionais do setor, a retração nas vendas de novos automóveis e comerciais leves pode afetar ainda mais os negócios no mercado original (montadoras) e até no de after market (reposição).

O último estudo realizado pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) aponta alta de 11,4% nas vendas de pneus de passeio no after market entre janeiro e julho ante igual período do ano passado, para 12,602 milhões de unidades.

Por outro lado, as vendas para o mercado original caíram 21,1%, para 6,09 milhões no mesmo intervalo de comparação. "Quando ocorre queda nas vendas de automóveis novos, o mercado de reposição cresce, pois as pessoas compram pneus para atualizar o que está velho", explica o presidente da Anip, Alberto Mayer, ao DCI. "Por isso, como tivemos um primeiro semestre razoavelmente bom no segmento de reposição, a queda nas vendas de pneus para as montadoras foi compensada", acrescenta o executivo.

Mas a manutenção do cenário, de queda nas vendas de automóveis novos e de pneus para montadoras, pode surtir um efeito negativo no curto e médio prazo até no segmento de reposição.

"O futuro é preocupante, pois daqui a um ano e meio as vendas de pneus para veículos de passeio no mercado de reposição podem ser comprometidas em função da queda na quantidade de novos veículos, o que reduziria o avanço do setor", enfatiza o executivo.

Mesmo assim, a Dunlop tenta manter uma visão otimista para o próximo ano, apesar de não esconder as dificuldades atuais. "Nós preferimos pensar que o mercado irá reagir", afirma o gerente de vendas e marketing da Dunlop Pneus, Renato Barolli.

De acordo com o executivo, as vendas foram prejudicadas entre maio e julho pela desaceleração da atividade econômica durante a Copa do Mundo, mas o segundo semestre de 2014 pode ser melhor. "As pessoas precisam comprar. Quando você dá uma volta pela cidade percebe que os pneus estão careca'", enfatiza Barolli.

Enquanto a reação não vem, a fabricante tenta administrar seus estoques, acima do ideal. "Eles estão altos, mas não podemos transferir para os revendedores".

Atualmente, os estoques giram em torno de 60 a 75 dias. O ideal, segundo Barolli, seria de 30 a 40 dias. "Na indústria eles devem estar 15 dias de produção superior ao normal", diz Mayer da Anip.

Hoje a Dunlop, integrante do grupo japonês Sumitomo Rubber Industries, vende apenas para o mercado de reposição, mas já fechou contratos com algumas montadoras. As primeiras vendas devem acontecer no fim de 2014.

"O crescimento do mercado de reposição está voltado, em boa parte, no canal de supermercado, com o qual nós não trabalhamos devido ao valor agregado menor. Os revendedores, por outro lado, também estão sofrendo com a fraca demanda", afirma Barolli.

No ano passado, a companhia voltou a investir no mercado de pneus com a instalação de uma nova fábrica no País. "Fechamos o ano passado com a fabricação de 100 mil pneus". Já entre janeiro e julho de 2014, a Dunlop produziu 600 mil pneus. A empresa fabrica 4,5 mil unidades por dia.

Para este ano, a Anip aposta em uma estabilidade na produção e nas vendas de pneus em geral, englobando os pneus de carga, camioneta, duas rodas, agrícolas, industriais e de passeio. Assim o setor deve repetir os 68,8 milhões produzidos em 2013 e os 72,6 milhões vendidos. No início de 2014, a Anip apostava em alta de 2,5%



Veículo: DCI