A tendência é que 2014 mostre trajetória de desaceleração do ritmo de crescimento que vinha sendo comemorado



Raíssa Ebrahim



Dinamismo, resistência e ousadia compõem o tripé a ser perseguido pelo mercado têxtil do Brasil daqui para frente. O cenário macroeconômico, com queda da produção industrial e do consumo e alta da inadimplência, atingiu também o setor nacional de vestuário e acessórios. A tendência é que 2014 imprima uma trajetória de desaceleração do ritmo de crescimento que vinha sendo comemorado – puxado, sobretudo, pelo aumento dos gastos das famílias e pelo crédito mais farto. Clique na imagem para ampliar o infográfico.

Quem tem um grande negócio, de produção própria, com vários canais de distribuição, irá sentir menos o impacto. Mas aqueles pequenos industriais e os que entraram no negócio há pouco tempo – como é o caso de muitos empresários do Polo de Confecções do Agreste – certamente enfrentarão mais dificuldades. A análise é de Marcelo Prado, ex-consultor da ONU e sócio-diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), referência nacional. Ele esteve em Caruaru nesta semana palestrando na 18ª Rodada de Negócios da Moda Pernambucana.

O aumento do nível das importações, vindas principalmente da Ásia, ainda faz mais peso. A projeção é que, em 2020, o Brasil importe cerca de 20% do que consome em vestuário e acessórios. As grandes redes internacionais passaram a trazer cada vez mais produtos, tendências e inovações, com destaque para o fast fashion. Para competir, o fornecedor local precisa agregar velocidade à sua criação e produção, respondendo rapidamente às demandas internas. Prado também ressalta que o padrão que antes apenas nacionalizava tendências europeias e norte-americanas e era vendido no Brasil como inovação foi substituído pelo padrão europeu de produção asiática, com sistemas altamente avançados, que entregam o produto a todo o mundo com muito mais velocidade.

Na visão do consultor, para driblar a conjuntura é preciso pensar por partes e de forma estratégica. Ele elenca quatro possibilidades possíveis, nesta ordem de complexidade e, portanto, de execução: primeiro pensar em que novos mercados regionais é possível investir. Depois avaliar a possibilidade de novas formas de comercialização – explorando novos canais de distribuição, incluindo os online e os corpo a corpo. Seguido de novos nichos e segmentos de consumidores. E, por fim, cogitar fabricar e vender novos tipos de produtos.



Veículo: Jornal do Commercio - PE