Maior endividamento das pessoas está entre os principais responsáveis pela desaceleração dos negócios

Mara Bianchetti

A produção e a comercialização de itens da linha branca estão sendo prejudicadas pelo desaquecimento econômico brasileiro. Enquanto a indústria busca novos nichos para driblar o mau momento e manter em alta os índices registrados na primeira metade do exercício, o comércio reduziu o otimismo e espera crescimento modesto em 2014 quando comparado com os anos anteriores.

Segundo os empresários do setor, fatores como a alta dos preços e a conseqüente redução do poder de compra dos consumidores e o maior endividamento das pessoas estão entre os principais responsáveis pela desaceleração das vendas.

De acordo com o diretor-presidente da Suggar Eletrodomésticos, com planta no Distrito Industrial de Olhos D"Água, na região do Barreiro, José Lúcio Costa, é possível observar uma mudança no comportamento dos consumidores. Conforme ele, neste momento de desaceleração tem sido registrada baixa nas vendas de produtos de maior valor agregado, enquanto os itens mais populares aparecem com maior saída.

"Na Cook Eletroraro, por exemplo, onde temos produtos mais sofisticados, podemos observar os impactos com maior expressão. Junto aos itens mais populares o recuo das vendas não está tão forte. As vendas dos chamados tanquinhos continuam em alta", diz.

Ele atribui o fato justamente à corrosão no poder de compra das pessoas. Já o motivo que estariam amenizando os efeitos da desaceleração econômica junto à empresa diz respeito à importação dos produtos. "Dos 154 itens que comercializamos com a marca Suggar, apenas nove são fabricados no país. O restante vem da China", lembra.

Diante disso, conforme o empresário, os negócios aumentaram 26% nos primeiros sete meses de 2014. E a previsão é de encerrar o exercício com crescimento da ordem de 20% sobre 2013. "Sabemos que a maior parte dos setores está com impacto negativo da desaceleração. Mas o foco nos produtos mais populares está ajudando a manter o ritmo na Suggar", justifica.

Eletrozema - No varejo, a rede Eletrozema, com sede em Araxá, no Alto Paranaíba, vem observando desaceleração dos níveis de comercialização desde o início do ano. De acordo com o diretor-geral da empresa, Romeu Zema, para se ter uma ideia, em janeiro foi registrada alta de 23% dos negócios em relação ao mesmo mês de 2013. Já em julho, o crescimento na mesma base de comparação foi de apenas 5,5%.

"Continuamos com taxas positivas, mas bem inferiores às que existiam no início do ano. São vários os fatores que têm causado essa situação, como a redução do poder de compra e o maior endividamento das famílias, que têm feito com que as famílias não tenham mais margens para novos financiamentos e aquisições", explica.

Segundo Zema, caso a desaceleração continue neste ritmo, em poucos meses o resultado estará negativo. No entanto, as expectativas estão voltadas para o tradicional aumento das vendas proporcionado pelo Natal - melhor data para o comércio varejista. "Esperamos pelo menos aumento entre 5% e 7% ao final deste ano sobre 2013", pondera.

Veículo: Diário do Comércio - MG