Há 3 meses sem receber pedidos em grande escala do varejo, polo de Nova Serrana prevê um 2014 sem crescimento

A redução do consumo já não é mais um problema só das famílias. Já passou pelo comércio e agora chega à produção. Prova disso é que as fábricas instaladas no polo calçadista de Nova Serrana, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, estão há cerca de três meses sem receber pedidos em grande escala do varejo. Diante da situação, a expectativa é que tanto a produção quanto o faturamento das empresas locais neste ano fiquem em igual patamar dos registrados em 2013.

De acordo com o presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria do Calçado de Nova Serrana (Sindinova), Pedro Gomes da Silva, nos últimos 15 dias até foi registrado um ligeiro aquecimento nas encomendas, mas nada que pudesse reverter a situação vivida pelo Arranjo Produtivo Local (APL).

"Os pedidos ainda estão muito distantes da realidade. Nos últimos meses do primeiro semestre há um aquecimento nas vendas para atender demanda de período de férias e reposição de estoques para o inverno. Desta vez, nada disso ocorreu", lamenta.

A expectativa, segundo ele, é que a situação se normalize a partir de agosto. O otimismo se deve ao fim da realização da Copa do Mundo e ao início das encomendas do fim do ano. "Por enquanto as atenções estão voltadas para os jogos de futebol. Depois que acabarem as partidas, acredito que será possível voltar a trabalhar no patamar original", explica.


Endividamento - Inclusive, ele acredita que a própria tendência de redução do consumo poderá ser revertida nos próximos meses. Isso porque, com a proximidade do fim do ano, as pessoas tendem a quitar suas dívidas de forma a recuperarem seu crédito na praça e ter a possibilidade de voltar a consumir para o Natal. " fato que o endividamento é um dos fatores que está limitando o consumo das pessoas, mas daqui a pouco elas mesmas buscarão a regularização de seus débitos", prevê.

Silva afirma ainda que, tradicionalmente, a segunda metade do exercício é mais aquecida do que a primeira, em termos de vendas, justamente em função dos pedidos para a indústria calçadista referentes ao Natal - considerada a principal data para o comércio varejista.

"Neste ano, porém, por melhor que sejam, nossos resultados ainda empatarão com os obtidos no ano passado, pois o primeiro semestre foi realmente muito ruim", avalia o dirigente.

No ano passado o volume de vendas das empresas do polo calçadista já se manteve praticamente nos mesmos patamares de 2012, de 105 milhões de pares de calçados. No entanto, o faturamento aumentou. Conforme já publicado, somente o setor calçadista de Nova Serrana, que reúne 830 das 1,2 mil empresas do polo, recolheu cerca de R$ 69,8 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) para o Estado, superando o resultado de 2012, que foi de aproximadamente R$ 62 milhões.

O APL reúne cerca de 1,2 mil empresas calçadistas em 12 municípios do Centro-Oeste mineiro: Nova Serrana, Bom Despacho, Pitangui, Divinópolis, Leandro Ferreira, São Gonçalo do Pará, Perdigão, Araújo, Pará de Minas, Conceição do Pará, Igaratinga e Onça do Pitangui, que produzem cerca de 100 milhões de pares ao ano, gerando mais de 20 mil empregos diretos e 22 mil indiretos.



Veículo: Diário do Comércio - MG