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30/06/2014 12:01 - Cravando os dentes no mercado de leite no Brasil

Se não for por seu desempenho em campo, a seleção do Uruguai entrará para a crônica desta Copa do Mundo pelo cardápio exótico, que incluiu até o ombro de um jogador italiano, onde o atacante Luis Suárez cravou os dentes e os quase 40 quilos de doce de leite trazidos pelo time - apreendidos ao chegar pela vigilância sanitária.

Assim como o time da Colômbia, os produtores brasileiros de lácteos mostraram ter uma barreira eficiente contra a ofensiva adversária. Mesmo jogando na retranca, porém, o Brasil tem um déficit histórico no comércio de leite e derivados. O investimento estrangeiro poderia ajudar a virar esse resultado.

"O desafio para o Brasil é como modernizar a bacia leiteira, e quanto tempo isso vai demorar", avalia Alex Turnbull, diretor-gerente para a América Latina da gigante neo-zelandesa Fonterra, a maior cooperativa mundial de leite. A Fonterra, que controla a segunda maior empresa chilena do setor, a Soprole, surpreendeu os especialistas em maio ao anunciar mudanças na sociedade com a Nestlé, a Dairy Partners América (DPA), em que ambas atuavam juntas no mercado regional.

País tem déficit histórico no comércio de leite e derivados


Na prática, a empresa neo-zelandesa ficou com as operações da DPA na Venezuela, onde é grande fornecedor dos programas de alimentos oficiais, e manteve a parceria com a Nestlé apenas no Brasil. A Nestlé ficou com as operações de compra dos produtores para fabricação de leite em pó, e a Fonterra, com 51% da DPA, aposta no mercado de produtos refrigerados e líquidos, com atuação principalmente em São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco.

"Quando fizemos a DPA em 2003, a ideia era ter no Brasil uma grande fonte de leite para fazer produtos elaborados", lembra Turnbull, que morou dez anos no Brasil, tem esposa brasileira e fala português fluente. Ele insiste que a mudança na DPA não foi um rompimento com a Nestlé, e argumenta que ela refletiu a prioridade conferida ao mercado brasileiro.

Além de manter marcas de tradição e demanda sólida, como Ninho, Chambinho e Molico, a Fonterra quer aproveitar o controle gerencial que tem na DPA para trazer inovação e suporte técnico e tem planos de dar ênfase a produtos de maior valor, como iogurte. "Passamos de uma fase em que tivemos muito foco em ingredientes, como leite em pó, óleo, manteiga, e agora queremos estar mais fortes com marcas mais próximas ao consumidor final", explica.

O mercado brasileiro, de 200 milhões de pessoas e a perspectiva de uma nova classe média capaz de ampliar o consumo de alimentos mais sofisticados, é um motivo óbvio para a aposta no Brasil. Mas a Fonterra segue também uma tendência entre empresas da pequena Nova Zelândia de buscar novos locais de atuação de subsidiárias, para servir de base a suas operações voltadas ao mercado externo.

Não há mais lugar para botar vacas no território neo-zelandês, dizem as autoridades do país. E estão aumentando o plantel fora. Em lugares como... o Chile, que, nessa disputa, entra em campo com vantagens sobre o Brasil.

Há produtores investindo e obtendo alta eficiência na produção de leite no Brasil, e eles tendem a aumentar de número, diz Turnbull. Ele lamenta, porém, ter visto frustradas suas expectativas de produção de leite no Brasil. "Ainda não temos o volume que apostávamos ter em 2003, para exportar", afirma.

"O custo brasileiro não frustra só o empresário, frustra o governo, porque não se aproveita o potencial enorme do país", argumenta, lamentando que, ao defender investimentos na região, junto ao conselho da empresa, as dificuldades em fazer negócio com o Brasil pesem desfavoravelmente. No Chile, com apenas 16 milhões de habitantes, as vendas da empresa são quase o dobro do que no Brasil.

"No Chile, há toda tecnologia que temos na Nova Zelândia, o imposto sobre produtos lácteos é quase zero; temos acordo de livre comércio e investimentos fluem", lista ele. No Brasil, a inflação alta dificulta os cálculos de rentabilidade dos programas de inovação e as vendas vêm enfrentando maior dificuldade, nos últimos dois anos, afirma o executivo, que se queixa também da excruciante burocracia brasileira. "A sorte do Brasil é seu mercado interno; tão grande que é difícil ignorar", comenta.

Às voltas com deterioração crescente das contas externas, a estagnação no nível geral de investimentos e a perda de competitividade de seu parque exportador, o Brasil já notou que ter um atrativo mercado interno não é suficiente para as ambições do país.

No mercado de leite, como no de automóveis, se quiser disputar para vencer na arena internacional, terá de tomar as medidas para superar a frustração de executivos como Turnbull. Dispostos a apostar no país, mas incomodados, porque nesse campo os brasileiros não andam jogando tudo o que poderiam.

Sergio Leo é jornalista e especialista em relações internacionais pela UnB. É autor do livro "Ascensão e Queda do Império X", lançado em 2014. Escreve às segundas-feiras

E-mail: sergioleo.valor@gmail.com

O colunista viajou à Nova Zelândia a convite do Ministério de Assuntos Exteriores



Veículo: Valor Econômico

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