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25/06/2014 11:57 - Varejos de Porto Alegre faturam com os argentinos

Os argentinos começaram a chegar em Porto Alegre a tempo de recepcionar a seleção do país, que desembarcou segunda-feira à noite para enfrentar a Nigéria hoje pela Copa do Mundo. Ontem já eram vistos em grandes grupos no entorno do estádio Beira-Rio. Na média, eles chegam com menos dinheiro para gastar do que os holandeses, franceses, australianos, coreanos, argelinos e hondurenhos, que já passaram pela cidade desde o início da competição, mas a quantidade de torcedores é tão superior que promete bons lucros para o comércio e os serviços locais.

A estimativa da Secretaria da Segurança do Estado é que 80 mil visitantes do país vizinho estarão em Porto Alegre nesta quarta-feira. Destes, 20 mil têm ingressos para o jogo e os demais vão se espalhar entre bares, restaurantes e a Fan Fest da Fifa, onde a prefeitura instalou um telão extra para dar conta do movimento que deve superar o recorde de 45 mil pessoas registrado ao longo do último domingo. Até então, o maior número de estrangeiros na cidade devido à Copa havia sido de 20 mil australianos e 6 mil holandeses para o jogo entre Austrália e Holanda, na quarta-feira da semana passada.

Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Gustavo Schifino, os argentinos devem gastar R$ 72 milhões durante a estadia em Porto Alegre, sendo um terço no varejo e dois terços em bares, restaurantes e hotéis. Para os cinco jogos da Copa na cidade, a entidade projeta que os turistas de todas as nacionalidades deixarão R$ 300 milhões na economia local, divididos na mesma proporção entre os segmentos.

O gasto médio diário de cada argentino em Porto Alegre deve ficar em torno de R$ 300, excluídas as despesas de viagem e com aquisição de ingressos. Já os visitantes anteriores gastaram R$ 567 per capita por dia, calcula a CDL. A razão, de acordo com Schifino, é que para se deslocar da Argentina a Porto Alegre os torcedores não precisam de uma renda tão alta quanto à renda de europeus ou australianos.

Além disso, por serem vizinhos, eles não serão surpreendidos pelas temperaturas mais baixas da cidade e não devem correr para comprar agasalhos, mantas, luvas e botas como fizeram os turistas que os antecederam. "Eles devem levar produtos mais baratos, como lembranças locais e artigos esportivos, e gastar mais em comida e bebida", diz Schifino.

A CDL trabalha com uma estimativa de 60 mil argentinos na cidade. Conforme a Polícia Federal, 19,7 mil ingressaram no Rio Grande do Sul de sexta-feira até o fim da tarde de ontem (terça). No entanto, muitos deveriam viajar ainda durante a noite e mais de 20 voos charter originários da Argentina estão previstos para pousar no aeroporto Salgado Filho entre a meia-noite e as 6 horas desta quarta-feira.

Até ontem, 15 "barra bravas" (torcedores com histórico de violência em estádios de futebol) e dois acompanhantes foram impedidos de entrar no Estado pela PF. Para garantir a tranquilidade no jogo, a Brigada Militar reforçará a segurança no interior do Beira-Rio.

Os argentinos também deverão permanecer "alguns dias a mais" na cidade do que os turistas anteriores, diz o presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa), Henry Chmelnitsky.

Hoje, a taxa de ocupação dos quase 12 mil leitos de hotéis locais está em 80%, ante a média de 65% a 70% nos jogos anteriores e os 40% a 45% registrados nos meses de junho em que não há grandes eventos, informou Chmelnitsky.

O perfil dos hóspedes argentinos é variado. Há desde hotéis de quatro e cinco estrelas lotados, assim como estabelecimentos intermediários, albergues e pousadas, além de pessoas que receberam amigos do país vizinho em suas casas.

Para comer e beber, além dos bares de alguns bairros como Cidade Baixa, Moinhos de Vento e Centro, que já tiveram altas de 35% no faturamento nos outros dias de jogos e esperam pelo menos repetir a dose agora, os argentinos devem procurar churrascarias e 'galeterias', prevê o presidente do Sindpoa. A prefeitura também abriu mil vagas para campistas no Parque da Harmonia, no centro, acrescenta o vice-prefeito Sebastião Melo.



Veículo: Valor Econômico

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