Com quase R$ 54 milhões em patrocínios, o Carnaval de Salvador vai ser lucrativo pela primeira vez em sua história, informou ao Valor a prefeitura da capital baiana. O montante, mais de três vezes superior ao arrecadado em 2013, é resultado de uma estratégia de venda casada, pela qual os clientes que adquirem as cotas ganham o direito de patrocinar outros eventos no decorrer do ano.

Também pela primeira vez, o carnaval soteropolitano vai ser patrocinado por duas cervejarias. A Petrópolis, dona da marca Itaipava, fica com o circuito Barra-Ondina, enquanto que a Kirin Brasil, proprietária da Schin, terá o circuito do Campo Grande.

O secretário municipal de Turismo de Salvador, Guilherme Bellintani, disse que cada cervejaria vai desembolsar R$ 10 milhões, cifra que vai se somar a R$ 8,1 milhões da operadora Net, R$ 7 milhões da Petrobras, R$ 4,2 milhões do Itaú e cerca de R$ 4 milhões do governo do Estado da Bahia.

No caso da NET, ressalta o secretário, o patrocínio não será pago em dinheiro. "Vamos ter o equivalente a R$ 5 milhões em espaços para anúncios nos canais da empresa, que também vai disponibilizar R$ 3,1 milhões em serviços de televisão e internet em várias escolas municipais", disse Bellintani.

Ao todo, o montante supera de longe os R$ 17 milhões arrecadados no ano passado. As cotas vendidas, no entanto, contemplam também outros eventos previstos para este ano na capital baiana, como o Festival da Cidade, o Festival Internacional de Música e o réveillon, entre outros.

"O carnaval era vendido de forma isolada. Agora estamos adotando essa venda casada, que gerou resultados extremamente positivos", disse o secretário, ao registrar que será a primeira vez na história que a festa será superavitária.

Em 2013, segundo ele, a arrecadação passou longe do custo do carnaval, que ficou em R$ 30 milhões. A diferença foi bancada pela prefeitura. O orçamento para este ano prevê custo total um pouco menor, de R$ 28 milhões. Bellintani registra que os demais eventos oferecidos aos patrocinadores no pacote levantaram valores ínfimos de patrocínio em anos anteriores.

Estreante na festa baiana, a cervejaria Petrópolis vai dividir com a rival Kirin Brasil o patrocínio do carnaval. Além dos R$ 10 milhões referentes às cotas propriamente ditas, as duas empresas vão gastar algo em torno de R$ 5 milhões cada uma em toda a estrutura de divulgação e de vendas.

O diretor de mercado da Petrópolis, Douglas Costa, disse não ver problemas na presença da cervejaria rival. "São dois circuitos segregados e aportar nos dois seria caro. Acho que as duas empresas podem conviver perfeitamente", disse.

De olho no mercado nordestino, a Petrópolis "paquerou" o carnaval de Salvador em 2012, quando patrocinou alguns blocos e trios. Com a fábrica de Alagoinhas (a 120 km da capital) funcionando, o grupo decidiu entrar com força na disputa pelo consumidor baiano. A fábrica de Pernambuco, na cidade de Itapissuma, deve ficar pronta somente em abril, motivo pelo qual a Petrópolis ainda não vai entrar no Carnaval do Recife.



Veículo: Valor Econômico